Mortes por milhão de habitantes na India, no Brasil e em países europeus
Maurício
Andrés Ribeiro
Em
18 de julho quando completou 1 milhão de casos constatou-se que,
com seis vezes mais população do que o Brasil, a Índia tinha metade dos casos e
três vezes menos mortes, ainda que a população urbana lá seja 3 vezes maior do
que a do Brasil.
Por
quê a Índia continua em dezembro de 2020 a ter 8 vezes menos mortes de Covid por milhão de habitantes do que o
Brasil, os EUA, a Itália, a França, o Reino Unido, a Espanha, a Argentina etc?
Isso suscita indagações e
hipóteses que envolvem tanto aspectos de gestão da pandemia como aspectos
culturais e espirituais:
Será maior do que a subnotificação
no Brasil?
Qual o
número de mortes em excesso comparadas com outros anos, para poder se
dimensionar as subnotificações e ter um número mais correto?
2.
Isso se deve a políticas dos governos
federal, estaduais e locais? Ao fato do
governo da India ter sido radical em seu lockdown, enquanto no Brasil houve
ambiguidade e posições divergentes das autoridades federais, estaduais e
municipais? À melhor ou pior gestão da pandemia? O governo indiano foi mais eficiente no controle
sanitário do tráfego aéreo de pessoas?
3.
Ao fato de na Índia as cidades terem se
esvaziado após o lockdown, com o retorno de milhares de pessoas a suas aldeias
natais?
4.
À distribuição
populacional e ao fato de que a
maior parte da população indiana ser rural e mais jovem (mais
da metade da população com menos de 25 anos)?
5.
A razões
comportamentais e ao fato de o povo indiano ser mais
disciplinado e mais respeitoso em relação ao coletivo em comparação com o brasileiro,
este mais individualista e mais propenso à transgressão?
6.
À milenar história indiana em que houve um
aprendizado e know how de lidar com epidemias e o preparo para
enfrentar adversidades e pestes tais como a cólera, peste bubônica e o
desenvolvimento de mecanismos de
defesa e anticorpos mais fortes e
resistentes no sistema
imunológico?
7.
A fatores
climáticos e ambientais?
8.
A práticas
alimentares tais como o uso da pimenta, cúrcuma, cominho e outros condimentos e
especiarias fortalecedores da imunidade que atuam como remédios?
9.
Ao vegetarianismo e baixo consumo per
capita de carne, que reduzem a existência de wet markets como os da China e daí
reduzem o risco de produzir novas pandemias derivadas do relacionamento de
humanos com seres não humanos, animais silvestres e outros?
10.
À consciência do corpo
com respiração e posturas corporais adequadas, bem como ao hábito de tirar os sapatos ou sandálias antes de entrar
em casa e lavar os pés, comer com a mão direita e fazer a higiene com a
esquerda, ao uso disseminado de água sanitária? Ao uso de lenços no
rosto para quem não tem máscara?
11. Se o contágio
depende do estado imunitário e a primeira barreira contra a entrada do vírus no
organismo é a mucosa, então a alimentação, meditação, respiração consciente ou
exercícios posturais podem ter algum efeito nesse estado imunitário? À imunidade adquirida por meio de hábitos de vida,
alimentares, na medicina, nos exercícios com o corpo?
12.
A práticas e
valores espirituais, a meditação e Yoga, fé e crença, o Namasté ao invés do aperto de mão, que aumentam a imunidade? Calma, OMM,
desestresse, coragem, confiança, valores espirituais e fé fortalecem o sistema
imunológico?
13. A
fatores genéticos? A
imunidade inata dos indianos seria maior do que as dos brasileiros? Alguns artigos levantam a hipótese de que os indianos podem ter diferenças genéticas
que os protegem contra os vírus. E a pandemia na Ásia em
geral também intriga os cientistas.
14. À eficácia de medicina ayurvedica e outras
medicinas tradicionais, e outros modos de prevenir e cuidar de doenças? A Índia
é grande fabricante de remédios alopáticos, ayurvédicos, homeopáticos. À exposição
a uma vacina contra tuberculose?
16. A uma cepa
diferente do vírus, menos contagiosa e menos letal do que a que circula na
Europa e no ocidente?
17. A uma combinação
entre várias dessas hipóteses acima?
Não tenho respostas
definitivas para essas questões. Continuo acompanhando comparativamente a
evolução da pandemia no Brasil e na Índia para compreender o que nos diferencia
e o que nos aproxima. Desconfio que isso poderá trazer bons ensinamentos e
lições que os brasileiros podem aprender com a India.
Vamos ver qual será o resultado
alguns meses à frente...
Cuide-se!
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