sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

CONFLITOS SÓCIO HÍDRICOS NO MUNDO




No mundo em transformação acelerada, as crises da água tendem a se tornar mais frequentes e intensas. Disputas e conflitos econômicos, sociais e políticos tendem a aumentar. A gestão hídrica trata de temas controversos que exigem a construção de convergências. Atualmente a água é crescentemente disputada, o que aumenta a possibilidade de ocorrerem conflitos pelo seu uso. Quando a solicitação é maior do que a capacidade de provê-la, ocorre uma situação de estresse hídrico. Num contexto de crescimento demográfico e de expansão das demandas por recursos naturais, cuidar delas constitui, crescentemente, um processo de gestão de conflitos. Quando escasseiam, elas tornam-se motivos de rivalidades. A frequência e intensidade de   secas, enchentes, ciclones, furacões e outros eventos críticos poderão agravar conflitos e demandarão mais conhecimento e ações no sentido da construção de uma cultura de paz. 

Surgem conflitos sociohídricos quando indivíduos, empresas ou grupos disputam as águas existentes e se apropriam delas para seu uso em prejuízo dos demais usuários. 

Quando tais disputas envolvem usuários fortes política e economicamente, elas atraem atenção e são visíveis. Quando envolvem usuários com pouca força política, tendem a permanecer invisíveis, resolvidos localmente pela força ou por arranjos locais.

Multiplicam-se situações de estresse hídrico no planeta. Em muitos lugares já não há água suficiente para todos os usos agrícolas, industriais ou domésticos e há a extração excessiva na  superfície e nos aquíferos subterrâneos, com poluição e uso ineficiente dos recursos de água doce. Rivalidades acontecem entre países  vizinhos que disputam a mesma água. Diferenças de normas e legislações entre países vizinhos podem  perturbar a paz. Um país pode ter normas que limitam a pesca em determinadas épocas do ano, outro país pode ter outras regras e os pescadores atravessam para a outra metade do rio para pescar.

Existem conflitos transfronteiriços que opõem países que disputam o controle de rios e aquíferos que atravessam fronteiras. Exemplo: tensões entre Egito, Etiópia e Sudão sobre a Barragem do Renascimento, que afeta o fluxo do Rio Nilo.

Há relações extremamente conflituosas, quando acontecem crises humanitárias em que a escassez hídrica leva ao deslocamento de populações, gerando tensões sociais e políticas. Exemplo: migração de comunidades rurais para áreas urbanas devido à desertificação. Há conflitos armados pela água (guerras da água), com disputas violentas por controle de fontes de água estratégicas. Exemplo: aumento de tensões entre grupos no Oriente Médio, onde o acesso à água é um recurso crítico.

No mundo, conflitos entre países eclodem entre Israel x Iraque x Síria e Egito x Etiópia x Sudão e Sudão do Sul; Tadjiquistão x Turcomenistão em torno de eventual construção de uma barragem; Índia x Paquistão; Ruanda x Burundi e Zaire, na África. Reportagens na mídia mostram onde a escassez já provoca guerras no mundo e quais as áreas sob risco iminente. Na origem da guerra na Síria está uma seca severa de vários anos que sobrecarregou o ambiente, provocou o esgotamento de recursos e da capacidade de suporte, o colapso da agricultura, a migração para as cidades, a pressão urbana e as tensões sociais, o empobrecimento econômico, o estresse político e finalmente a guerra. 

Um conflito sobre indústrias papeleiras no rio Uruguai, entre o Uruguai e a Argentina abalou a confiança recíproca. Dados de monitoramento da qualidade da água coletados por um país são questionados pelo outro, o que dificulta o diálogo. 

Em alguns casos, a própria água torna-se arma de guerra, como por exemplo na Síria, com ameaças terroristas de poluir mananciais que abastecem cidades. No passado, Aurangzeb derrotou seu pai Shah Jahan, o construtor do Taj Mahal, na Índia, cortando o suprimento que abastecia o forte de Agra, onde ele se entrincheirara. Países que constroem reservatórios e usinas rio acima podem usá-los como arma para prejudicar os vizinhos rio abaixo e perturbar a paz. 

A cooperação internacional se faz por meio de tratados e acordos entre países que compartilham bacias hidrográficas transfronteiriças. Exemplo: o Tratado do Rio Danúbio, que une países europeus em uma gestão integrada da água. Um dos modos eficazes de prevenção de conflitos é a comunicação e a construção de confiança mútua. O compartilhamento de informações facilita a alocação pactuada da água, construindo consensos sobre como compartilhá-la entre as partes interessadas. As trocas de informações técnicas e de dados hidrometeorológicos entre paises vizinhos, bem como programas de capacitaçao profissional, ( como por exemplo programas de cooperação entre o  Brasil, a Bolivia, o Peru) contribuem para pavimentar relações de confiança e reduzir os riscos de desavenças em torno das águas.

 A União Europeia tem diretivas legais para as águas que, entre outros resultados, reduz ou previne a ocorrência de conflitos entre paises vizinhos.




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