Quadro: O grito - Munch |
O medo é uma emoção
primitiva expressa por animais e seres humanos. Diante do perigo representado
por um predador, um animal ou uma pessoa
humana pode fugir ou lutar. Dessa decisão pode depender sua sobrevivência. Feras acuadas não têm a opção da fuga. Usam os
recursos à sua disposição e atacam ferozmente para se defender. Usam sua força e agressividade para sair da situação
em que se encontram. Cutucar a onça com vara curta é perigoso, diz a sabedoria
popular.
A ecologia do ser estuda os seres vivos no ambiente e as relações
entre o corpo, os pensamentos, sentimentos e emoções. Uma visão integral considera que o ser humano
também dispõe de alma e espírito. O medo se inicia na mente e ativa várias partes
do cérebro a partir de um estímulo estressante ou assustador. A resposta do
corpo é inconsciente.
Quando o medo paralisa |
Um rato fica paralisado
diante da cobra que vai devorá-lo. O sistema nervoso libera hormônios e adrenalina na corrente
sanguínea. A emoção e o pensamento de medo levam o corpo a suar, empalidecer, tremer. A respiração se acelera, o
coração dispara, aumenta a pressão arterial, as pupilas se dilatam, músculos se
tornam mais rígidos, os pelos da pele se arrepiam, há calafrios, pois a pele se
esfria e as artérias liberam mais sangue para os músculos agirem, liberam-se os
esfíncteres. Defecar nas calças é uma reação do corpo ao medo.
Pierre Weil estudou os chacras ou centros energéticos do corpo, sendo que o primeiro deles se relaciona com a segurança, categoria que “está ligada ao sistema ou instinto de defesa do indivíduo identificado com as necessidades do seu corpo físico. Proteção contra as intempéries, alimentação, locomoção, defesa contra agressões são as necessidades essenciais ligadas a esta categoria. Medo e raiva são as emoções destrutivas deste centro.”[1] O chacra da segurança é o mais básico e rege o medo e a coragem. Sente-se medo por preocupação com a própria segurança. Há gradações dessa emoção, do estresse à ansiedade, à preocupação, até o pânico, o pavor, a paranoia. O pânico pode provocar agressividade, violência, em busca de manter a segurança e o status quo.
Quando criança eu suava frio e desmaiava na cadeira do dentista. Anos depois, tomei consciência de que a causa do medo era a perspectiva de sentir dor. Isso tensionava o corpo e o levava a mudar seu estado de consciência, da vigília para a inconsciência do desmaio. A partir do momento em que tomei a decisão de não ter mais medo da dor, nunca mais desmaiei no dentista. A força da vontade mental controlou a emoção negativa e eliminou a reação física do desmaio.
Pierre Weil estudou os chacras ou centros energéticos do corpo, sendo que o primeiro deles se relaciona com a segurança, categoria que “está ligada ao sistema ou instinto de defesa do indivíduo identificado com as necessidades do seu corpo físico. Proteção contra as intempéries, alimentação, locomoção, defesa contra agressões são as necessidades essenciais ligadas a esta categoria. Medo e raiva são as emoções destrutivas deste centro.”[1] O chacra da segurança é o mais básico e rege o medo e a coragem. Sente-se medo por preocupação com a própria segurança. Há gradações dessa emoção, do estresse à ansiedade, à preocupação, até o pânico, o pavor, a paranoia. O pânico pode provocar agressividade, violência, em busca de manter a segurança e o status quo.
Quando criança eu suava frio e desmaiava na cadeira do dentista. Anos depois, tomei consciência de que a causa do medo era a perspectiva de sentir dor. Isso tensionava o corpo e o levava a mudar seu estado de consciência, da vigília para a inconsciência do desmaio. A partir do momento em que tomei a decisão de não ter mais medo da dor, nunca mais desmaiei no dentista. A força da vontade mental controlou a emoção negativa e eliminou a reação física do desmaio.
O mestre
indiano Sri Aurobindo considera o medo uma reação vital que
nubla a inteligência, tira a presença de espírito e impede a pessoa de enxergar
a coisa certa a fazer. Para
dissolvê-lo pode-se usar a mente para raciocinar explicando que o medo é um
perigo em si mesmo. Se existe um perigo real, é somente com o poder da coragem
que se pode escapar dele. Mira Alfassa, a Mãe, que coordenou a construção de
Auroville, no sul da Índia, propõe que na raiz do medo esteja o egoísmo, bem
como a falta de confiança espontânea no destino. Quando se tem fé e se entrega
para o Deus o medo evapora. “O medo é um tipo de angústia
que vem da ignorância”.
Quem vive a dimensão espiritual do ser humano dispõe
de possibilidades adicionais de lidar com o medo, por meio da reserva de
energia espiritual. Acreditar que aquilo que acontece é o melhor que poderia
ocorrer ajuda a superá-lo e a manter a autoconfiança que traz audácia, coragem,
ousadia. Para aqueles que creem, colocar-se nas mãos de Deus e enfrentar o que
o destino lhes reserva é uma forma poderosa de lidar com o medo. A perda da fé e da esperança facilita que ele se instale.
Para
lidar com o medo é preciso tomar
consciência de sua inutilidade. Manter
a calma, tranquilidade, serenidade
é um antidoto contra ele. Uma vontade
forte e livre não permite que o medo se instale. Exercícios físicos corporais
estimulam e tornam mais positivas as emoções e pensamentos e ajudam a evitá-lo. Pela lei da atração, o medo atrai o objeto do medo; não ter medo
afasta o objeto do medo. Somente com coragem, o perigo real ou imaginário poder
ser enfrentado. Ajuda a
afastar o medo o desenvolvimento da
autoestima, ter um projeto ou meta a realizar, ter compromisso com a verdade,
manter a calma. Olhar de frente aquilo que se teme ajuda a superar o encolhimento, o recuo e o instinto
de fuga.
A
propaganda hipnotiza, fascina, espalha o
medo. Por meio dela pode-se semear dúvidas e cizânia, perturbar, causar
intranquilidade, excitação. Paz e guerra se realizam crescentemente no campo
psicológico. Espalhar inquietação, preocupação com o futuro,
pânico, desestabilizar com a guerra de nervos são formas de fazer nascer e
crescer o medo. Governos usam a tática
de dominar pelo terror. Michael Moore
mostrou no filme Fahrenheit 9/11 como o governo americano, ao buscar apoio para atacar o Iraque, induziu um clima de medo entre a população americana por
meio da mídia de massa. Manipulou o medo ao terrorismo e a
supostas armas de destruição de massa pelo inimigo. O
medo do estrangeiro pobre nas atuais ondas de refugiados e migrantes leva europeus a se
fecharem em políticas nacionalistas e xenófobas.
A perspectiva de perder alguma coisa provoca medo.
Esse algo pode ser a perda da vida, da liberdade, saúde, juventude, memória;
perder uma pessoa querida, vantagens, bens materiais, emprego, conforto e bem estar. Há o medo da perda do
poder e das benesses que ele traz, que geram reações como as de uma fera
acuada.
Há
o medo do salto no escuro, de vertigem e se estar
caindo num abismo, de encontrar algo com que não se poderá lidar. O medo do desconhecido traz angústia e insegurança em relação ao
futuro. O pânico
pela falta de informação confiável acontece em casos de acidentes nucleares.
Medos
ancestrais incluem o de serpentes, de
ratos e insetos e de forças naturais poderosas difíceis de enfrentar. Nas
cidades, pessoas deixam de frequentar os espaços públicos ou de saírem à noite
por medo da violência, de serem assaltadas e agredidas. Cercam-se de muros
altos para se proteger dos perigos do ambiente externo, fora do lar, sua zona
de conforto. Afastam-se de situações que levem ao confronto.
Atualmente, cresce a consciência sobre novos perigos
à vista, associados a perdas de biodiversidade e mudanças climáticas
rápidas. Diante de mega desafios tais
como os representados pelas mudanças climáticas e a crise ecológica do atual
período antropoceno, acender luzes
amarelas de alerta e de emergência são passos para lidar com os perigos à frente.
Ao aterrorizar as pessoas, as previsões de catástrofes paralisam as reações, podem
produzir sensação de impotência, de não ter o que fazer, de medo do futuro.
Para além de uma reação emocional de medo, a iminência da catástrofe pode ser
compreendida pela razão como desafio a ser vencido. Isso cria motivação para
desenvolver a astúcia, a inteligência, a resistência. Com calma, vem a
aceitação da situação e a consciência da necessidade da adaptação, o
desenvolvimento de estratégias de sobrevivência. Mobilizam-se ações para se
proteger e escapar da catástrofe, para evitar que o desastre aconteça ou para se
prevenir e criar sistemas de alerta. Cientistas convencidos dos riscos que eventuais
colisões com outros corpos celestes representam para a vida na Terra montam
sistemas de previsão e de prevenção. Cientistas vêm denunciando o déficit de
consciência ecológica dos governantes, a ganância e o egoísmo que estão na raiz
dos problemas. Cumprem assim o
importante papel de expandir a consciência
ecológica coletiva e de pressionar por ações adequadas para lidar com
essas circunstâncias críticas.
Texto extremamente oportuno e esclarecedor nestes tempos de insegurança generalizada e grande confusão que estamos vivendo. Aponta para um norte que está dentro de nós mesmos e para a força equilibradora da calma, da confiança e da alegria.
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