A terra é um oásis no
sistema solar.
A água parece ser muita
porque está espalhada sobre ¾ da superfície do planeta. Mas é apenas uma
gotinha que pingou do cosmos: se a Terra tivesse o volume de uma bola de
futebol, a água nela contida teria o volume de uma bola de pingue pongue.
Toda a água da Terra é uma gotinha que pingou do cosmos. |
A água está distribuída
de modo desigual em todo o planeta. Há regiões com estresse hídrico, onde sua
disponibilidade é menor do que a demanda para seus vários usos. Há riscos de aumento de conflitos e disputas pela água, à
medida que há mais gente e mais atividades.
Estresse hídrico nas regiões em marrom e vermelho. |
Durante a história, civilizações entraram
em colapso devido à falta de água. Um dos casos mais conhecidos é o da ilha de
Pascoa, que originalmente era bem florestada. Seu desflorestamento, motivado
para se construírem as grandes estátuas de pedra num processo de competição
entre as tribos que ali habitavam, levou a secarem as fontes de agua.
Ilha de Páscoa - colapso hídrico. |
Outro episódio de colapso devido à
falta de agua ocorreu no Rajastão, na Índia, em Fatehpur Sikri. Construída para
ser a capital do império Mogol, foi abandonada após poucos anos devido à seca
que assolou a região. Hoje há ali ruínas valiosas para o turismo.
Fatehpur Sikri - cidade colapsou devido à falta de água |
No século XX, a ignorância no
manejo da água secou o mar de Aral. Situado na antiga União Soviética, as águas
dos rios que o abasteciam foram usadas intensamente para irrigar lavouras de
algodão. Isso perdurou poucas décadas e os rios se exauriram.
O Mar de Aral seco. |
No sul da Índia, na região de
Bangalore, nos últimos 35 anos também houve uma transformação econômica radical
devido à falta de água. Na década de 70 eram comuns as plantações de arroz
irrigadas e os tanques para piscicultura. No ano de 2010 não havia mais tais
atividades devido à falta de água na região.
Fundo de vale não ocupado em cidade japonesa. |
Já a sociedade japonesa aprendeu
a se relacionar de modo harmônico com a agua. O Japão é um arquipélago cercado
de mares, com os Alpes japoneses como sua espinha dorsal e com cidades muito densamente
ocupadas. No passado houve desflorestamento das montanhas, erosão e
assoreamento nos vales, perdas agrícolas, fome e problemas sociais. Quando os japoneses aprenderam a cuidar melhor
de suas montanhas e florestas, evitaram o desmate descontrolado, reduziram a
erosão e as perdas agrícolas. Os fundos de vales em cidades japonesas são
mantidos não edificados. Quando vem uma enchente, ela não causa mortes ou
prejuízos econômicos. A agua é integrada no paisagismo e no urbanismo de modo
harmônico.
Conhecer como diversas
civilizações se relacionaram com a água e como algumas delas entraram em
colapso e outras conseguiram se sustentar por longos períodos ajuda nos
processos atuais de planejamento e gestão das águas.
Compreender o ciclo da água, seu
comportamento na superfície, sua interconexão com as águas subterrâneas, sua
ligação com os rios voadores, ou seja, a água em estado de vapor nas nuvens e
na atmosfera é parte de um esforço de hidroalfabetização e de hidroconsciência.
Tal consciência sobre o ciclo da água e tal visão integral sobre a água são
vitais no mundo atual que passa por mudanças climáticas nas quais as alterações
no ciclo do carbono provocam variações de temperatura. O elemento da natureza
que reage mais diretamente a variações de temperatura é a agua, que congela,
evapora, torna-se líquida e é portadora de enchentes, secas, furacões, eventos
críticos que atingem o planeta e causam impactos sobre a vida humana e a
economia.
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