O astronauta enxergou a unidade planetária. Fonte: NASA
Maurício Andrés Ribeiro
Na pandemia observou-se a
união de esforços para a produção de uma vacina. Processos que demoravam vários
anos foram concluídos em alguns meses. O trabalho cooperativo entre cientistas
e pesquisadores de vários países produziu um efeito sinérgico que acelerou os
resultados. O instinto de sobrevivência e a busca da segurança motiva a construção
coletiva de respostas.
Quando tem um objetivo
comum e desenvolve um projeto coletivo, o ser humano é capaz de realizar
tarefas e missões colaborativas que de outra forma seriam impossíveis. Quando
identifica um inimigo comum, nesse caso um vírus, a humanidade se une.
Uma meta compartilhada
por bilhões de pessoas atrai a adesão e a motivação de muitos cérebros
individuais num mesmo rumo. Ter um projeto unificador e mobilizar os recursos
para colocá-lo em prática numa obra coletiva é um modo de lidar com a crise
sanitária. Grandes projetos comuns
Um ponto de partida
relevante para trabalhar cooperativamente é conceber a humanidade como uma
unidade e valorizar os denominadores comuns que nos unem. Atualmente movimentos identitários enfatizam as diversidades e procuram afirmar a
existência e os direitos de grupos oprimidos ou minoritários. É relevante essa
afirmação das diversidades, desde que não se perca de vista a existência da
unidade, que vai além das diferenças. Para além da biodiversidade e das
diversidades sociais e culturais, está a noodiversidade, a variedade de
modos e estágios de consciência. Uma
Babel de ideias e de expressões divide e cria divergências, sendo necessário identificar os denominadores comuns que convergem.
O mundo é diverso, mas é uno. O astronauta ao longe percebe essa unidade, que engloba todas as diversidades. Pierre Weil enfatizou essa unidade ao apontar para a fantasia da separatividade, pela qual temos a impressão de sermos partes separadas desse todo, que engloba não apenas a espécie humana, mas todas as espécies vivas. Todas as vidas, humanas e não humanas, importam.
Inventar, produzir e
aplicar uma vacina contra o Covid-19 é um exercício de aprendizado. Pode ser um
primeiro passo para grandes projetos colaborativos
no século XXI que lidem com outras crises e outras pandemias.
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