Maurício
Andrés Ribeiro
A pandemia testou
os limites do equilíbrio emocional. Trouxe o inesperado e despertou um estado de alerta para dar conta
do imprevisível e se adaptar a ele.
Confinadas, convivendo com a presença iminente da morte,
do luto, da tristeza e da insegurança econômica, muitas pessoas ficaram
estressadas. Aumentou o consumo de álcool e de drogas como modo de alterar o
estado de consciência e de lidar com a situação.
A pandemia tornou-se um grande psicológico.
Na França a onda de problemas afetou principalmente os jovens adultos que
viram cortados seus planos diante da crise econômica e da falta de
oportunidades de trabalho.
Entre os jovens no Brasil houve insegurança,
nervosismo e ansiedade, preocupação com o futuro incerto. Permanecer
em isolamento físico foi impossível para muitos, devido a condições precárias
de moradia sem saneamento básico. Foram atingidos de forma mais séria
aqueles que vivem em habitações superadensadas.
O estresse afetou intensamente as mães com
sobrecarga de trabalho em casa. As crianças
sofreram efeitos negativos do isolamento
em casa. Buscaram-se terapias, conversas sobre o momento, compartilhamento de
sentimentos. Tratamento psicológico
e psiquiátrico foram usados para lidar com o estresse.
Quando se prolongou o isolamento físico, perdeu-se a paciência de permanecer confinado e recolhido. O impulso para romper limites de segurança se
manifestou quando as pessoas sofreram a fadiga da quarentena. Sentiram a compulsão de sair, frequentar
bares e festas, conviver com outros e passaram a se encontrar, colocando em
risco a saúde coletiva.
A quarentena foi insuportável, ao colocá-los diante de si próprios, longe das
distrações e divertimentos proporcionados pelos estímulos do mundo
exterior. A doença se estendeu no tempo
e impôs mais perdas e custos econômicos e de vidas.
Para lidar com a pandemia e seus
efeitos sobre as emoções e a mente a Fiocruz produziu uma cartilha com recomendações sobre
saúde mental e atenção psicossocial. A cartilha recomendou evitar o bombardeio
de informações, deixar de assistir ao
noticiário para não se expor às energias negativas sobre violência, mortes,
corrupção e crimes, que levam a aumento de pressão arterial e efeitos no corpo. Manter
a estabilidade emocional ajuda a fortalecer o corpo físico e com isso aumenta a
imunidade para evitar que os vírus causem danos a um organismo que esteja
debilitado. Não se estressar nem se preocupar é uma estratégia para se
fortalecer diante dos vírus que baixa a resistência imunológica e abre portas para a
entrada de patógenos que causam infecções e doenças. Recomendou-se estabelecer
rotina, fazer terapia online, usar a tecnologia para se conectar com pessoas,
dedicar-se ao que gosta, praticar meditação. Universidades ofereceram programas para fomentar o afeto
familiar e comunitário, fortalecer as pessoas e reduzir suas fragilidades. Ressaltou-se
importância da segurança psicológica para profissionais que permanecem
ativos na pandemia, tais como os bombeiros, para preservar sua saúde mental diante das incertezas.
Lidar
com a pandemia demandou equilíbrio mental e emocional, individual e coletivo. Evidenciou-se
na internet e nas redes sociais o valor dos artistas, da arte e da
cultura para manter a sanidade emocional e mental.
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