domingo, 27 de setembro de 2020

Karma e dharma – o Yoga em ação na pandemia



 

Karma  e dharma – o Yoga em ação na pandemia

Maurício Andrés Ribeiro

Na última parte de minha apresentação  sobre TransArquitetura e Transpandemia e incentivado por João Diniz, tratei do Karma e do Dharma, ambos conceitos ligados à ação.

Karma Yoga é a Yoga da ação. Toda ação produz uma reação. Pela lei do Karma, há causas e efeitos. Na tradição do Vedanta, não há compra de indulgências que apague os pecados: quem  erra, paga! O momento de pagar pode ser cedo ou tarde, imediato, daqui há algum tempo ou mesmo em outra vida e encarnação. Cada boa ação gera um crédito num  cartão virtual. Cada má ação gera um débito que precisa ser pago. Credikarma. Cada ação pode gerar efeitos colaterais. Ao se avaliar os impactos ambientais da ação pode-se ver como compensar ou mitigar os impactos negativos. Uma das possibilidades antes de praticar uma ação é avaliar a possibilidade de não agir,  o Wu-wei – agir pelo não agir. Como em empreendimentos em licenciamento ambiental, em alguns casos não fazer é o melhor que pode ser feito.

Cada pessoa tem a sua tarefa ou missão na vida. Cada pessoa é única, tem suas próprias impressões digitais ou seu rosto, identificado pelo reconhecimento facial. Cada um também tem seu próprio  dharma. Para decidir como agir, qual o papel que lhe cabe, é bom saber o seu dharma. Para isso é valioso se  autoconhecer, saber quem é esse ser que deve agir. Uma boa definição de dharma se encontra no  Kama sutra, que  define assim as fases da vida: na primeira fase (artha) são considerados importantes a realização profissional, a segurança emocional, econômica e social e o reconhecimento pela competência no trabalho. Na segunda fase (kama), focalizam-se as formas de prazer sensorial, intelectual e estético, bem como a satisfação dos desejos sensuais, as relações afetivas, a constituição de família, a cooperação e a solidariedade. Na terceira fase (dharma), prevalece a vontade de prestar um serviço à sociedade e à espécie, valorizando-se a ação desinteressada e o trabalho voluntário. O sucesso profissional já não é tão importante nesse estágio. Na quarta fase - Moksa – caminha-se para a iluminação, a liberação ou a realização plena, ao descobrir que segurança e satisfação podem ser encontradas dentro de cada um.

Dharma é aquilo que deve ser feito. Ao cumprir a tarefa que lhe cabe, o indivíduo aceita seu destino e missão e reconhece aquilo para o que foi destinado. O dharma, ou aquilo que dá sentido à sua vida, se encontra na interseção  daquilo que você ama fazer, de que o mundo precisa, aquilo em que você é muito bom e em que você é recebe o seu sustento para fazer. Está na sua profissão, sua vocação, sua missão, sua paixão.

Praticar o Karma yoga em todos os momentos e exercer o próprio dharma são atitudes que ajudam a nortear o rumo do que fazer durante uma pandemia e a orientar as ações para algo que faça sentido na vida.

Cada pessoa tem seu próprio dharma, missão, tarefa. Descobrir qual é em cada situação e praticá-lo pode dar  um propósito a sua vida. Num próximo texto escreverei sobre meu próprio dharma,  num depoimento pessoal.

 

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