Os geólogos e cientistas da
natureza constataram que a presença humana deixa marcas duradouras sobre os
registros geológicos e concebem um novo período na historia da Terra, o
antropoceno, no qual o ser humano tem um
papel fundamental.
Por seu lado, a ecologia, que se
originou nas ciências biológicas, se desdobra em inúmeros campos que
crescentemente estudam a presença humana, tais como a ecologia humana, a
ecologia cultural, a ecologia social, a ecologia urbana, a ecologia industrial,
bem como um outro tanto de campos que estudam a consciência e os aspectos
subjetivos e psicológicos: a ecologia do ser, a ecologia pessoal, a ecologia
mental entre outros.
A ecologia integral,
pioneiramente estudada por Pierre Dansereau e adotada em 2015 como conceito
central pelo papa Francisco em sua Encíclica Laudato Si integra aspectos biológicos,
sociais e a ecologia interior. Tal movimento integrador não se limita às fronteiras das disciplinas e encontra pontes entre elas,
numa visão holística e menos fragmentada.
As escalas temporais com que se
trabalha na história natural são de bilhões ou milhões de anos, enquanto que na
história das civilizações humanas essa escala se estende por alguns milhares de
anos. As mudanças climáticas são processos que duram milhares de anos, mas se
aceleram em períodos de transição entre eras
geológicas. Nesses momentos - como o que vivemos hoje, na atual transição deste estágio terminal da era cenozoica, a era dos mamíferos - tende a haver
uma convergência dos estudos da historia natural e ambiental com os da historia humana. A evolução da
humanidade se relaciona com as condições naturais do planeta, as eras glaciais e os períodos interglaciais,( estamos no final de um periodo interglacial qaue se iniciou a cerca de 12000 anos)
os grandes eventos como erupções vulcânicas, como mostra o estudo sobre A jornada
da humanidade produzido pela Fundação Bradshaw ( ver http://pt.slideshare.net/LCDias/a-jornada-da-humanidade ) , que evidencia como as mudanças naturais e
climáticas impulsionaram migrações, deslocamentos de populações humanas e
alteraram o curso da história humana e
das histórias nacionais.
As histórias nacionais, a
história da vida humana, a história da vida, estão inseridas num contexto
maior, da história do planeta, com suas variações climáticas, com seus grandes
eventos de extinções, com as grandes eras, idades, períodos, épocas, estudados
na historia geológica do planeta. Essa, por sua vez está inserida numa visão cósmica, como mostra o astrônomo
Carl Sagan em O pálido ponto azul. https://www.youtube.com/watch?v=YPUhj_lNdMQ
Na escala nacional brasileira
essa abordagem da história ecológica pode tratar as questões da diversidade ecológica e a diversidade
humana, e os complexos ligados aos
diversos recursos naturais que foram centrais na história econômica: recursos do reino mineral ( o ouro, os diamantes), do reino vegetal ( o pau brasil, a cana de
açucar, a borracha, o café) e do reino animal ( a pecuária). Pode tambem valorizar o
conhecimento dos povos indígenas sobre o ambiente, conhecimento que lhes é
essencial para a sobrevivência. Ver, no Globo Ecologia, programa sobre a Formação
do Brasil – uma história ecológica http://redeglobo.globo.com/globocidadania/videos/v/formacao-do-brasil-uma-historia-ecologica/1499898/
A convergência das ciências se
faz em mão dupla: das ciências naturais para as ciências humanas e vice-versa,
num movimento de aproximação e integração.
A visão da história humana ( e
das histórias nacionais ou regionais que são capítulos dela) integrada com a
história e evolução da Terra, seus climas, biomas e ecossistemas, tem papel fundamental para inspirar a consciência das pessoas, desde a
infância, no sentido de promover o
cuidado com o ambiente e induzir a uma
sociedade e economia ecologizadas. No atual período de crises climáticas que se
tornam crises de segurança e de desenvolvimento, esse tipo de visão integradora
pode impulsionar as ações humanas num rumo menos destrutivo. Uma história
integral, uma abordagem holística à história, correspondente ao movimento pela
ecologia integral, começa nos estudos na infância e se estende a todas as fases da vida.
Conectam-se então a história
nacional, a história mundial da humanidade, a história ambiental, a história
natural. Uma história que transite do estado-nação ao planeta e ao cosmos. No antropoceno, faz sentido ecologizar e superar visão antropocentrada
da história, reconectar a evolução da espécie
e a da natureza. No antropoceno, faz sentido evoluir para uma visão
ecocêntrica e cosmocêntrica. Faz sentido tomar consciência de uma história que ajude a
enfrentar os desafios da dinâmica acelerada de transformações no ambiente no
século XXI.
Concordo com a Visão aqui expressa e saliento que infelizmente fomos inconsequentes com o conhecimento e os amplos domínios dos saberes dos povos Indígenas. Nos descuidamos com estas informações que permitiram a diversos grupos a sobrevivência de forma relativamente harmônica em seu ambiente natural. Refletir sobre o resgate destes conhecimentos, que "ainda" estão a nossa disposição, também faz parte de um cuidado do "todo" a nossa disposição.
ResponderExcluirAgradecemos ao Amigo José Matarezi por disponibilizar seu PC para nosso pequeno comentário !
Julio Cesar de Sá
jcsarqueo@gmail.com