terça-feira, 2 de janeiro de 2018

As mudanças climáticas e a miséria



Entre as causas que levam as pessoas à miséria estão as doenças, a velhice, ser atingido por desastres, sofrer o impacto de outra cultura e ser pouco resiliente ou capaz de adaptar-se aos impactos e choques sofridos.
Os atingidos por eventos climáticos extremos – inundações, deslizamentos de encostas, furacões, elevação do nível dos mares etc, - quando não perdem a vida, frequentemente perdem o que tinham de bens materiais: casas, móveis, equipamentos domésticos, carros. O produto do trabalho de anos desaparece em minutos, sendo dificilmente recuperável. Pessoas atingidas por desastres tendem a mergulhar na piscina da miséria. Mudanças climáticas produzem e redistribuem miséria.
Filipinos, habitantes de ilhas no Pacífico em vias de extinção por afogamento e refugiados ambientais atingidos por desastres ficam entregues à própria sorte, num salve-se quem puder diante da falta de capacidade para atender a todos os que precisam de socorro. As mudanças climáticas também podem agravar desigualdades socioeconômicas, pois os mais vulneráveis a perdas são aqueles que menos podem se defender e encontrar alternativas, induzidos a ocupar áreas de riscos de inundações, deslizamentos de terra etc.
Por outro lado, a miséria pode agravar as mudanças climáticas. Assim ocorre, por exemplo, quando para sobreviver, pessoas precisam desmatar e emitem gases de efeito estufa. A riqueza material também pode produzir mudanças climáticas, pois uma pesada pegada ecológica e de carbono exerce pressão e impacto sobre o ambiente e o clima. Estilos de vida pessoais e coletivos que desperdiçam, que sejam energeticamente ineficientes, tais como hábitos alimentares que levam ao desmatamento agravam problemas ambientais. 
Em alguns casos, a mudança climática pode produzir riqueza. Isso ocorre, por exemplo, em áreas de clima frio que se tornam temperadas e agricultáveis, como na Rússia, no Canadá, no Alaska e nas terras próximas ao Ártico. Alguns setores da economia também se fortalecem, tais como os de atendimentos a desastres.
Grande parte dos desastres climáticos se associa ao ciclo da água, por ser ela um componente presente na dinâmica climática, o elemento da natureza que mais diretamente se altera com as mudanças de temperatura. Quando a temperatura esfria ela se congela, quando o tempo esquenta ela se evapora. Com tais variações de temperatura, algumas regiões sofrem maiores secas, outras sofrem maiores inundações, escassez e excesso de água. O ciclo da água se altera à medida que se maior emissão de gases de efeito estufa transforma o ciclo do carbono e outros ciclos biogeoquímicos.
Para se enfrentar os desastres climáticos que levam as pessoas à miséria deve-se atuar depois que eles ocorreram e produziram seus danos, mas principalmente, prevenir para que as pessoas sejam menos atingidas. Em cada localidade, uma gestão consciente pode adotar posturas prudentes, tais como não ocupar áreas de risco e montar sistemas de alerta e de prevenção. Assim, reduz-se uma das componentes que geram a miséria material.
Compreender as mudanças climáticas, atuar no sentido de que sejam prevenidas e, também, adaptar-se a elas, é uma forma abrangente, generosa e esclarecida de atuar por maior justiça social e pela redução da miséria. O cidadão consciente tem papel fundamental ao se comportar de modo ecologicamente responsável e ao atuar para que os governos, em todos os níveis, bem como as empresas, também adotem tal padrão de comportamento.

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