Vivemos num pequeno planeta com limitada capacidade de
suporte. O crescimento econômico ilimitado, baseado em consumo crescente de recursos naturais e
produção de bens materiais pode produzir o colapso
ecológico. A economia não pode continuar a fazer de conta de que não
existem limites ecológicos na capacidade de suporte da Terra.
Nos
processos biológicos, muitas vezes o crescimento ilimitado constitui uma
doença, como ocorre com a proliferação de células cancerígenas. O planeta não
sustenta pressões ilimitadas e se defende por meio das mudanças ambientais e
climáticas. Caso o modo de crescimento seja
qualitativo, mais do que quantitativo e caso seja baseado em recursos
renováveis, ele pode ser compatível com a capacidade do planeta por um maior
período. Fritjof Capra e Hazel Henderson distinguem o crescimento
quantitativo do crescimento qualitativo e defendem esse último.
Na
relação da economia com as Ciências Ecológicas há a urgência de inverter posições.
A economia é parte da ecologia, e não o contrário. A Ecologia é a teoria e a
ciência primordial e a economia é uma de suas aplicações: “A função da economia
seria cuidar de nossas pequenas casas, aquelas que só podem perseverar em suas
atividades se a teoria da grande casa – nosso planeta ou nossa biosfera – for
capaz de abrigá-las” escreve Patrick Viveret, em Reconsiderar a riqueza, 2006. A
economia precisa atuar considerando os processos, as potencialidades e limites
ecológicos, para não agravar os colapsos ambientais e conseqüentes problemas
sociais, o sofrimento humano, a produção de refugiados climáticos e os riscos
políticos e à segurança.
Capra (2002), aponta que economia e ecologia têm metas distintas:
“Ao passo que o capitalismo global é composto de redes eletrônicas de
fluxos de finanças e de informação, o projeto ecológico mexe com redes
ecológicas de fluxos de energia e matéria. A meta da economia global, em sua
forma atual, é a de elevar ao máximo a riqueza e o poder de suas elites; a do
projeto ecológico, a de elevar ao máximo a sustentabilidade da teia da vida. “
Para integrar as questões econômicas e ecológicas, é necessário
o casamento entre as políticas ambientais e as econômicas. Economia e ecologia
precisam caminhar na mesma sintonia e o sistema econômico precisa considerar as
questões ecológicas.
A Ecologia econômica é um dos muitos campos em que se desdobraram as
Ciências Ecológicas desde os primórdios da Ecologia como um ramo da Biologia,
no século XIX. Cabe ao campo da ecologia econômica:
• Promover a inclusão da economia na ecologia.Analisar a
interação dos processos sociais, econômicos e naturais. • Analisar os efeitos dos fenômenos ambientais e climáticos sobre os diferentes setores econômicos.
• Avaliar possibilidades econômicas e limites ecológicos dos ecossistemas.
• Avaliar criticamente modelos de desenvolvimento que desfiguram ecossistemas e colocam a vida em perigo.
• Conhecer os efeitos, sobre os recursos naturais, da pressão pela satisfação das demandas materiais.
• Desenhar modelos e indicadores para avaliar o uso econômico dos ecossistemas e dos recursos naturais renováveis e seus impactos sobre o meio ambiente natural e humano.
• Oferecer conhecimentos para conciliar demandas econômicas com a manutenção dos processos ecológicos vitais.
• Recuperar a ideia de fideicomisso, pela qual os cidadãos atuam como guardiões e protetores de ecossistemas em nome dos cidadãos e das gerações futuras. Hoje, governos e corporações representam interesses imediatistas e não representam as gerações futuras, os ecossistemas e as espécies não humanas.
A
natureza presta serviços ambientais ao reciclar nutrientes, produzir e
purificar a água, fornecer oxigênio, sequestrar e reciclar o carbono, regular o
clima e moderar o impacto de mudanças climáticas, manter e proteger a
biodiversidade, reduzir perdas de solos e nutrientes, reduzir riscos de
incêndios, contribuir para a beleza e a recreação. Caso tais serviços não
fossem prestados gratuitamente, teriam custo para a sociedade. A ecologia
econômica propõe que sejam contabilizados e que sejam oferecidas compensações
econômicas aos serviços naturais prestados pela natureza.
Ecologizar
a oferta é necessário porém insuficiente. Não basta a ecoeficiência, o aumento
de produtividade, a redução de emissões de poluentes, as energias renováveis, o
esverdeamento da construção civil, da produção de energia, do transporte, da
agricultura. Isso é necessário, porém insuficiente caso não existam mudanças
correspondentes no padrão de demanda e no comprometimento social e individual
com atitudes e comportamentos ecologizados. Na economia, a formação da demanda
tem um forte componente psicológico e cultural.
A crise climática oferece oportunidades para se
redirecionar as demandas, as tecnologias e modos de produção em direção a uma
economia ecologizada, de baixo carbono. Entretanto, para que essas
oportunidades sejam aproveitadas, os tomadores de decisão, empresários, a
sociedade civil e os governantes precisam ter uma mentalidade ecologizada. O déficit de formação cultural, de percepção e de
compreensão desses temas, precisa da Ecoalfabetização.
Precisa conhecer o que são as ecologias, que se desdobram em muitos campos, a
partir de sua origem nas ciências biológicas. Ecologizar as crenças, os
desejos, a educação e a cultura implicam em internalizar os conhecimentos das
ciências ecológicas nesses campos.
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