Mauricio Andrés Ribeiro
Nos anos 60 o antropólogo canadense Edward T. Hall
escreveu dois livros sobre um campo de
estudos inovador, a Proxêmica. Em “The silent
language” e “The hidden dimension”, ele estudou o que as distâncias significam na comunicação verbal e não
verbal. Hall distinguia entre as zonas íntimas
(que acontecem no abraço, no toque, no sexo ou na luta corporal- até 45cm), as zonas
pessoais em que pessoas ficam próximas
umas das outras (até 120cm); as zonas sociais para interação entre conhecidos (
até 3,5m), até as zonas públicas (acima de 3,5m). A percepção das distâncias
varia de cultura para cultura. Pessoas
em algumas culturas se sentem psicologicamente
mais desconfortáveis com a proximidade do que em outras. A proxêmica trabalha com a invasão dos
territórios pela intimidade e pela proximidade corporal.
O distanciamento corporal, segundo a Proxêmica |
O adensamento, mostrou E.T Hall
em seus livros, provoca comportamentos patológicos, como entre ratos numa
caixa. Quando se adensamento é excessivo passam se comportar de modo autodestrutivo e agem como se estivessem
instintivamente tentando reduzir o adensamento agredindo os demais ou
matando-os.
Designers, arquitetos e
urbanistas que lidam com o projeto de espaços em várias escalas usam os
conhecimentos da proxêmica. Médicos, infectologistas, epidemiologistas, psicólogos,
profissionais da segurança pública e privada também lidam com as distâncias e
proximidades.
A Proxêmica adquire um
significado especial num período de pandemia, em que vírus se aproveitam da
proximidade física entre as pessoas para se movimentar pelo ar e contaminarem
outras pessoas.
Como forma de combater a
disseminação do vírus, os epidemiologistas recomendam o distanciamento social. Trata-se
de um distanciamento físico e corporal, já que hoje, as modernas tecnologias, a
internet e a TV, intensificam e mantêm a proximidade social das pessoas
conectadas entre si e com o mundo. As telecomunicações alteraram a noção de distância.
pois virtual e eletronicamente estamos próximos do que acontece no noutro lado
do mundo, nessa aldeia global em que a educação
à distância, o trabalho à distância, o lazer por meio de filmes e músicas em streaming
e outras atividades são possibilitadas pela tecnologia e pela internet.
Além de um distanciamento
corporal, uma pandemia induz a um maior distanciamento de grupos, para viverem
em comunidades longe dos centros urbanos adensados. Uma pessoa que esteja numa
fazenda numa área rural pode estar distante fisicamente das demais, mas se está
conectada ao mundo pela internet pode continuar interagindo socialmente com
elas como se estivesse na porta do apartamento vizinho numa grande cidade.
Questões de saúde estão
envolvidas com o distanciamento. Numa comunidade favelada urbana muitas doenças
do adensamento acontecem – tuberculose, pneumonia e outras. Tais doenças
acontecem quando se adensa demais a ocupação de uma área e ela passa a ter
problemas de iluminação, falta de higiene ambiental, ventilação precária,
afetando o sistema respiratório das pessoas que ali vivem.
Uma distância é colocada entre
reis, governantes e o povo, para garantir a segurança das autoridades. Quando
se transgride essa regra básica de segurança pela distância, está-se mais
sujeito a ser atacado. O cumprimento indiano do Namasté tem origem em questões
segurança para evitar os riscos a que uma pessoa se expõe ao dará mão ou
abraçar um desconhecido que pode atacá-lo.
As distâncias cerimoniais exigem
simbolicamente mais distanciamento, até mesmo por razões de segurança. Numa
aglomeração em que as pessoas estão próximas umas das outras fica difícil
garantir sua segurança contra terrorismo, ataques, violências físicas.
A distância é um modo de aumentar
a segurança: Mantenha distância, se lê em para-choques de caminhões,
recomendando ao motorista de trás que não se aproxime demais, evitando riscos
de colisão e acidentes.
O distanciamento por razão de segurança |
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