No dia 10 de dezembro de 2015 Ken
Wilber falou para os brasileiros em videoconferência. 1400 pessoas se
inscreveram no evento. Ary Rainsford (tradutor de Wilber) e Marcelo Curi
(inovador social), conduziram a entrevista de uma hora e 20 minutos. Em seus
caminhos evolutivos e espirituais, ambos se motivaram com o pensamento de
Wilber.
Ken Wilber discorreu sobre os
diversos estágios de desenvolvimento da pessoa. Há dados empíricos que atestam
esses estágios e evidências poderosas de sua existência. No primeiro estágio há
uma indiferenciação do corpo com o ambiente. No segundo estágio a criança se
diferencia do ambiente físico e surge o pensamento mágico e impulsivo. No
terceiro estágio há o reconhecimento da identidade do organismo individual
separado do ambiente e manifesta-se o medo de estar isolado. (Aí começaria a
fantasia da separatividade, na visão de Pierre Weil.) Busca-se segurança e
poder, é uma fase egocêntrica. (Esses estágios de desenvolvimento têm relação
com os chacras e seus níveis, conhecidos na cosmovisão hindu dos vedas).
No quarto estágio há uma mudança
significativa, quando a criança aprende a ver o mundo através dos olhos de
outras pessoas. É um estágio centrado no grupo, etnocêntrico. Dá motivos ao
fundamentalismo religioso, à coerção e até à tortura para se impor a verdade
daqueles que acreditam em algo (o nós x eles, os infiéis e os não crentes). É
um estágio mítico-literal; acredita-se que a Bíblia é absolutamente verdadeira,
acredita-se no reino dos céus e que, na Terra, deve-se obedecer às leis de
Deus. Lei e ordem são relevantes e não se valoriza a mudança.
A partir do quinto estágio
valoriza-se a mudança. Toma-se distância da identificação com crenças e
passa-se a considerar a importância de todos os seres humanos. É mundocentrico.
É um estágio racional, científico, que valoriza o progresso e que entra em
conflito com a fase mítica e religiosa. Nesse estágio busca-se a realização, a
autoestima, a conquista individual, a Renascença. Valoriza-se o progresso, a
visão de mundo moderna, a excelência, o empreendedorismo, com a compra, venda,
o lucro, a riqueza material na Terra. Passa-se do estágio pré-moderno para o
moderno, valorizam-se as ciências naturais, humanas e sociais, testa-se uma hipótese
para se comprovar se é ou não verdadeira. Durou entre 100 e 200 anos. Na
batalha entre ciência e religião, a ciência venceu, compreendem-se as leis da
física e da engenharia. (A ciência, para alguns, passa a ser uma nova religião
com seus dogmas de verdade absoluta).
Ordem e progresso são valores
pertencentes a esses dois estágios em conflito, antagonistas, e que não
acreditam nas mesmas coisas. Essa
contradição está herdada na bandeira do Brasil. O amor, que era o princípio no
lema positivista de Auguste Comte e deveria estar no comando, foi retirado do
lema na bandeira brasileira.
O pluralismo, o pós-moderno
vieram depois da era do iluminismo ocidental, com o reconhecimento das
numerosas culturas diferentes, seus valores, desejos, metas e características.
No estágio seguinte, integral, se
reconhece a importância de todos os estágios anteriores e a existência de algum
nível de verdade neles. . É um estágio novo e importante que cresce nos últimos
20 anos. 5% da população mundial se encontram nesse estágio. Pela primeira vez
temos esse entendimento, o que é encorajador. Entra-se numa nova era na
história humana, que nunca existiu antes. Há hoje um alto desenvolvimento
cognitivo que enxerga os padrões de conexão de várias culturas numa humanidade
única e integral (Aqui, Ken Wilber retoma a ideia presente na yoga integral de
Sri Aurobindo).
Há forte senso de crescimento e
desenvolvimento dos seres humanos em direção ao amor, ao cuidado, e no sentido
inverso da regressão estreita, menor, corrupta, criminosa. Como sociedade,
nação ou país, ressalta-se o poder das ideias para convergir, harmonizar, criar
simpatia e cuidado. Em cada estágio mais alto de desenvolvimento amplia-se a
capacidade de amar, do cuidado e da compaixão. Evolui-se do amor egoísta
individual ao etnocêntrico (o grupo amado, a família, o clã). O amor se expande
do eu (ego) para o nós (etno) e para todos nós, incluindo todos os seres
humanos. (Mundocentrico). Catástrofes e problemas globais físicos precisam de
pensamento global e soluções aparecem para se lidar com esses problemas. Wilber
afirma que no mundo atual há duas forças em diferentes direções, uma voltada
para o individual e seu grupo e outra voltada para o cosmopolita, o planetário.
Há possibilidade de nos matarmos ou de evoluirmos em termos religiosos,
tecnológicos, políticos e a abordagem integral promete facilitar tal evolução.
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