terça-feira, 24 de maio de 2016

UNIDADE NA NOODIVERSIDADE




Cada pessoa é um neurônio que atua na rede neural de um cérebro global planetário. É parte ativa da noosfera. Somos quase sete bilhões de indivíduos no planeta. Diferentes estágios, modos e estados de consciência estão sendo vividos simultaneamente pelos bilhões de indivíduos e pelas diversas parcelas da humanidade – do astronauta à tribo isolada na Amazônia passando pelas populações urbanas, pelos operários urbanos, pelos   agricultores e demais grupos humanos.  Do mesmo modo como as espécies evoluem na biodiversidade, evolui a noodiversidade, a diversidade das consciências. Atualmente, as intensas interações, conexões, contatos e diálogos facilitados pelas tecnologias da comunicação e da informação e pelas redes sociais aceleram a sinergia entre ideias e a expansão da noodiversidade. Esta é mais ampla do que a biodiversidade ou a diversidade social e cultural, pois é fluida, mutante, impermanente, intercambiável, sofre influências e transformações constantes e tem sua dinâmica própria. São diversificados os níveis e estágios de consciência ecológica em comunidades.
O atual período antropoceno da história é caracterizado pela predominância da ação humana. Tal ação afeta a evolução no planeta, ao causar mudanças climáticas, perda de biodiversidade e outros impactos. O ser humano é um agente transformador da evolução. Pierre Dansereau nos lembra que a noosfera, o pensamento e a consciência influem sobre as condições físicas e ambientais do planeta.
O mundo é diverso, mas é uno. O astronauta ao longe percebe essa unidade, para além de todas as diversidades internas. Pierre Weil enfatizou essa unidade ao apontar para a fantasia da separatividade, pela qual temos a impressão de sermos partes separadas desse todo.

Figura 9 - A visão do astronauta e a percepção da Unidade

Imaginar um projeto unificador, ter a determinação e mobilizar os recursos para colocá-lo em prática numa obra coletiva é um pré-requisito para lidar com a crise ecológica e climática planetária.  Ter um projeto comum pode ser essencial para trabalhar numa direção convergente, que aumente as possibilidades da evolução da espécie. Diante da perspectiva de colapso e da percepção dos limites da capacidade de suporte do planeta, a busca da segurança motiva a construção coletiva de respostas. São necessárias grandes obras coletivas envolvendo a espécie humana, no auto interesse de sua própria sobrevivência.  Assim, a ação humana em cada escala – nações, estados, sociedades, cidades, empresas, indivíduos – se insere em um objetivo comum maior: a saúde do Planeta, da qual depende a saúde dos sistemas vivos e a própria vida humana. Atualmente, com a crise climática, há esforços para se evitar que o planeta se aqueça mais do que dois graus centigrados, pois isso poderia levar a situações catastróficas e caóticas. 
A crise climática e ambiental que se agrava a olhos vistos demanda uma governança supranacional e uma unidade planetária. Entretanto, simples mudanças de governo ou a superação dos estados-nação podem gerar tiranias opressivas e governos injustos, caso não exista uma mudança qualitativa no ser humano, no sentido da ecologia interior, da ecologia profunda, da noosfera. Constato, com Pierre Weil, que é fundamental uma mudança estrutural do ser humano, da qualidade de suas atitudes e valores. O inscape, a paisagem interior do ser humano precisa ser aprimorada. Conhecer a natureza da mente é um caminho para viabilizar essa transformação e para ecologizar as comunidades humanas.



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