Acreditar
em algo e não o viver é desonesto
Mahatma Gandhi
Crenças
existem e têm eficácia ao influir em comportamentos. Acreditemos ou não nas
crenças a ou b , gostemos ou não, elas estão aí. Já que são dados da realidade e que algumas tem efeitos
ecológicos positivos e outras tem efeitos destrutivos, cabe fazer com que se
ecologizem.
Crenças
funcionam para legitimar e justificar atitudes e comportamentos. “Eu acredito
nisso, portanto, me comporto assim ou assado”. Agir em desacordo com a própria crença
provoca desconforto, conflitos pessoais, sentimentos de culpa, dor na
consciência. Aqueles que acreditam, mas que
não têm comportamentos coerentes com sua fé ou crença, sofrem de
autocomplacência, perda de auto-estima e de amor próprio, por não serem fortes
o suficiente para alinhar sua prática com aquilo em que acreditam. “A lacuna
que separa o ideal da prática atinge a todos nós em maior ou menor extensão e
deixa bem clara a diferença entre satisfação e frustração. A felicidade pessoal
está relacionada com a coerência entre o que acredito ser verdade e minhas
ações”.[1]
A hipocrisia desconecta aquilo que se pensa e fala daquilo que se faz. “A teoria na prática é outra”; “faça o que eu digo e não o que eu faço” são frases populares que expressam esse tipo de atitude.
A hipocrisia desconecta aquilo que se pensa e fala daquilo que se faz. “A teoria na prática é outra”; “faça o que eu digo e não o que eu faço” são frases populares que expressam esse tipo de atitude.
Crer,
acreditar, move energias e motiva para o esforço, a obra e o projeto individual
ou coletivo, um mito ou sonho que se transforma em realidade: “ A fé remove
montanhas”.
No
seu livro A biologia da crença, Bruce
Lipton explica como as células do corpo
são influenciadas pelo pensamento e mostra o mecanismo pelo qual elas
recebem e processam as informações. A biologia da crença estuda a relação entre
a vida, o ambiente, o pensamento, as percepções e os vários níveis de
consciência.
Acreditar
na eficácia da homeopatia ou da acupuntura ajuda a usar tratamentos
alternativos e pode torná-los mais eficazes. Acreditar nas mudanças climáticas
e crer que o ser humano tenha responsabilidade nelas ajuda a induzir atitudes ecologicamente
responsáveis. Acreditar que comer carne é ruim para o bem-estar animal, a saúde
humana ou a saúde ambiental ajuda a forjar hábitos alimentares vegetarianos. O
fato de se acreditar e de tentar agir
coerentemente com tais crenças traz resultados ecologicamente amigáveis.
Há
quem prefira não acreditar nas mudanças climáticas e na responsabilidade humana
sobre elas. Assim, não se sentem compromissados a mudar hábitos e estilo de
vida; não se sentem responsáveis por um problema ecológico que tem conseqüências danosas ou negativas. O cético
desobriga-se, perante sua própria consciência, de autolimitar suas atitudes
predatórias; evita assim qualquer drama de consciência. Nesse caso, o ceticismo
pode significar um apego ao conforto, uma forma de comodismo e de não desejar
abrir mão de hábitos.
As
crenças constituem freios ecológicos que colocam limites ao comportamento
humano. Pescadores deixam de sair à pesca quando um passaro específico canta ou
quando uma mulher grávida entra no barco. Acreditam que isso não lhes trará boa
sorte. Crenças de que o sacrifício de animais pode agradar aos deuses e facilitar , por exemplo a vinda de
filhos, leva a rituais religiosos. ( ver , por exemplo o maior sacrifício
animal do mundo no festival de Gadhimai, no Nepal em http://www.igualdadanimal.org/noticias/7267/impactante-reportaje-de-igualdad-animal-sobre-el-mayor-sacrificio-animal-del-mundo.)
O impacto das ações de quem acredita em algo pode ser diferente dos impactos
das ações de quem não acredita no que faz. Crer influi na consciência e nas ações; não
crer também influi no pensamento e nas ações decorrentes. Pessoas cuidam melhor
do ambiente quando crêem na reencarnação, por um senso de auto interesse
ampliado que se estende às próximas gerações e reencarnações. Trata-se da
solidariedade não apenas com as próximas gerações, mas para com as próximas
reencarnações.
(*) Autor dos livros Ecologizar, Tesouros da Índia, Meio Ambiente & Ecologia Humana e de Ecologizando a cidade e o planeta www.ecologizar.com.br ecologizar@gmail.com
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