quinta-feira, 15 de agosto de 2019

A respiração universal


Maurício Andrés Ribeiro

Pela teoria do Big Bang o universo teria aparecido a partir de uma grande explosão e continua se expandindo.

Pela cosmovisão dos Vedas, as escrituras sagradas hindus,  o universo se expande e se contrai. Nessa concepção, o Big Bang seria apenas o ponto inicial de mais uma expansão, depois dele ter-se contraído. A teoria do Big Bounce (Grande rebote ou grande salto) propõe que o atual universo se expande depois de uma contração do anterior. ( O chamado Big Crunch)

A teoria do Big Bounce se aproxima da intuição dos antigos sábios.
A teoria do Big Bounce se aproxima da intuição dos antigos sábios.
Talvez um dia a ciência conclua que existe esse movimento de expansão e de contração e que para além  de um Big Bang existe uma grande respiração ( Big Breath).
Na cosmovisão hindu o tempo é compreendido como fenômeno cíclico.  A criação de cada universo pressupõe a destruição do anterior.
Para a tradição indiana, o universo é criado e extinto de acordo com o ritmo da respiração do deus  Brahma, que, ao expirar cria o universo e ao inspirar o recolhe. Assim, ao respirar,  ele regula os ritmos universais.
O universo respira, a Terra respira e cada ser vivo respira em movimentos  alternados de contração e de expansão.
Respirar é um ato que todo animal ou vegetal realiza do início ao final de sua vida. Da primeira inspiração ao último suspiro, o corpo interage com a atmosfera. Mas respirar não é apenas um ato natural. A respiração consciente, os vários modos e formas de respirar, o aprender a respirar corretamente, transformam esse ato elementar num ato cultural.
Durante minha estadia na Índia, nos anos 70,  tomei consciência da importância cultural da respiração. Os antigos iogues desenvolveram a prática de exercícios respiratórios como forma de concentração. Essa tradição desenvolveu técnicas de controle da respiração e modos de inspirar e expirar a energia que mantém a vida e que está presente em toda a natureza, conhecida como prana.
Ao focar a atenção na respiração e observar o movimento do ar para dentro e para fora dos pulmões, deixa-se de pensar no passado ou no futuro e a atenção orienta-se para o momento presente. A consciência do ato de respirar, associada à vibração de um som como o OM (som universal) durante a expiração, acalma o pensamento e a mente.
A cosmovisão indiana se aprofundou nas ciências e artes da respiração universal e da respiração dos seres vivos e as comunicou de forma compreensível.