O imponente complexo de edifícios
públicos, palácios, monumentos e templos foi planejado e construído, num curto
período de tempo, para ser a capital e a sede do governo. Esse conjunto, de
onde se aprecia um céu esplendoroso e um belo pôr do sol, tornou-se patrimônio arquitetônico
da humanidade, protegido pela UNESCO.
Essa descrição, que poderia se
aplicar a Brasília, refere-se a Fatehpur Sikri, no Rajastão. A cidade funcionou como capital
durante apenas 10 anos. Foi abandonada devido a uma mudança climática e seca na região, que fez desaparecer a água para abastecê-la. É uma cidade fantasma, local de visitação turística
e pesquisa arqueológica, construída na Índia para ser a capital do império
mogul pelo imperador Akbar, entre 1571 e 1585.
Fotos de Fatehpur Sikri, Índia. Maurício Andrés, 2013.
O destino de Fatehpur Sikri no século XVI traz lições para o século
XXI. A falta de planejamento hídrico pode inviabilizar cidades, regiões ou países.
As limitações na disponibilidade e no abastecimento de água se tornaram
fator de restrição ao crescimento demográfico e ao desenvolvimento econômico em
muitas regiões do planeta. Restrições hídricas impõem limites máximos de população e de atividades
humanas.
Novas cidades, bairros,
condomínios ou assentamentos precisam ser hidroconscientes desde o momento da
concepção do projeto e durante cada etapa de sua implementação. Dispor de
conhecimentos específicos sobre o local em que serão implantados é
pré-requisito para se elaborar projetos e normas urbanísticas conscientes e
responsáveis, invertendo o processo, ecológica e hidricamente temerário, pelo qual primeiro se executa um
empreendimento para depois constatar
seus problemas e definir como resolvê-los.
Um assentamento humano que perdure ao longo do tempo precisa
ser hidroconsciente; saber qual é a
disponibilidade de água de superfície para abastecê-lo; estimar o volume que os
aqüíferos locais podem produzir. Proteger nascentes e cuidar do uso do solo. Definir como será feita a gestão das águas usadas e seu
tratamento, bem como as questões de drenagem, escoamento de águas superficiais
e recarga de águas subterrâneas. Avaliar também os fatores macro regionais, tais como os rios voadores e as
perspectivas de pluviosidade e da água em estado meteórico.
Na região do planalto central, o desenvolvimento
urbano precisa levar em consideração esses limites. A lição de Fatehpur Sikri
pode ser valiosa para Brasília.
Fotos de Brasília. Maurício
Andrés 2014.
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