quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Defesa imunológica integral


Maurício Andrés Ribeiro
A pandemia trouxe para o primeiro plano a importância da defesa imunológica. Fortalecer a defesa do corpo contra os ataques de vírus é um modo de lidar com os riscos que eles trazem para a saúde corporal. Pode-se fortalecer as defesas físicas por meio da boa alimentação e hidratação do corpo, de exercícios físicos e de respiração, posturas adequadas, remédios naturais, vitamina D, luz do sol. Há outros modos de fortalecer as defesas, que são emocionais e mentais: concentração, meditação, yoga, orações, alterar a frequência de vibrações corporais, reduzir o cansaço, o medo, o estresse, a raiva, o ódio, cultivar  a compaixão, a generosidade, o amor e atividades como sorrir, brincar, cantar.
No corpo, os leucócitos, ou glóbulos brancos, são as células que circulam pela corrente sanguínea, defendem o organismo e formam uma grande barreira de proteção.  Eles reconhecem células estranhas, envolvem e digerem as invasoras e produzem anticorpos que as neutralizam. Nas doenças autoimunes o sistema reage contra o próprio corpo.
Coletivamente, pratica-se a defesa contra a pandemia por meio do isolamento físico, hábitos de higiene pessoal, evitando aglomerações. A descoberta e aplicação de vacinas também é um modo eficaz de combater uma doença infecciosa. As vacinas estimulam o sistema imune e sua memória, de modo que quando o organismo é exposto a um vírus, ele reage rapidamente. A imunidade coletiva é aquela em que uma parcela da população já se tornou imune e se bloqueia a cadeia de infecção. Quando o compromisso individual é voltado para a mútua defesa geral adquire-se a coimunidade.
Descobrir modos de prevenir a sociedade contra a vinda de novas pandemias pode evitar mortes e sofrimentos. A prevenção de pandemias é mais barato do que agir depois que a infecção já se espalhou numa população. Entre as ações práticas de defesa contra novas pandemias está:
considerar conjuntamente a saúde humana, social e ambiental;
reduzir desmatamentos, com o efeito colateral positivo de mitigar mudanças climáticas e produzir água.
investir em proteção de habitats naturais de espécies silvestres,
mudar hábitos alimentares evitando, o consumo de animais silvestres e de animais confinados em fazendas industriais;
tornar leve a pegada hídrica e ecológica, por meio da redução do consumismo, do viajismo, do carnivorismo.
Numa perspectiva de futuro, é prioritário pensar sobre a prevenção das próximas pandemias e  a necessidade de se achatar a curva das mudanças no clima, uma grande encrenca diante da humanidade. 
A prontidão para atuar em emergências reais caracteriza um bom sistema de defesa da saúde humana, animal e ambiental.
A defesa ambiental foi  durante muito tempo praticada pioneiramente por organizações da sociedade e por ativistas individuais. Alguns governos responderam por meio de leis e instituições voltadas para esse tipo de defesa. Com o tempo, elas mostraram alguma fadiga e impotência para fazer frente a todos os ataques e riscos ambientais emergentes. Mais recentemente, novos atores se incorporaram a essa atitude: capitalistas – banqueiros, investidores, acionistas, empresários – perceberam que a falta de defesa ambiental dá prejuízo no médio e no longo prazo e que os ganhos imediatos no curto prazo usufruídos por pequenos grupos na sociedade transformam-se em prejuízos. Sua ação veio tarde e ainda é vocalizada por poucos. Esses novos agentes fortalecem o sistema imunológico de defesa ecológica e podem ter bons resultados devido a seu poder econômico e político.
Investir em prevenção requer o uso de armas como conhecimento, capacitação e recursos financeiros. A sociedade necessita  que se tenha prontidão  para  se prevenir o alastramento de doenças e mortes, com equipes capazes de atender prontamente a situações emergenciais. Eventos de destruição ecológica e crises sociais também merecem ser enfrentadas proativamente por meio de investimentos em saúde, educação, moradia, saneamento.
A pandemia traz uma oportunidade para se repensar de modo integral o tema da defesa, priorizando nos orçamentos aquelas atividades que reduzem os riscos reais que ameaçam a sociedade e a vida.

 

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