Enquanto é abundante e farta, a água passa
despercebida, como um fato natural. Quando começa a ser insuficiente para os
diversos usos, explicitam-se rivalidades (a origem da palavra rival é a mesma
de rio, rivière, river).
Em casa onde falta pão, todos gritam e ninguém tem razão.
Essa frase pode ser adaptada para situações em que há escassez de água: Em
bacias onde a água falta, todos brigam e cada um se exalta. Mais gente, maior
disputa pela água, maior densidade de população e de atividades, mais poluição das águas, induzem a
rivalidades.
Multiplicam-se situações de estresse hídrico no
planeta, em que não há água suficiente para todos os usos, agrícolas, industriais
ou domésticos, há extração excessiva das águas de superfície e das águas dos
aquíferos subterrâneos, com poluição e uso ineficiente dos recursos de água doce.
Estresse hídrico no mundo:os marrons e vermelhos indicam alto estresse |
No mundo, conflitos entre
países eclodem devido à água: conflitos entre Israel x Iraque x Síria e Egito x
Etiópia x Sudão e Sudão do Sul; Índia x Paquistão; Ruanda x Burundi e Zaire, na África.
Na origem
da guerra na Síria está uma seca severa de vários anos que sobrecarregou o
ambiente, provocou o esgotamento de recursos e da capacidade de suporte, provocou
o colapso da agricultura, a emigração para as cidades, a pressão urbana e tensões
sociais, o empobrecimento econômico, o estresse político e finalmente a guerra.
Em alguns casos, a
própria água
torna-se arma de guerra, como por exemplo na Síria, com ameaças
terroristas de poluir mananciais que abastecem cidades. No passado, Aurangzeb derrotou seu pai Shah
Jahan, o construtor do Taj Mahal, na Índia, cortando o suprimento de água que
abastecia o forte de Agra, onde ele se entrincheirara.
Taj Mahal visto do Forte de Agra |
Conflitos
entre estados (Karnataka x Tamil Nadu) ocorrem na Índia, como aquele em torno das águas do rio Caveri, com eclosões de convulsão social na disputa pela
água para irrigação na agricultura.
No Brasil, a crise de
2014 explicitou uma disputa entre São Paulo e o Rio de Janeiro pelo uso das
aguas do rio Paraíba do Sul. O mito da abundância das águas no Brasil dá lugar
a situações em que milhares de quilômetros de rios federais apresentam
conflitos.
Conflitos pela água em mais de 15 mil km de rios no Brasil |
Conflitos ocorrem entre setores usuários da água - o abastecimento humano, a irrigação,
a navegação, a geração de hidroeletricidade, a indústria, a recreação e o
turismo, a pesca e aquicultura etc. O conflito entre usuários
da água, com uso da força e da violência, é realidade em diversas bacias
hidrográficas que não se prepararam para resolver, de forma negociada, o
atendimento a interesses dos diversos usuários da água. No norte de Minas, no
rio Verde Grande, já na década de 90 a população ameaçou destruir todas as
bombas de sucção de agua para irrigação quando a água passou a faltar para o
abastecimento humano. Medidas de gerenciamento paliativo evitaram então a eclosão da violência.
As mudanças climáticas,
com eventos críticos, secas e inundações cada vez mais intensos e frequentes,
demandam maior capacidade de planejamento e de gestão da água, de conhecimento técnico
e científico, de redes de monitoramento de chuvas e de vazões dos rios, bem
como sistemas de gestão que abram a participação a todos os segmentos e atores
interessados.
Em contexto democrático,
é desejável que as disputas sejam resolvidas de forma diplomática, negociada,
cooperativa, não violenta e pacífica. A
negociação pelo acesso à água é um exercício político, compartilhando um bem
que se torna cada dia mais valioso, por não ter substitutos.
Devido ao aumento de
tensões associadas ao acesso à água, há cada vez mais necessidade de
conhecimento para a participação e a tomada de decisões e o desenvolvimento de
uma cultura de paz, de resolução não violenta de conflitos, controvérsias e polêmicas,
de mediação de conflitos, de gestão participativa em conselhos, comitês, colegiados
que promovam a alocação socialmente validada de água. Nesse sentido a lei das águas brasileira, de 1997, prevê que aos comitês e conselhos cabe arbitrar administrativamente os conflitos relacionados aos recursos hídricos e que os planos de recursos hídricos devem identificar os conflitos potenciais. Nesses vinte anos muito se fez para prevenir e mediar conflitos, mas muito ainda falta a fazer num país desigual, injusto e muitas vezes cruel para com os mais vulneráveis.
Prover segurança hídrica
cada vez mais demanda conhecimento, planejamento e gestão, promover a cultura de paz, desenvolver a hidroconsciência
e superar a hidroalienação.
3 comentários:
Os conflitos são de uso e acesso aos recursos naturais por parte daqueles que deteêm os meios de produção e querem mais dinheiro e poder.
Os homens simples e os trabalhadores só querem os recursos naturais para viverem e serem felizes.
Há de ter muito claro os distintos atores deste jogo de poder e cobiça.
E não são os mesmos atores.
De qual lado destes diferentes atores estaremos??
Eu, do lado dos trabalhadores, dos homens simples e dos explorados.
E vocês ?
Os conflitos são de uso e acesso aos recursos naturais por parte daqueles que detêm os meios de produção e querem mais dinheiro e poder.
Os homens simples e os trabalhadores só querem os recursos naturais para viverem em paz e serem felizes.
Há de ter muito claro os distintos atores deste jogo de poder e cobiça, pois há muita diferença entre eles.
De qual lado destes diferentes atores estaremos??
Eu, escolhi estar do lado dos trabalhadores, dos homens simples e dos explorados.
E vocês ?
Os conflitos são de uso e acesso aos recursos naturais por parte daqueles que detêm os meios de produção e querem mais dinheiro e poder.
Os homens simples e os trabalhadores só querem os recursos naturais para viverem em paz e serem felizes.
Há de ter muito claro os distintos atores deste jogo de poder e cobiça, pois há muita diferença entre eles.
De qual lado destes diferentes atores estaremos??
Eu, escolhi estar do lado dos trabalhadores, dos homens simples e dos explorados.
E vocês ?
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