O designer redesenha a bandeira.
Maurício Andrés Ribeiro
Amorosidade é uma atitude
necessária para lidar com a pandemia. Num ambiente de doença e morte, o amor
dos pais, filhos, avós, netos, primos conforta e alivia dores e aflições. As
vibrações e energia amorosas emitidas
por amigos e conhecidos fortalecem os ânimos e a psique dos pacientes e de seus
familiares. Se a presença física não é permitida, a presença psíquica e
emocional supera distâncias.
Estamos todos enfrentando a mesma
tempestade, como terrícolas ou terráqueos, a nossa identidade original. Estamos em barcos diferentes e nesse momento não há
lugar para invejar quem está num barco melhor ou desprezar os que estão em
botes mais vulneráveis. A imunidade de cada um é de interesse de todos.
Diante de tragédias e da morte, o
amor se explicita, como observou Patrick Viveret: “No momento dos ataques a Nova York, as
pessoas, ao perceber que iam morrer, não telefonaram para seus banqueiros, a
fim de se informar sobre a situação de suas contas, mas para os que lhes eram
próximos, para lhes falar de seu amor. Diante da morte, o que verdadeiramente
constitui valor é o eixo do amor e do sentido, as únicas paixões capazes de
enfrentar o desenlace final.”
O amor em suas várias formas é a
energia positiva mais forte para melhorar o mundo. As religiões o valorizam (
Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo). A Organização Brahma Kumaris publica frases
inspiradoras sobre virtudes e valores, entre eles o amor: "O amor é uma
das qualidades originais da alma humana. Porém, se misturou tanto com apego,
possessividade e dependência, que tais hábitos profundamente arraigados foram
sendo aceitos como normais. Como resultado, o ser humano tem dificuldade de
perceber a verdadeira forma de amor puro, que é incondicional. A qualidade do
amor significa: eu me importo, eu compartilho e, em especial, eu liberto. O
verdadeiro amor espiritual nunca gera dependência onde os outros não podem ser
eles mesmos."
Poetas o declamam. Luiz de Camões: “Eu cantarei de amor tão docemente, Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados Faça sentir ao peito que não sente.”
Os artistas se manifesam: o grafiteiro pergunta onde ele se encontra e o designer o insere na bandeira.
Filósofos reconhecem sua importância: Bertrand Russell afirmou que o
amor é sábio e o ódio é tolo. Edgar Morin fala da força do amor, de
Eros, diante do Tanatos, da morte. Goethe observou que “A inveja e o
ódio, mesmo se acompanhados pela inteligência, limitam o indivíduo à superfície
daquilo que constitui o objeto da sua atenção. Mas, se a inteligência se irmana
com a benevolência e com o amor, consegue penetrar em tudo o que nos homens e
no mundo há de profundo.” Sri Aurobindo
escreveu que “É o dharma de todo homem ser livre na alma,
levado a servir não por compulsão, mas pelo amor; ser igual em espírito,
encontrando seu lugar na sociedade pela sua capacidade para servi-la; ser em relações
harmônicas com seus irmãos humanos, ligado a eles por amor e serviço, não por
laços de servidão ou relações de explorador e explorado.“ Sri Aurobindo também ressaltou a importância do amor para a comunicação não violenta e o mau uso da liberdade de expressão, um dos males que acontecem na sociedade moderna: "Somente o amor pode evitar o mau uso da liberdade."
Yuval Harari, autor de Sapiens e de Homo Deus:
estende a importância do amor à vida animal para evitar novas pandemias: “Bilhões
de animais domesticados, como vacas e galinhas, são tratados pela indústria de
carne, laticínios e ovos como máquinas, não como criaturas vivas capazes de
sentir dor e angústia. E a ciência demonstra-nos que vacas e galinhas vivenciam
um mundo complexo de emoções e sensações. Elas são capazes de sentir dor, medo
e ansiedade, além de alegria, tranquilidade e amor. Ainda assim, os humanos
ignoram completamente o seu sofrimento. "
Finalmente a importância do amor é reconhecida
no âmbito da ciência. Antonio
Nobre ressalta a importância do amor incondicional e da colaboração para a evolução
da vida e da renúncia ao egoísmo para evitar o crescimento canceroso de células
que trazem a morte aos seres vivos que integram o organismo maior de Gaia,
nosso planeta vivo.
Muito já se pensou e falou sobre o amor. Colocá-lo em prática na vida cotidiana e nos tempos da pandemia é um exercício que alivia dores e sofrimentos.
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