Maurício
Andrés Ribeiro
Há diversidade
linguística, com 17 línguas e centenas de dialetos. Ali se usam 9 das 23 línguas mais faladas no
mundo: hindi, marathi, urdu, telugu,
tamil, bengali, francês, português,
inglês. 125 milhões falam inglês. É comum ser poliglota.
A Índia exerceu a hospitalidade para com a diversidade de povos que se estabelecerem em seu fértil território. |
A Índia tem um
território, uma mente e alma férteis. O subcontinente indiano faz parte da
Ásia, que tem 1/3 das terras e 3/5 da
população mundial, sendo composto por 49 países. Na Ásia há civilizações
milenares que sofreram colonização e nas quais se mesclam tradição e
modernidade.
Enquanto a
civilização egípcia, a grega e outras tiveram sua ascensão, apogeu e declínio,
tendo se extinguido, a Índia tem 4.000
anos de civilização contínua (a única outra tão longeva é a civilização
chinesa).
No século 20 a Índia
se tornou independente em 1947 depois de um processo de luta admirável liderado pelo Mahatma Gandhi, em que quase
não houve derramamento de sangue.
No início do
século XXI a Índia tem 1.350 bilhões de habitantes, ou seja, 17 % da população
mundial. Dentro de poucos anos ultrapassará a China e se tornará o país mais
populoso do mundo. Sua população dobrou em 40 anos e hoje é 30% urbana. O
restante vive em mais de 600 mil aldeias. A agricultura gera 28 % do PIB e responde por 67 % do emprego. Mais de 600 mil aldeias abrigam cerca de 1 bilhão de habitantes. |
É a maior
democracia do mundo. Há diversidade religiosa, com 80% de hindus, 13% de
muçulmanos, 2,5% de cristãos, além de sikhs, budistas, jains, parsis, e outras tradições.
A diversidade de tradições espirituais é um dos aspectos da diversidade indiana. |
Muitas vezes
invadida, a Índia nunca foi expansionista nem se ocupou em conquistar outros
povos ou territórios. No fértil vale do Ganges e no subcontinente indiano
parecia haver espaço para todos. O poeta
de prêmio Nobel Rabindranath Tagore observou que “A missão da Índia foi como
a da anfitriã que tem que prover acomodações apropriadas para numerosos
hóspedes, cujos hábitos e necessidades são diferentes uns dos outros. Isso
causa complexidades infinitas, cuja solução depende não meramente de tato, mas
de simpatia e de um verdadeiro entendimento da unidade do homem.”
Com essa
história e essa geografia, o subcontinente indiano gerou um povo tolerante, paciente,
cuja riqueza não é apenas material,
financeira, econômica, ou o seu patrimônio natural, mas principalmente seu patrimônio social,
espiritual e cultural, intangível e imaterial. Seu conceito de não-violência ou
ahimsa se estende ao mundo animal e à natureza e foi aplicado na luta pela
independência. Suas lutas políticas recorreram a esse tesouro imaterial de
visões sobre o mundo e a independência se faz sem grande violência.
Na sua
experimentação na relação com a natureza, produziu uma sociedade frugal, capaz
de se sustentar com o mínimo de recursos materiais e com forte inteligência
espiritual. A pegada ecológica indiana per capita é muito baixa e isso se deve
em parte a tais práticas cotidianas que dispensam o uso de recursos materiais
em hábitos tais como sentar-se, alimentar-se, na organização do território em
centenas de milhares de pequenas aldeias que se abastecem nas vizinhanças com água,
alimentos e energia e materiais, nas práticas comunitárias e cozinhas coletivas
nos ashrams.
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