O navegador Amir Klink navega solitário pelos mares. No oceano de água salgada, cada gota é preciosa. Ele fala que, no projeto do barco, a torneira é acionada com o pé para não desperdiçar água.
Quando Brasília foi construída, nos anos 1960 e 1970, não havia
preocupação com gastos e água e energia.
Nos apartamentos então construídos, havia aquecedor central e a água quente
precisava fluir vários metros até chegar aos chuveiros. Para tomar um banho
quente, era preciso deixar a torneira aberta durante vários minutos. Em prédios
recentes, construídos no contexto da
crise energética, climática e hídrica, instalam-se aquecedores solares que reduzem o consumo de energia elétrica e a
torneira de água quente é ligada nessa tubulação. O consumo de água é reduzido.
Em situações de extrema escassez, cada gota vale ouro e soluções engenhosas de design poupam a água valiosa. Em
Israel e na Austrália tais soluções são
concebidas e aplicadas. Na Califórnia os cidadãos recebem incentivos econômicos
do governo para substituírem torneiras e chuveiros que gastam muita água por
outros que as economizam. Industrias são estimuladas a colocarem tais instalações
no mercado e as normas e regulamentos induzem o seu uso.
Por outro lado, o hábito de ter à disposição a fartura de água não ajudou a criar uma
cultura de economia. Em cidades
coloniais antigas, como Ouro Preto, a água corria livre e gratuitamente em
chafarizes públicos e muitas casas tinham bicas de água corrente gratuitas. Não havia torneiras ou registros de
controle ou cobrança de tarifas pelo
uso.
O hidrodesign é uma estratégia proativa para
reduzir o consumo excessivo e para reduzir
perdas de água.
É uma forma inteligente de proteger o meio ambiente,
preventivamente, ao aproveitar ao máximo as águas, promover o uso de
tecnologias limpas e processos de produção hidroeficientes. O hidrodesign leva
em consideração os aspectos estéticos, funcionais, de segurança ou de ergonomia
dos produtos, casas ou cidades, bem como a maneira com que cada um de seus
componentes afeta a água.
Por meio do desenho de produtos que leve em consideração todo o
seu ciclo de vida, desde sua concepção, é possível conceber formas de reduzir o
impacto sobre a natureza que fornece a água virtual que resultará naqueles
produtos.
Escolas
e centros de pesquisa e inovação têm um papel relevante na formação profissional. A
importância do trabalho de arquitetos e designers nesse campo justifica que,
nas universidades, sejam tratadas as questões da captação de água de chuva,
de como a água se comporta no seu ciclo, quando escorre nas
superfícies, se infiltra no solo, evapora e está presente na atmosfera.
Hidratar
o design de produtos, de edifícios e de cidades é um modo responsável de atuar
na sua concepção, podendo reduzir os impactos da atividade humana sobre as
águas e tornar essa relação mais
amigável.