sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Ken Wilber, o amor e os estágios de desenvolvimento da consciência







No dia 10 de dezembro de 2015 Ken Wilber falou para os brasileiros em videoconferência. 1400 pessoas se inscreveram no evento. Ary Rainsford (tradutor de Wilber) e Marcelo Curi (inovador social), conduziram a entrevista de uma hora e 20 minutos. Em seus caminhos evolutivos e espirituais, ambos se motivaram com o pensamento de Wilber.

Ken Wilber discorreu sobre os diversos estágios de desenvolvimento da pessoa. Há dados empíricos que atestam esses estágios e evidências poderosas de sua existência. No primeiro estágio há uma indiferenciação do corpo com o ambiente. No segundo estágio a criança se diferencia do ambiente físico e surge o pensamento mágico e impulsivo. No terceiro estágio há o reconhecimento da identidade do organismo individual separado do ambiente e manifesta-se o medo de estar isolado. (Aí começaria a fantasia da separatividade, na visão de Pierre Weil.) Busca-se segurança e poder, é uma fase egocêntrica. (Esses estágios de desenvolvimento têm relação com os chacras e seus níveis, conhecidos na cosmovisão hindu dos vedas).
No quarto estágio há uma mudança significativa, quando a criança aprende a ver o mundo através dos olhos de outras pessoas. É um estágio centrado no grupo, etnocêntrico. Dá motivos ao fundamentalismo religioso, à coerção e até à tortura para se impor a verdade daqueles que acreditam em algo (o nós x eles, os infiéis e os não crentes). É um estágio mítico-literal; acredita-se que a Bíblia é absolutamente verdadeira, acredita-se no reino dos céus e que, na Terra, deve-se obedecer às leis de Deus. Lei e ordem são relevantes e não se valoriza a mudança.
A partir do quinto estágio valoriza-se a mudança. Toma-se distância da identificação com crenças e passa-se a considerar a importância de todos os seres humanos. É mundocentrico. É um estágio racional, científico, que valoriza o progresso e que entra em conflito com a fase mítica e religiosa. Nesse estágio busca-se a realização, a autoestima, a conquista individual, a Renascença. Valoriza-se o progresso, a visão de mundo moderna, a excelência, o empreendedorismo, com a compra, venda, o lucro, a riqueza material na Terra. Passa-se do estágio pré-moderno para o moderno, valorizam-se as ciências naturais, humanas e sociais, testa-se uma hipótese para se comprovar se é ou não verdadeira. Durou entre 100 e 200 anos. Na batalha entre ciência e religião, a ciência venceu, compreendem-se as leis da física e da engenharia. (A ciência, para alguns, passa a ser uma nova religião com seus dogmas de verdade absoluta).
Ordem e progresso são valores pertencentes a esses dois estágios em conflito, antagonistas, e que não acreditam nas mesmas coisas.  Essa contradição está herdada na bandeira do Brasil. O amor, que era o princípio no lema positivista de Auguste Comte e deveria estar no comando, foi retirado do lema na bandeira brasileira.
O pluralismo, o pós-moderno vieram depois da era do iluminismo ocidental, com o reconhecimento das numerosas culturas diferentes, seus valores, desejos, metas e características.
No estágio seguinte, integral, se reconhece a importância de todos os estágios anteriores e a existência de algum nível de verdade neles. . É um estágio novo e importante que cresce nos últimos 20 anos. 5% da população mundial se encontram nesse estágio. Pela primeira vez temos esse entendimento, o que é encorajador. Entra-se numa nova era na história humana, que nunca existiu antes. Há hoje um alto desenvolvimento cognitivo que enxerga os padrões de conexão de várias culturas numa humanidade única e integral (Aqui, Ken Wilber retoma a ideia presente na yoga integral de Sri Aurobindo).
Há forte senso de crescimento e desenvolvimento dos seres humanos em direção ao amor, ao cuidado, e no sentido inverso da regressão estreita, menor, corrupta, criminosa. Como sociedade, nação ou país, ressalta-se o poder das ideias para convergir, harmonizar, criar simpatia e cuidado. Em cada estágio mais alto de desenvolvimento amplia-se a capacidade de amar, do cuidado e da compaixão. Evolui-se do amor egoísta individual ao etnocêntrico (o grupo amado, a família, o clã). O amor se expande do eu (ego) para o nós (etno) e para todos nós, incluindo todos os seres humanos. (Mundocentrico). Catástrofes e problemas globais físicos precisam de pensamento global e soluções aparecem para se lidar com esses problemas. Wilber afirma que no mundo atual há duas forças em diferentes direções, uma voltada para o individual e seu grupo e outra voltada para o cosmopolita, o planetário. Há possibilidade de nos matarmos ou de evoluirmos em termos religiosos, tecnológicos, políticos e a abordagem integral promete facilitar tal evolução.

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