Maurício Andrés Ribeiro
Andar
com fé eu vou
Que
a fé não costuma faiá.
Gilberto
Gil
Nos
últimos anos tenho presenciado nascimentos e
intervenções cirúrgicas em hospitais. Tais eventos trouxeram aflições devido
aos riscos associados a eles. Foi preciso confiar que os
médicos e enfermeiros estavam fazendo o seu melhor para salvar vidas. Para a cura, são importantes a competência e dedicação
dos profissionais e suas máquinas, medicamentos e monitores, produtos da
ciência e da tecnologia humanas. Para além disso, ajuda muito a vontade de viver do
paciente; o amor e presença de familiares e amigos; as confortadoras mensagens com torcidas e orações;
a invocação das energias e vibrações daqueles que já se foram para outros planos da
existência.
A
sabedoria mineira diz: “Confiar desconfiando”.
A confiança não pode ser cega pois se a fé não costuma
faiá, os seres humanos costumam falhar. Há erros médicos,
imperícia, incompetência nos diagnósticos
e nas intervenções. Falhamos ao criar expectativas que se frustram, ao
fazer promessas que não são cumpridas, ao cometer imperícias no trânsito ou nos
procedimentos médicos etc.
Várias
músicas falam do tema. Fernando Brant escreveu que Maria Maria possuía a
estranha mania de ter fé na vida. Roberto Carlos cantou a sua Fé. Músicas
religiosas cantam para multidões a confiança em Deus e seu poder; louvam-no
como um amigo que espanta o medo e a
desesperança e que alivia as aflições e sofrimentos.
Em
que medida a fé reforça a imunidade e ajuda a lidar
com a pandemia? O papel da fé na pandemia
foi abordado em artigos que tratam da existência humana, das
incertezas trazidas pela doença, dos
aprendizados pessoais e coletivos.
Confiar
na providência divina ajuda a obter proteção e segurança psicológica para
enfrentar as aflições da doença. O poder
da fé fortalece o ânimo, reduz
o estresse e aumenta a capacidade de superar
obstáculos.
Entretanto,
não basta ter fé e sair por aí se aglomerando, sem máscara, sem higienizar as mãos.
A fé em Deus e a crença de que tenho o corpo fechado e nada
me atingirá levam a comportamento temerário. É preciso fazer a sua
parte. Deus ajuda a quem se ajuda. A fé é uma condição necessária, não suficiente, e precisa
estar combinada com outros cuidados. Ciência
e fé fazem uma combinação poderosa.
Numa
pandemia, a fé fortalece o corpo ao reduzir o estresse, que é intensificado
pelo medo das perdas de vida ou perdas materiais. Vale
manter a confiança nos médicos e na providência divina ou numa força maior que dá
a sua proteção para que o melhor aconteça.
Confiar em si próprio e confiar em Deus tornam-se crenças
idênticas quando se acredita que o Deus que se encontra dentro de nós precisa emergir. O Namasté, cumprimento tradicional indiano,
significa isso: “O Deus dentro de mim saúda o Deus que existe em você.”
A
confiança é uma atitude que ajuda a
enfrentar a pandemia e a lidar com outras crises sanitárias, climáticas e ecológicas
que ocorrerão nessa etapa de transição na evolução humana, nesse estágio
terminal da era cenozoica.