Maurício Andrés Ribeiro
Ambedkar, o dalit que redigiu a constituição indiana e que se opunha às castas |
Ambedkar, o pária que se tornou um grande
jurista e redigiu a constituição da Índia após a independência em 1947, se
opunha frontalmente ao sistema de castas. Vivekananda também era contrário a tal
sistema. Na história da Índia, vários movimentos religiosos igualitários
se revoltaram e tentaram escapar do sistema de castas, considerado
discriminatório e promotor de injustiças.
O Mahatma Gandhi não lutou contra as castas, mas sim contra a exclusão dos intocáveis, que ele chamou de Harijans ou filhos de Deus, para ajudar a incluí-los no sistema social, numa perspectiva que alguns consideram mais cristã que hindu. Gandhi teria sido o mais cristão dos hindus. Ele foi muito criticado por aqueles como Ambedkar, que se colocavam contra o sistema. Gandhi dizia acreditar que cada pessoa nasce no mundo com aptidões e limitações. Alguns são mais aptos para transmitir conhecimentos, outros para defender os indefesos, outros para lidar com a agricultura e o comércio, outros ainda para realizar tarefas físicas. A lei do varna, que instituiu as castas, estabeleceu uma esfera de ação para cada grupo vocacional, evitando a competição desnecessária.
O Mahatma Gandhi, Rabindranath Tagore e Sri Aurobindo tiveram uma visão reformadora em relação ao sistema de castas, criticaram a existência dos párias ou dalits. Não fizeram uma condenação total ao sistema, que consideravam bem concebido, mas com defeitos e degenerações que precisavam ser corrigidos. Tagore assim se
expressou: “O que os observadores ocidentais não conseguem discernir é que,
em seu sistema de castas, a Índia seriamente aceitou sua responsabilidade de
resolver o problema de raças de maneira a evitar toda fricção, e ainda assim
oferecendo a cada raça liberdade dentro de suas fronteiras. Admitamos que a
Índia não obteve nisso um sucesso absoluto. Mas também deve ser lembrado que o
ocidente, situado mais favoravelmente quanto à homogeneidade de raças, nunca
deu atenção a esse problema; sempre que confrontado com ele, tentou torná-lo
mais fácil, ignorando-o."
Já Gandhi ressaltou aspectos econômicos do sistema de castas e sua função de freio à competição : “Do ponto de vista econômico, seu valor foi muito grande. Assegurava as habilidades hereditárias e limitava a competição. Historicamente falando, a casta pode ser vista como um experimento humano ou ajuste social no laboratório da sociedade indiana. Se ela provar ser um sucesso, pode ser oferecida ao mundo como um fermento e como o melhor remédio contra a competição sem coração e a desintegração social nascida da avareza e da cobiça”.[1]
Sri Aurobindo enfatizava aspectos subjetivos e das responsabilidades de cada um ao escrever “o sistema serviu ainda como um meio automático de garantir uma divisão fixa do trabalho e um status econômico estabelecido “ e que “A casta era originalmente um arranjo para a distribuição de funções na sociedade, tanto quanto a classe na Europa, mas o princípio no qual a distribuição se baseava na Índia era peculiar a esse país. .... A divisão de castas na Índia foi concebida como uma distribuição de tarefas. A casta de um homem dependia de seu dharma, de seus deveres espirituais, morais e práticos, e seu dharma dependia de sua swabhava, seu temperamento e natureza inata.[2]
O Mahatma Gandhi não lutou contra as castas, mas sim contra a exclusão dos intocáveis, que ele chamou de Harijans ou filhos de Deus, para ajudar a incluí-los no sistema social, numa perspectiva que alguns consideram mais cristã que hindu. Gandhi teria sido o mais cristão dos hindus. Ele foi muito criticado por aqueles como Ambedkar, que se colocavam contra o sistema. Gandhi dizia acreditar que cada pessoa nasce no mundo com aptidões e limitações. Alguns são mais aptos para transmitir conhecimentos, outros para defender os indefesos, outros para lidar com a agricultura e o comércio, outros ainda para realizar tarefas físicas. A lei do varna, que instituiu as castas, estabeleceu uma esfera de ação para cada grupo vocacional, evitando a competição desnecessária.
O Mahatma Gandhi, Rabindranath Tagore e Sri Aurobindo tiveram uma visão reformadora em relação ao sistema de castas, criticaram a existência dos párias ou dalits. Não fizeram uma condenação total ao sistema, que consideravam bem concebido, mas com defeitos e degenerações que precisavam ser corrigidos.
Já Gandhi ressaltou aspectos econômicos do sistema de castas e sua função de freio à competição : “Do ponto de vista econômico, seu valor foi muito grande. Assegurava as habilidades hereditárias e limitava a competição. Historicamente falando, a casta pode ser vista como um experimento humano ou ajuste social no laboratório da sociedade indiana. Se ela provar ser um sucesso, pode ser oferecida ao mundo como um fermento e como o melhor remédio contra a competição sem coração e a desintegração social nascida da avareza e da cobiça”.[1]
Sri Aurobindo enfatizava aspectos subjetivos e das responsabilidades de cada um ao escrever “o sistema serviu ainda como um meio automático de garantir uma divisão fixa do trabalho e um status econômico estabelecido “ e que “A casta era originalmente um arranjo para a distribuição de funções na sociedade, tanto quanto a classe na Europa, mas o princípio no qual a distribuição se baseava na Índia era peculiar a esse país. .... A divisão de castas na Índia foi concebida como uma distribuição de tarefas. A casta de um homem dependia de seu dharma, de seus deveres espirituais, morais e práticos, e seu dharma dependia de sua swabhava, seu temperamento e natureza inata.[2]
Mas
ele completou que a instituição da casta degenerou, precisa ser corrigida e tem
um potencial para auxiliar na
civilização: “ O espírito de arrogância de casta, de exclusividade e
superioridade passou a dominá-la, em vez do espírito de dever, e a mudança
enfraqueceu a nação e ajudou a reduzir-nos à nossa condição atual. São essas
perversões que desejamos ver corrigidas. A instituição deve se transformar de
modo a cumprir seu objeto essencial e permanente sob as condições alteradas dos
tempos modernos. Se ela se recusar a mudar, tornar-se-á uma mera sobrevivente
social e se despedaçará. Caso se transforme, ela ainda desempenhará um grande
papel na realização da civilização.[3]
O
sistema de castas, questionado duramente por opositores, sobreviveu e
demonstrou resiliência em relação aos
vários impactos que sofreu. Sobreviveu às transformações trazidas pela
urbanização, a industrialização e a globalização e se expandiu para outros
grupos religiosos fora do hinduísmo.
Ele se extinguirá, como queriam Ambedkar e
Vivekananda, ou se reinventará para desempenhar um papel, como propuseram Sri
Aurobindo e Tagore?
Quem
viver, verá!
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