quarta-feira, 3 de abril de 2024

O reino animal na arte de Maria Helena Andrés

As relações dos seres humanos com os animais variam de uma sociedade para outra e evoluem ao longo do tempo.  Em algumas culturas os animais são tratados como coisas, escravos. Em outras sociedades eles são divinizados, vistos como seres sagrados.  Atualmente na cultura ocidental, na esteira da consciência ecológica, passa-se a valorizá-los e a ter maior percepção sobre suas emoções e inteligência. Parcelas da população se tornam vegetarianas, mudam seus hábitos em relação aos animais, adotam afetivamente os pets domésticos. Cria-se uma nova relação dos seres humanos com os animais, não mais tratados como coisas, com crueldade, mas tratados com o cuidado que merecem, como seres vivos com sensibilidade, emoções, inteligência e afeto. Eles são parte integrante da biosfera, junto com os seres humanos, os vegetais e os fungos. 

Os artistas por seu poder de comunicação, têm um papel importante para sensibilizar a sociedade para com os animais, percebidos como pessoas não humanas. Dentre esses destacam-se os artistas plásticos e visuais.

Durante toda sua longa carreira artística e em cada uma de suas fases Maria Helena Andrés focalizou o reino animal. Na década de 50, morava numa casa com um amplo quintal no bairro de Funcionários, em Belo Horizonte. Ali havia um galinheiro em que as crianças promoviam casamentos das galinhas, festas e procissões. 

Ela tinha seu atelier junto ao galinheiro e escreveu: “As crianças me acompanhavam enquanto eu pintava e algumas vezes eram incluídas nos meus quadros. Gostavam de brincar no fundo do quintal com as galinhas e os cachorros da fazenda.” 

Ela escreveu que: “Ia todos os fins de semana para a fazenda do meu sogro em Entre Rios de Minas. Ali desenhava cenas da vida rural, buscando a simplificação da figura como uma necessidade interior de disciplina e concentração. Suprimir detalhes, valorizar a cor chapada pura, sem nuances, era para mim também uma busca espiritual da essência da forma, síntese espontânea, intuitiva, conquistada com o exercício constante e ininterrupto do desenho. Os pequenos desenhos da década de 50 foram guardados em pastas diferentes, de acordo com o destino que poderiam ter mais tarde, na pintura, na escultura ou na arte aplicada.”

Em aquarelas figurativas ou em croquis de linha contínua ela desenhava os boizinhos que se transformaram, décadas depois,  em esculturas de ferro.


Escultura de boizinho

Quando de suas viagens para a Índia, ela desenhou paisagens rurais e diversos animais, tratados na mitologia hindu como deuses: Nandi (o boi), Ganesha (o elefante), Hanuman (o macaco), Subramanian (a cobra). Aquela civilização  politeista valoriza os animais como seres divinizados.

Ilustração publicada no álbum Oriente-Ocidente, integração de culturas. 

Ilustração do  livro infantil Pepedro nos caminhos da Índia. 

Como ilustradora, ela desenhou diversos animais no livro A Água fala, publicado nos anos 2015.






Beija flor e pinguins em ilustrações do livro A Água Fala.

Como pintora, escritora e ilustradora de livros, Maria Helena deu sua contribuição para a sensibilização ecológica em relação a essa parte da biosfera ao retratar os animais livres na natureza ou domesticados e próximos dos seres humanos. 


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