quarta-feira, 28 de outubro de 2020

O equilíbrio mental durante a pandemia

 



Yin-Yang

Maurício Andrés Ribeiro

A pandemia testou os limites do equilíbrio emocional. Trouxe o inesperado e  despertou um estado de alerta para dar conta do imprevisível e se adaptar a ele.

Confinadas,  convivendo com a presença iminente da morte, do luto, da tristeza  e  da insegurança econômica, muitas pessoas ficaram estressadas. Aumentou o consumo de álcool e de drogas como modo de alterar o estado de consciência e de lidar com a situação.

A pandemia tornou-se um grande psicológico. Na França a onda de problemas  afetou principalmente os jovens adultos que viram cortados seus planos diante da crise econômica e da falta de oportunidades de trabalho.

Entre os jovens no Brasil houve insegurança, nervosismo e ansiedade, preocupação com o futuro incerto. Permanecer em isolamento físico foi impossível para muitos, devido a condições precárias de moradia sem saneamento básico. Foram atingidos de forma mais séria aqueles que vivem em habitações superadensadas.

O estresse afetou intensamente  as mães com sobrecarga de trabalho em casa. As crianças sofreram  efeitos negativos do isolamento em casa. Buscaram-se terapias, conversas sobre o momento, compartilhamento de sentimentos. Tratamento psicológico e psiquiátrico foram usados para lidar com o estresse.

Quando se prolongou  o isolamento físico,  perdeu-se a paciência  de permanecer confinado e recolhido.  O impulso para romper limites de segurança se manifestou quando as pessoas sofreram a fadiga da quarentena. Sentiram a compulsão de sair, frequentar bares e festas, conviver com outros e passaram a se encontrar, colocando em risco a saúde coletiva. A quarentena foi insuportável, ao colocá-los diante de si próprios, longe das distrações e divertimentos proporcionados pelos estímulos do mundo exterior.  A doença se estendeu no tempo e impôs mais perdas e custos econômicos e de vidas.

Para lidar com a pandemia e seus efeitos sobre as emoções e a mente a Fiocruz produziu uma cartilha com recomendações sobre saúde mental e atenção psicossocial. A cartilha recomendou evitar o bombardeio de informações, deixar de assistir ao noticiário para não se expor às energias negativas sobre violência, mortes, corrupção e crimes, que levam a aumento de pressão arterial e efeitos no corpo. Manter a estabilidade emocional ajuda a fortalecer o corpo físico e com isso aumenta a imunidade para evitar que os vírus causem danos a um organismo que esteja debilitado. Não se estressar nem se preocupar é uma estratégia para se fortalecer diante dos vírus que baixa a resistência imunológica e abre portas para a entrada de patógenos que causam infecções e doenças. Recomendou-se  estabelecer rotina, fazer terapia online, usar a tecnologia para se conectar com pessoas, dedicar-se ao que gosta, praticar meditação. Universidades ofereceram programas para fomentar o afeto familiar e comunitário, fortalecer as pessoas e reduzir suas fragilidades. Ressaltou-se importância da segurança psicológica  para profissionais  que  permanecem ativos na pandemia, tais como os bombeiros, para preservar  sua saúde mental diante das incertezas.

Lidar com a pandemia demandou equilíbrio mental e emocional,  individual e coletivo. Evidenciou-se na internet e nas  redes  sociais o valor dos artistas, da arte e da cultura para manter a sanidade emocional e mental.

 

 

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