A frugalidade nos hábitos cotidianos economiza os recursos da natureza. Lodi Park, Delhi. |
Maurício Andrés Ribeiro
Gandhi, Sri Aurobindo e Rabindranath Tagore buscaram no
conhecimento indiano ancestral inspiração e força espiritual para potencializar
a luta política. Eles atuaram num período em que havia a luta pela
independência da Índia contra a colonização europeia. Essa etapa passou e foi
alcançado o resultado pelo qual lutaram.
O renascimento indiano se iniciou no século XIX quando Vivekananda e os teosofistas reconheceram o valor da cultura indiana menosprezada pelos colonizadores. Um resultado expressivo dessa valorização foi a independência da Índia em 1947 aplicando-se conhecimentos da cultura védica.
Nos anos 60 a contracultura e os Beatles ajudaram a divulgar no ocidente os benefícios da meditação e do yoga. O poder suave da cultura indiana se disseminou no mundo.
O renascimento indiano se iniciou no século XIX quando Vivekananda e os teosofistas reconheceram o valor da cultura indiana menosprezada pelos colonizadores. Um resultado expressivo dessa valorização foi a independência da Índia em 1947 aplicando-se conhecimentos da cultura védica.
Nos anos 60 a contracultura e os Beatles ajudaram a divulgar no ocidente os benefícios da meditação e do yoga. O poder suave da cultura indiana se disseminou no mundo.
Hoje o mundo
vive em outro contexto, o dos limites físicos e ecológicos do planeta diante de
uma população crescente que consome e exaure os recursos da terra. A renascença indiana se fortalece e recebe um novo impulso mais de cem
anos depois que Tagore e Sri Aurobindo escreveram sobre ela. A
motivação que impulsiona o renascimento indiano e sua influência no mundo atual está
no reconhecimento dessas riquezas da Índia para a evolução humana.
No momento atual da história,
tornam-se relevantes valores como
o da frugalidade, que mantém uma pegada ecológica leve, a sacralização da
natureza, encontrar formas de se
organizar de modo econômico e ecológico.
A Índia dispõe de conhecimentos e práticas nesses campos, valiosos para o contexto atual.
Olhar para a Índia, para seus problemas e as formas como lida e
lidou com eles constitui uma valiosa
aprendizagem. Aquela civilização, entre todas as que existiram, soube ser
sustentável em sua relação com o ambiente natural, forjando estilos de vida e
padrões de consumo com baixa pressão sobre o meio ambiente e sacralizando
bichos, plantas, elementos do ambiente natural.
Macacos em templo. A sacralização dos animais na cultura indiana. |
Soube, ainda, desenvolver uma tecnologia
das emoções para lidar com o equilíbrio físico, emocional, mental e espiritual
dos seres humanos e codificar de modo claro seus conhecimentos para
transmiti-los para outras gerações. Outras civilizações antigas na África ou
nas Américas também desenvolveram uma cosmovisão abrangente, mas talvez por não
terem uma cultura escrita tão sofisticada, muito dessa sabedoria se perdeu no
tempo.
Por sua diversidade cultural e
política e por sua formação histórica, a Índia é uma nação multinacional, que
mantém unidade na diversidade e que foi celeiro e campo fértil para ideias e
propostas globalistas, mundialistas e voltadas para o federalismo mundial.
Soube ser resiliente em sua relação com
outras culturas, por meio da capacidade de suportar invasões e de não se deixar
destruir ou oprimir por outros povos; a civilização indiana resistiu à colonização ocidental,
absorveu influências e agora por sua vez influencia o mundo ocidental que a
colonizou.
Especialmente no Brasil, fortemente
influenciado pela cultura europeia e norte americana, há um déficit de
conhecimento sobre tais riquezas da Índia, que poderiam ser valiosas para
aprimorar a civilização brasileira, tropical como a da Índia. Além desse
déficit, há preconceitos e visões negativas alimentadas por informações
superficiais das atualidades e que não valorizam a sabedoria ancestral ali
formulada e guardada. O menosprezo e desprezo pela cultura védica demonstrados pelos colonizadores europeus há
um século ainda persiste na mídia e influencia as percepções sobre aquele país.
Entretanto essa percepção vem sendo dissolvida à medida que se buscam novos
caminhos para superar os impasses e as encrencas em que se meteu a humanidade.
Quando
confrontada com possível colapso, com inseguranças e insustentabilidade, a
consciência humana busca socorro em cosmovisões que valorizam a
sustentabilidade e a frugalidade como antídotos para esses descaminhos.
Atualmente a Ásia reassume protagonismo no
mundo por sua relevância em termos demográficos, políticos, econômicos,
culturais. Na Ásia, a civilização indiana
se destaca pelo modo como se organizou, como desenvolveu práticas de
autoconhecimento, nunca agrediu ou invadiu outros povos e territórios,
valorizou a inteligência espiritual,
registrou e codificou os conhecimentos sobre sustentabilidade que
experimentou na prática. A renascença indiana está em curso e sua contribuição
para a história humana nesse momento de crise na evolução vem sendo dada por
meio do poder de sua espiritualidade e da sua riqueza intangível e imaterial.
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