terça-feira, 21 de julho de 2020

Os novos ecologistas capitalistas


Maurício Andrés Ribeiro

Nos últimos tempos há vários sinais de que os capitalistas, investidores e acionistas  estão passando por uma transformação de consciência. Os novos ecologistas estão chegando e sua origem é o setor econômico e financeiro das sociedades. Os capitalistas estão percebendo que devastação ambiental lhes dá prejuízos econômicos.
Alguns capitalistas estão se ecologizando. Está caindo a ficha que sem isso eles terão prejuízos econômicos a médio e longo prazos. O auto interesse egoísta e míope  aos poucos cede lugar a um auto interesse mais esclarecido e que enxerga um pouco mais longe. A ego ação cede lugar à eco-ação. Ainda está longe uma visão altruísta e de prestar um serviço desinteressado à humanidade (seva ação) mas iniciativas como essa podem ser passos iniciais nessa direção.
Fundos  de investimento internacional pressionam governos para proteger florestas, sob  pena de não mais investirem. Eles usam como arma o capital de que dispõem e que é muito cobiçado para investimentos. São seguidos por empresários locais  com pressões similares. A pandemia acelerou mudanças na percepção e na consciência de empresários e capitalistas.
O capitalista míope enxerga o dinheiro antes de todo o resto.
Os neoecologistas articulam economia e ecologia. Os capitalistas não egoístas, investidores, acionistas, conselhos de administração, diretores das empresas, corporações e companhias percebem que terão prejuízos se não considerarem os demais stakeholders ou partes interessadas.
Tomara que assumam cada vez mais suas responsabilidades e que outros se alinhem com essas atitudes.
Tomara que essa atitude contagie muitos outros milionários e bilionários no Brasil e no mundo para que, num surto de generosidade e de solidariedade, ajudem a humanidade nessa pandemia e nas outras crises que virão.
 Tomara que os capitalistas não egoístas se multipliquem e ofereçam sua cota de participação para o bem comum e não apenas para os seus próprios bolsos e contas bancárias. Enquanto os governos não atenderem às justas reivindicações de parte dos detentores das grandes fortunas de serem mais e mais taxados, o excesso de dinheiro que lhes pesa nos bolsos poderia ser doado para boas causas sociais, culturais e ecológicas.
A pandemia acelera a ecologização da economia, e das práticas bancárias. Talvez isso leve à ecologização dos capitalistas, no seu próprio auto interesse.
Uma reinicialização necessária com a mudança de consciência de capitalistas.
 

A realidade é dinâmica, mutável e  as conjunturas das atualidades são passageiras. O egoísmo pode ser superado. A solidariedade pode prevalecer. O futuro está aberto e há nele um grande potencial: ecologizar os capitalistas é um deles.

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