Maurício Andrés Ribeiro
Ecologizar a
administração pública implica levar para todas e cada uma das instituições de
governo a abordagem ecológica e não a deixar confinada a um nicho
administrativo marginal e periférico. A autoridade máxima de governo e das
instituições que a auxiliam e assessoram precisa internalizar essa postura.
As áreas de articulação
política e institucional dos governos – secretarias de governo, ministério da
Casa Civil, têm importante função como agentes aglutinadores, pois dispõem de
autoridade para convocar as demais secretarias ou ministérios, que de outra
forma não atenderiam a convites feitos por órgãos com menor poder.
Diferentes ministérios
(secretarias, no caso de estados e municípios), tendem a atuar com autonomia e
independência caso inexista esse comando e liderança com visão de unidade.
A área ambiental, por sua
natureza transversal e dimensão presente em cada setor, trata de temas
controversos e polêmicos que exigem a construção de convergências.
A presença da Casa Civil
nos temas climáticos e ambientais é sinal da importância crescente de tais
temas e da crescente necessidade de mediação de conflitos.
Quando a Casa Civil ou a
Secretaria de Governo - que desempenha funções equivalentes à da Casa Civil na
esfera federal .- assumem a coordenação da política de mudança climática isso
significa um upgrade na importância
que o tema recebe e na capacidade de se mediarem posições conflitantes dentro
do governo. Nos preparativos para a conferência das partes em Copenhague em
dezembro de 2009, já houvera um processo de convergência de posições entre os
vários ministérios do governo brasileiro - ministérios de relações exteriores,
de ciência e tecnologia, de meio ambiente, da fazenda, a Casa Civil, que
envolveu o próprio presidente da República.
Da mesma forma, a Casa Civil/Secretaria
de Governo assume a mediação das posições divergentes entre a área ambiental, a
da agricultura e do desenvolvimento agrário. Ainda, ela coordena o sistema de
monitoramento e prevenção de desastres ambientais. Todos esses temas de
interesse transversal, transsetorial
Secretarias de governo, ministérios
como o da Casa Civil e outros com autoridade de articulação e coordenação tem
um papel crescente a exercer num numero crescente de temas ambientais que suscitam
a necessidade de mediação dentro do governo.
Cada vez mais o
envolvimento da Casa Civil e das secretarias de governo será necessário para
ecologizar os governos.
No Conselho Nacional do
Meio Ambiente - CONAMA foi adotado um processo de interação na preparação das
reuniões plenárias, entre os conselheiros dos cinco segmentos que o compõem: o
governo federal, os governos estaduais, os governos municipais, os empresários
e as organizações sociais. Cada um desses segmentos se articula previamente
para definir orientação comum sobre os temas em pauta. No âmbito do governo
federal, reúnem-se previamente representantes dos cerca de 40 ministérios que
participam daquele conselho, coordenados pela Casa Civil. Ali são aparadas as
arestas, nivelados os conhecimentos, de forma a que o governo federal chegue à
plenária com um mínimo de divergências expostas. Sem tal preparação prévia, as
plenárias são prejudicadas com a exposição pública de divergências entre
distintos setores governamentais, o que prejudica a produtividade das reuniões.
A partir do momento em que os cinco segmentos que participam do Conama passaram
a se reunir previamente e a produzir convergências, houve um significativo
ganho de qualidade nas plenárias. De fato, num conselho com 104 membros, essas
preparações são relevantes, já que existem muitos pontos de vista e interesses
em princípio divergentes, mas que nesse processo são induzidos a chegarem a um
denominador comum ou a uma convergência. Também durante as plenárias a Casa
Civil atua para produzir convergências diante das propostas apresentadas.
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