Identidade terráquea comum pode induzir a uma cultura de paz. |
Identificar-se com um país e identificar-se com o planeta |
Maurício Andrés Ribeiro
As questões da identidade podem
ser abordadas em diversas escalas, do micro ao macro.
A biometria registra que não há
duas impressões digitais iguais. A tecnologia do reconhecimento facial
identifica cada indivíduo com suas características únicas.
Minha carteira de identidade
oficial traz uma foto, a impressão digital do polegar, os nomes dos pais, local
e data de nascimento, minha assinatura. Sou um indivíduo com identidade
própria.
Meu local de
nascimento – município, estado, país - é
o mesmo de vários outros indivíduos. Em cada nível da federação compartilho
minha identidade com muitos concidadãos e compatriotas.
Sexo, gênero, raça, cor, são
características que também me identificam.
Muitas das
identidades que assumimos são escolhas feitas ao longo da vida, culturalmente e
socialmente condicionadas. A roupa é sinal de identidade de um povo, de um
grupo ou um cidadão. A roupa é mensagem cultural, sinal visual que indica
posto, posição, graduação, status
social, ocupação. Denota gosto ou a falta dele, tem conotações estéticas.
Diferencia categorias profissionais ou sociais: os macacões, os
colarinhos-brancos, as fardas, os fardões, as togas, os hábitos, os uniformes e
os trajes para ocasiões especiais de núpcias, de domingo, de festa ou de
trabalho, dos astronautas, as fantasias.
No Brasil multirracial há
inúmeras religiões; nasci e fui criado na tradição de uma delas. Ao longo da
vida muitos de nós fazem outras escolhas
e se identificam ou têm afinidades com outros grupos religiosos ou espirituais.
Se me fanatizo, me torno intolerante com os que abraçam outras religiões ou
ideologias e sinto necessidade de os diminuir ou destruir. Quando me filio a um partido político ou a um
sindicato, compartilho essa identidade
com meus companheiros de escolha. Se
torço por um time de futebol, tenho afinidade com aqueles de minha mesma
torcida. Quando me radicalizo, participo de brigas de estádio e passo a
considerar como inimigos aqueles que torcem por outro time.
Exemplos de micro identidades:
ser torcedor do time x ou y; ser alinhado com a ideologia, religião ou partido
a ou b; ser cidadão de um país, província, paróquia ou bairro; ser da família y
ou z; pertencer à corporação, tribo, turma, facção criminosa, quadrilha, gangue
ou grupo mafioso a, b ou c etc.
As várias escalas da identidade, da indivídual à do planeta. |
A identificação em escala nano ou
micro podem levar a divergências, disputas, conflitos, violência. Micro
identidades enfatizam a diversidade e podem induzir a desunião. Em muitos
campos da atividade humana e em muitas construções ideológicas ressalta-se o
que nos separa ou aquilo em que divergimos.
Outras identidades são
determinantes e não temos sobre elas a liberdade de escolha, são dados de nosso
destino. Trata-se de identidades macro, numa escala maior. Exemplos de macro
identidades: ser cidadão do mundo, ser membro da espécie humana, ser terráqueo.
Recorrer às macro identidades
pode ser um modo de evitar cisões e rupturas e construir a união necessária
para enfrentar conjuntamente os mega riscos e perigos diante de todos. As macro
identidades induzem a descobrir a unidade, união e convergências ao focar
naquilo que nos aproxima ou une e traz
afinidades. Para construir a paz, pode ser valioso encontrar denominadores
comuns e pontos de união e unidade para além das diferenças.
Em contextos de crise e de
emergências – climáticas, ambientais e outras - forças divergentes tendem a
separar as pessoas e os grupos e colocá-los uns contra os outros. “Em casa em
que não tem pão todos gritam e ninguém tem razão”, diz o dito popular. Nesses
contextos é bom lembrar que minha identidade é terráquea e meu lugar de fala é
o de um habitante do terceiro planeta, a Terra, que gira em torno de uma
estrela de quinta grandeza, o Sol, na periferia da Via Láctea, uma das bilhões
de galáxias deste universo.
Muito bacana Mauricio! Não importa se a missão é difícil ou mesmo utópica! o fato é que não há outra saída possível, que não passe pela Cultura de PAZ!!!
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