terça-feira, 23 de junho de 2020

O despertar da solidariedade na pandemia

Maurício Andrés Ribeiro

Esse despertar  da solidariedade aconteceu de várias formas:

1.      na autoajuda em que  comunidades carentes descobriram novas formas de cooperar e mostram lições dadas pelas pessoas comuns, contando com sua própria energia interna e sem esperar por apoios externos;
2.      palestinos e israelenses se uniram para lidar com o coronavirus de modo cooperativo;
3.      Ela serviu para acelerar  a regularização de imigrantes na Itália.
4.      empresas passaram a exercer papel social e de apoio a comunidades em que operam por meio de doações de bens ou prestação de serviços.
5.       Acionistas deixaram de buscar egoisticamente apenas seus lucros e  doaram recursos para lidar com a doença. Houve sensibilização dos investidores em seu próprio auto interesse ao perceber que as condições de vida dos "invisíveis" com falta de água, moradia, salubridade, gera prejuízos e riscos de saúde para  a parcela  visível da população.
A pandemia  valorizou a unidade humana para além das diferenças e fortaleceu a inclusão e não discriminação. Ela possibilitou um exercício valioso para a evolução da sociedade, para praticar a seva, a ação de prestar serviço desinteressadamente.
Evoluindo da ação egocentrada até a prestação de serviços desinteressada
O aprendizado de construir o sentido de  compaixão  será valioso para lidar com as próximas crises que estão por vir.
Efeitos colaterais ainda potenciais da pandemia poderão acontecer quando for descoberta uma vacina: despertar uma eventual generosidade nos laboratórios farmacêuticos, como a solidariedade do Dr. Sabin, que renunciou à patente da vacina contra poliomielite e prestou um serviço inesquecível às crianças e à humanidade.
Por outro lado, durante a pandemia houve manifestações de egoísmo na competição predatória entre países por equipamentos de saúde; nas fraudes no acesso a auxílios emergenciais; nas fraudes e superfaturamento para ter ganhos abusivos, ocorridos com a dispensa de licitações na compra de respiradores e equipamentos importados.
A extensão da solidariedade despertada dependerá da profundidade das suas consequências sobre a sociedade, da sua capacidade de transformar as pessoas, das carências e privações que provocar e da sensibilidade que despertar.
Uma vez passada a fase crítica da pandemia, com as quarentenas, lockouts e isolamentos físicos, o que fazer para que os antigos padrões de egoísmo e ganância se tornem coisas do passado e as atitudes de solidariedade,  cooperação e união se tornem, voluntaria e conscientemente, o padrão dominante nas sociedades?

 

Nenhum comentário: