Maurício Andrés Ribeiro
A qualidade das águas no
Brasil é alterada por atividades agrícolas, industriais, de mineração, de construção
de infraestruturas, pela falta de saneamento.
A poluição das águas
prejudica o esporte, o lazer, a recreação, a pesca recreativa, a celebração de
cultos religiosos e o turismo. Muitas dessas atividades que se realizam no
tempo livre dependem da agua de boa qualidade.
No Brasil, entre as localidades
com atividades turísticas ou com potencial turístico que tem como atrativo a
águas destacam-se as cataratas do Iguaçu, os rios na região Amazônica, o
encontro das águas em Manaus, cavernas calcárias, Bonito no Mato Grosso do Sul,
o Pantanal, praias, cachoeiras e lagos, as orlas de reservatórios de água.
Preservar
a qualidade das águas e sua disponibilidade é essencial para sustentar essas
atrações. A água para a recreação de contato primário e para a balneabilidade
precisa ter boa qualidade, para evitar epidemias e doenças.
Por
vezes há disputas e conflitos entre os usos da agua para o tempo livre e os
demais usos. Assim, por exemplo, entre os destinos turísticos procurados estão
as orlas de lagos e lagoas. Em alguns reservatórios artificiais que geram
energia hidroelétrica ou para abastecimento, prefeituras e empreendedores
privados investiram em portos, cais, embarcadouros e infra-estrutura de hospedagem.
Entretanto, a operação de usinas hidrelétricas pode exigir o rebaixamento do
nível da água, ocasiões em que as margens banhadas pelas águas retrocedem,
inviabilizando o lazer e a recreação. Multiplicam-se, então, conflitos que se
refletem em ações judiciais de empreendedores e prefeituras.
Conflitos
entre usos também ocorrem quando populações locais pretendem proteger rios e
cachoeiras como patrimônio natural para usufruto local e são confrontadas pelos
interesses de investidores e de empreendimentos de geração de energia elétrica,
como ocorreu nos casos da Cachoeira
em Salto da Divisa em Minas Gerais.
Do mesmo modo, o uso da água
para fins de culto religioso pode implicar em mudar a operação de reservatórios
para liberar água que permita a navegação sem o risco de encalhe das
embarcações, como no caso da procissão
do Bom Jesus de Piaçabuçu, em Sergipe, no Rio São Francisco.
A proteção de locais de culto
sagrados para povos indígenas pode ser feita por meio de tombamento e outros instrumentos,
como no caso das Cachoeira
de Iauaretê na Amazônia.
Os
empreendedores ligados ao turismo, ao lazer e à recreação são potenciais aliados
da luta pela boa qualidade das águas. O principal motivo de insatisfação dos
turistas no Brasil é a sujeira causada pelo lixo e pela falta de saneamento nos
locais visitados. Garantir boa qualidade de saneamento ambiental é crucial para
o sucesso de empreendimentos de turismo rural, esportivo, eqüestre e outros.
Investir em saneamento básico e na despoluição dos cursos d'água ajuda a atrair
turistas e a ação dos empreendedores do turismo junto às prefeituras municipais
e junto aos promotores de justiça das comarcas pode desencadear soluções para
dar destino final adequado ao lixo e ao esgoto. O turismo
pode ajudar a conservar os ecossistemas e a proteger a qualidade das águas, ao
comprometer-se com o entorno que o viabiliza.
Do
mesmo modo os pescadores amadores dependem de agua de boa qualidade e são
potenciais aliados nos trabalhos pela proteção das águas.
O
esporte aquático é outra atividade que depende de água despoluída, como
mostraram as Olimpíadas. Por outro lado, as atividades desenvolvidas no tempo
livre também provocam impactos ambientais negativos, com a poluição das aguas
por esgotos, despejos de embarcações etc.
Ter noção da capacidade de suporte do ambiente e da carga máxima de
visitantes que pode receber sem ser prejudicado é essencial para que as
paisagens sejam protegidas.
Fortalecer
os segmentos economicos ligados às atividades do tempo livre – esportes, lazer,
recreação, turismo, culto religioso – pode ser um bom modo para alcançar resultados
positivos na qualidade das águas.