quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Ecossustentabilidade na Unipaz




Há vários anos tenho dado seminários na Unipaz do Rio de Janeiro, no curso de desenvolvimento humano integral na abordagem transdisciplinar. Na edição de 2016, o tema foi ecossustentabilidade. A turma tinha perfil profissional variado: havia assistente social, administrador, psicólogo, médico, gestor, marqueteiro, terapeuta, educador e advogado.
A espinha dorsal do seminário é a relação entre cultura ambiental e cultura de paz, a gestão ambiental e a gestão de conflitos. Trata-se de tema estratégico no mundo contemporâneo, em que cresce a população humana e suas demandas materiais e crescem também os conflitos e disputas relacionados com ao acesso e uso aos recursos naturais. Serviu como suporte ao tratamento do tema dos vínculos entre gestão da água e cultura da paz uma apostila com os textos
O tema da água e sua gestão tornou-se de grande interesse nos últimos anos, devido à crise hídrica. Abordei a importância da alocação negociada de água e da gestão participativa em comitês de bacias, projetando filmes de animação produzidos pela ANA,  filmes sobre os movimentos de marés dos oceanos com a temática da conservação e não desperdício da agua. Ressaltei a importância da hidroalfabetização.
Realcei a importância cada vez maior de dispormos de conhecimento e de informações que apoiem a compreensão sobre o ambiente interior e exterior e que auxiliem nas tomadas de decisão diante dos desafios das mudanças climáticas e das transformações aceleradas pelas quais passa o planeta. Nessa sintonia,  trabalhamos com as questões da educação, da consciência e do consumismo, da ecologia aplicada ao cotidiano, tendo nos apoiado nos textos sobre Dez caminhos para expandir a consciência ecológica   ,              Ecologia no cotidiano, Consumismo infantil e descondicionamento da consciência     
Trabalhamos em leitura silenciosa, em discussão em grupo e com apresentações pelos grupos.
A pegada ecológica como indicador de sustentabilidade foi estudada a partir do texto Caminhando com leveza e calculamos nossa pegada ecológica. A média da pegada ecológica da turma é o dobro da pegada ecológica brasileira. Alimentação, mobilidade em automóveis, geração de resíduos foram fatores que fizeram pesar mais essa pegada.
Temos alguns caminhos a trilhar:  o primeiro é reduzir o peso de nossa pegada ecológica, alterando hábitos cotidianos de alimentar-se deslocar-se, de consumir, optando pela simplicidade voluntária, a frugalidade, o conforto essencial. Outro caminho relevante é preparar-nos para lidar com o agravamento da situação climática e ambiental, por meio da mediação e prevenção de conflitos, das disputas por recursos naturais e por agua, e evitando que tais conflitos sejam resolvidos por meio da violência. Isso implica em cada vez mais investir o autoconhecimento, na ecologia interior, conhecendo melhor as motivações, interesses, crenças, desejos dessa nossa espécie que já influi no rumo da evolução no planeta, nessa época antropocena da história.
Para desenvolver uma abordagem holística e integral, é relevante abordar o tema da ecologia em sua escala cósmica, como o faz Carl Sagan no filme sobre o pálido ponto azul. Percorremos várias escalas, do macro ao micro, por meio de filme Zoom cósmico. Mudanças de escalas são eficazes para dissolver a fantasia da separatividade e para mostrar nossa total integração com o micro e o macro cosmos. Belas imagens do Telescópio Hubble mostram aspectos da ecologia cósmica.
O papel da arte e sua importância para a sensibilização e a comunicação sobre os temas climáticos e ambientais foi também realçada. O exemplo da abertura das Olimpíadas e da mensagem ecológica que transmitiu ainda estava na memória de todos.
Ressaltei o papel que o Rio de Janeiro tem tido na expansão da consciência ecológica no Brasil, ao sediar a Eco-92, a Rio+20, a abertura das Olimpíadas e o Museu do Amanhã.   Já visitado por milhares de crianças, adultos e idosos. Seria ótimo que em cada grande cidade brasileira fosse montado um museu similar, para ajudar na formação da consciência ecológica numa perspectiva evolutiva. Ainda falta muito para traduzir em ações práticas as ideias e propostas ecológicas, mas a clara formulação das ideias é um primeiro passo importante. O maior adversário da sustentabilidade é a ignorância.
Atuei como um curador ao selecionar filmes e montar apresentações muito maiores do que o que cabia nas 12 horas do seminário. Como o tema é muito amplo, durante o workshop os temas fluíram em função do interesse manifestado pelos aprendizes. Assim, o seminário tornou-se interativo, participativo, aderente com as motivações de cada um. Isso exigiu atenção para as sugestões dadas pelos aprendizes, e adaptação da dinâmica e do conteúdo do seminário, ao sabor do interesse manifestado pelos aprendizes.                                                                      
                                           

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