Cada
pessoa é um neurônio que atua na rede neural de um cérebro global planetário. É
parte ativa da noosfera. Somos quase sete bilhões de indivíduos no planeta.
Diferentes estágios, modos e estados de consciência estão sendo vividos
simultaneamente pelos bilhões de indivíduos e pelas diversas parcelas da
humanidade – do astronauta à tribo isolada na Amazônia passando pelas
populações urbanas, pelos operários urbanos, pelos agricultores e demais grupos humanos. Do mesmo modo como as espécies evoluem na
biodiversidade, evolui a noodiversidade,
a diversidade das consciências. Atualmente, as intensas interações, conexões,
contatos e diálogos facilitados pelas tecnologias da comunicação e da
informação e pelas redes sociais aceleram a sinergia entre ideias e a expansão
da noodiversidade. Esta é mais ampla
do que a biodiversidade ou a diversidade social e cultural, pois é fluida,
mutante, impermanente, intercambiável, sofre influências e transformações
constantes e tem sua dinâmica própria. São diversificados os níveis e estágios
de consciência ecológica em comunidades.
O
atual período antropoceno da história é caracterizado pela predominância da
ação humana. Tal ação afeta a evolução no planeta, ao causar mudanças
climáticas, perda de biodiversidade e outros impactos. O ser humano é um agente
transformador da evolução. Pierre Dansereau nos lembra que a noosfera, o
pensamento e a consciência influem sobre as condições físicas e ambientais do
planeta.
O
mundo é diverso, mas é uno. O astronauta ao longe percebe essa unidade, para
além de todas as diversidades internas. Pierre Weil enfatizou essa unidade ao
apontar para a fantasia da separatividade, pela qual temos a impressão de
sermos partes separadas desse todo.
Figura
9 - A visão do astronauta e a percepção da Unidade
Imaginar
um projeto unificador, ter a determinação e mobilizar os recursos para
colocá-lo em prática numa obra coletiva é um pré-requisito para lidar com a
crise ecológica e climática planetária. Ter
um projeto comum pode ser essencial para trabalhar numa direção convergente,
que aumente as possibilidades da evolução da espécie. Diante da perspectiva de
colapso e da percepção dos limites da capacidade de suporte do planeta, a busca
da segurança motiva a construção coletiva de respostas. São necessárias grandes
obras coletivas envolvendo a espécie humana, no auto interesse de sua própria
sobrevivência. Assim, a ação humana em
cada escala – nações, estados, sociedades, cidades, empresas, indivíduos – se
insere em um objetivo comum maior: a saúde do Planeta, da qual depende a saúde
dos sistemas vivos e a própria vida humana. Atualmente, com a crise climática,
há esforços para se evitar que o planeta se aqueça mais do que dois graus
centigrados, pois isso poderia levar a situações catastróficas e caóticas.
A
crise climática e ambiental que se agrava a olhos vistos demanda uma governança
supranacional e uma unidade planetária. Entretanto, simples mudanças de governo
ou a superação dos estados-nação podem gerar tiranias opressivas e governos injustos,
caso não exista uma mudança qualitativa no ser humano, no sentido da ecologia
interior, da ecologia profunda, da noosfera. Constato, com Pierre Weil, que é
fundamental uma mudança estrutural do ser humano, da qualidade de suas atitudes
e valores. O inscape, a paisagem
interior do ser humano precisa ser aprimorada. Conhecer a natureza da mente é
um caminho para viabilizar essa transformação e para ecologizar as comunidades
humanas.
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