Maurício Andrés Ribeiro (*)
São muitos os exemplos de como a falta de saúde ambiental impacta na
saúde pública e na saúde dos indivíduos:
- a alimentação contaminada com agrotóxicos faz os cidadãos adoecerem e pressionarem os hospitais e postos de saúde;
os pesticidas usados para combater pragas contaminam os
alimentos, podendo provocar o câncer e poluir os lençóis subterrâneos de água
usada para abastecimento humano. As crianças são especialmente vulneráveis aos
nitritos trazidos aos alimentos pela adubação exagerada;
- a falta de saneamento básico agrava as doenças de veiculação hídrica. São altos os custos associados às doenças de veiculação hídrica nas regiões urbanas do Brasil com milhares de casos anuais de mortalidade prematura e morbidez adicional.
- a água potável contaminada por chuvas ácidas pode causar doenças pulmonares, danos ao cérebro, hipertensão, problemas renais.
- a poluição do ar nas cidades faz adoecer os cidadãos, causa mortes prematuras e onera os custos do sistema de saúde;
- ambientes construídos que não tenham ventilação ou insolação adequada tornam-se insalubres e levam as pessoas a adoecerem, terem problemas respiratórios e doenças como tuberculose ou pneumonia.
Alimentos e pesticidas estão no radar da percepção pública e
das discussões sobre sua regulação, mas há substâncias químicas tais como
bromo, cloro e flúor, usadas em produtos de consumo, que apenas recentemente
tem despertado alertas sobre seus impactos na saúde. O professor José Eli da
Veiga, da USP, (ver o artigo A pior das poluições) tem chamado a atenção para
esses poluentes sintéticos que causam diabetes e obesidade, perturbam o
funcionamento das glândulas do corpo, atingem os fetos e lhes causam lesões
cerebrais e cognitivas.
Saúde não é assistência médica, pois os médicos,
farmacêuticos e enfermeiras em geral lidam com a falta de saúde, tornando-se
agentes da indústria da doença.
Uma concepção integral da saúde engloba a saúde mental,
psíquica, física, individual e social, bem como a saúde ambiental.
Nesse enfoque, um agricultor orgânico e um lixeiro são trabalhadores da
saúde ao evitarem que as pessoas adoeçam. O ecologista e o gestor ambiental e
das águas, bem como o pesquisador, o cientista e o cidadão ecologicamente
consciente, são agentes de saúde. Promovem a saúde preventiva, diminuindo os
riscos de acidentes e todos os custos associados ao tratamento de doenças
depois que já se instalaram.
As respostas para os problemas de
saúde não são apenas curativas e exigem crescente atenção aos aspectos de ecologia
humana e social. A prevenção e controle da poluição sonora, visual,
atmosférica, das águas e dos solos e da degradação ambiental pode trazer
resultados positivos para a saúde. Isso também é mais barato, pois investir na
melhoria do meio ambiente local pode reduzir significativamente a demanda por
tratamento corretivo nos hospitais e postos médicos, pois parcela substancial
das doenças não existiria caso a qualidade do meio ambiente fosse melhor e
ações preventivas fossem adotadas.
É oportuno tratar das questões de saúde no mesmo contexto da
questão ambiental. Os ganhos econômicos,
os ganhos em termos de melhoria da saúde das populações e os ganhos em termos
de qualidade ambiental justificam a articulação dessas políticas.
A
saúde ambiental é um pré-requisito para a saúde pública, coletiva e individual.
Articular meio ambiente e saúde é um modo inteligente de abordar as questões da
saúde que traz ganhos econômicos. A
saúde ambiental é o ramo da saúde publica que trata dos aspectos do ambiente
natural ou construído que podem afetar a saúde humana.
Meio
Ambiente e saúde têm grande potencial para desenvolver ações de parceria
federal, nos estados e nos municípios, além da escala regional, por meio de
consórcios intermunicipais de saúde e de meio ambiente, resíduos sólidos,
gestão das águas.
Quando
isso acontecer, poderá haver ganhos expressivos para a saúde integral, do
ambiente e das pessoas.
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