segunda-feira, 1 de abril de 2024

Paisagens celestiais na arte de Maria Helena Andrés

Atenta ao ambiente em que vive, Maria Helena Andrés  sempre valorizou os céus de Minas. Ela seguiu a inspiração de seu mestre Guignard que dizia : “Reparem nos céus de Minas. Eles têm um azul metálico, brilhante.”

O Retiro das Pedras, no alto das montanhas, é um local que foi pensado para ser um estúdio cinematográfico devido à paisagem espetacular e à limpidez do ar. Em várias obras ela mostrou as variações nos céus e nas nuvens vistas a partir do alto das montanhas onde vive. 

 As variações de cores nos céus e a dinâmica das nuvens estão presentes nas paisagens atmosféricas dos céus de Minas e inspiram os artistas.

As paisagens celestiais mostradas por Maria Helena em sua pintura  parecem ser abstratas, mas em alguns momentos adquirem formas e figuras reconhecíveis. Em 2015 ela fotografou uma Asa de Anjo nos céus, atenta ao momento presente. Alguns instantes depois aquela asa de anjo já se desfizera e tomara outras formas. Ela escreveu sobre a fotografia: "Desvendei a beleza dos céus de Minas, as montanhas que prolongam o horizonte a perder de vista, o pôr do sol, as nuvens desenhando figuras no fundo azul. Descobri a alegria de criar sem nenhum objetivo, apenas curtir o momento. Já escrevi que a fotografia é a arte do aqui e agora. Se a gente perde o instante, ele se dilui no tempo, não existe mais."




Carneirinhos, ursinhos, outrs formas animais e humanas surgem e desaparecem com o movimento das nuvens.

Ao pintar as paisagens celestiais ao seu redor, Maria Helena mostra as nuvens, a parcela da atmosfera que contém água, nos chamados rios voadores. A água que circula na atmosfera é um componente essencial do ambiente e é nela que se encontram as respostas para muitos dos problemas e questões relacionados com as emergências climáticas. A falta ou excesso de água são os responsáveis pelos desastres que acontecem com maior frequência e intensidade.  As paisagens aéreas das nuvens no céu, com suas formas fluidas e dinâmicas são uma dimensão da realidade cada vez mais merecedora de atenção e de observação pelos cientistas, no mundo que se encontra às voltas com as mudanças climáticas.

A realidade cósmica é  quase sempre abstrata. Os antigos reconheciam figuras nas estrelas e davam às constelações nomes relacionados com seres conhecidos, como nos signos do zodíaco: Escorpião, Peixes,  Leão, Touro, Gêmeos. A noção de abstração é relativa, num mundo em que os potentes telescópios modernos fotografam as estrelas e as galáxias e que mostram ali imagens que se aproximam de pinturas abstratas. 

Em alguns casos as galáxias são batizadas conforme sua forma se assemelha a figuras reconhecidas na escala terrestre: sombrero, bode, redemoinho, girassol, catavento.

O artista abstrato tem a capacidade de buscar a essência da realidade e visualizar aspectos do micro e do macro universo, para além das aparências. Sua sensibilidade e percepção vão além daquelas do cidadão mediano, que percebe com seus sentidos a realidade imediata.

O artista abstrato lida com realidades das escalas micro e macro do universo. O abstracionismo informal tem um significado especial nesse momento em que o universo é explorado e melhor conhecido, e a dimensão cósmica da realidade se torna mais próxima e visível.




2 comentários:

Marilia Andrés Ribeiro disse...

Muito bom, Maurício. É muito importante fazer este link entre os trabalhos de Maria Helena com questões atuais, como a água do nosso planeta.

Mauricio disse...

O Rogerio Zola comentou: Maurício Andrés Ribeiro estão lindíssimas! Eu vi. Façam uma exposição no Palácio das Artes, no Museu Inimá de Paula ou na Galeria Gilda Queiroz com Simone VR