Guerra e paz, confronto e diálogo, conflito, harmonia e desarmonia, amor e ódio, competição e cooperação, violência ou falta de amor, estão presentes nas relações entre os seres humanos.
A ecologia política aborda as disputas de poder, a apropriação dos recursos da natureza por um grupo ou nação, os modos de prevenir conflitos por meio do diálogo, da cooperação e de relações amistosas, que constroem concordâncias entre diversas partes com interesses distintos.
Por vezes, partes da população entram em conflito com outros grupos, com outras espécies e com a natureza, em relações desarmônicas e violentas e em guerras. Na medida em que a população humana cresce e escasseiam os recursos da natureza, tendem a se acirrar disputas e conflitos, por vezes com o uso da violência.De certo modo a espécie humana encontra-se em guerra contra a natureza, produzindo o ecocídio.
As guerras são a falência da política e da capacidade de diálogo. Por meio da força bruta e sem compaixão, com violência e falta de amor, a truculência e estupidez impõe-se uma ordem e extingue-se o inimigo.
Entre os artistas que retrataram guerras, acontecimentos épicos e disputas, Picasso pintou a Guernica e os horrores da guerra civil na Espanha; Portinari pintou os grandes painéis Guerra e Paz que estão na sede da ONU; Robert Capa fotografou um soldado caindo no momento da morte.
No período vivido por Maria Helena Andrés ocorreram a segunda guerra mundial, a guerra fria e ditaduras políticas que se refletiram em sua arte. Ela escreveu que “O quadro “Alvorada Vermelha” deu início à minha fase de guerra. Pintado logo após a minha viagem aos Estados Unidos, simboliza o clima de guerra que se espalhou pela América do Norte ao Sul.”
Alvorada Vermelha – 1963
É seu testemunho: “Viajei no auge da guerra fria, quando a ameaça da bomba atômica assustava os americanos. Naquela viagem assisti a um treino de guerra em Nova York. Havia instruções nos hotéis, na TV, sobre como proceder em caso de ataque atômico.“
Radioactive Ship, acrílica e colagem s/ tela, 1965, Acervo Museu de Arte da Pampulha
Ela dá seu testemunho sobre guerra e ditadura: “Trabalhei nesse quadro e em vários outros com a mesma intensidade e o mesmo propósito interno de denunciar a guerra fria e também as torturas e a violência que estavam acontecendo no Brasil durante a ditadura militar.”
“A partir de 1964 o Brasil encontrava-se sob a ditadura militar, muitos jovens eram presos, torturados e mortos, muitos ativistas se auto exilaram e muitas obras de arte foram censuradas. A minha fase de guerra nasceu do impacto provocado por essas experiências. As estruturas que sustentavam a composição dos quadros tornaram-se mais fortes e agressivas, as transparências menos líricas.”
Obra da fase de guerra. 1966
Maria Helena ansiava pela paz, o entendimento, a integração e a unidade humana e para tanto inspirou-se na Índia, país para onde viajou várias vezes por motivo de estudos. Fez ilustrações sobre a integração entre o Brasil e a Índia e a visão da unidade humana para além das diferenças.
A integração humana. Ilustração no livro Pepedro nos caminhos da Índia, 1986
No âmbito da política local, ilustrou no livro “A água fala” os conselhos e comitês de bacias reunidos para promover o entendimento e prevenir conflitos em torno da água.
Reunião de um colegiado - ilustração no livro A água fala
Assembleia e conselho reunido. ilustração no livro a Água fala
A arte sensibiliza para que se unifique e integre a humanidade e se resolvam de forma não violenta os conflitos de interesses e se harmonizem as relações entre pessoas e povos.
Maria Helena escreveu que “A arte, num reencontro feliz de ética com estética, busca a reeducação do ser humano nos diversos setores da sociedade... Busca os espaços onde a violência é uma constante, ali levanta o seu estandarte de paz. “ Ela valoriza a arte abstrata e construtivista: “O construtivismo sensível não acaba nunca, porque ele é o mensageiro de uma paz que existe dentro de todos nós. Esta paz, os artistas buscaram por meio de obras de grande beleza e serenidade.”
Colagem , 2023