Karma e dharma – o Yoga em ação na pandemia
Maurício Andrés Ribeiro
Na última parte de minha apresentação
sobre TransArquitetura e Transpandemia e
incentivado por João Diniz, tratei do Karma e do Dharma, ambos conceitos ligados
à ação.
Karma
Yoga é a Yoga da ação. Toda ação produz uma reação. Pela lei do Karma, há causas
e efeitos. Na tradição do Vedanta, não há compra de indulgências que apague os
pecados: quem erra, paga! O momento de
pagar pode ser cedo ou tarde, imediato, daqui há algum tempo ou mesmo em outra
vida e encarnação. Cada boa ação gera um crédito num cartão virtual. Cada má ação gera um débito
que precisa ser pago. Credikarma. Cada ação pode gerar efeitos colaterais. Ao
se avaliar os impactos ambientais da ação pode-se ver como compensar ou mitigar
os impactos negativos. Uma das possibilidades antes de praticar uma ação é
avaliar a possibilidade de não agir, o Wu-wei
– agir pelo não agir. Como em empreendimentos em licenciamento ambiental, em
alguns casos não fazer é o melhor que pode ser feito.
Cada pessoa tem a sua tarefa ou
missão na vida. Cada pessoa é única, tem suas próprias impressões digitais ou
seu rosto, identificado pelo reconhecimento facial. Cada um também tem seu
próprio dharma. Para decidir como agir,
qual o papel que lhe cabe, é bom saber o seu dharma.
Para isso é valioso se autoconhecer,
saber quem é esse ser que deve agir. Uma boa definição de dharma se encontra no Kama sutra, que define assim as fases da vida: na primeira
fase (artha) são considerados importantes a realização profissional, a
segurança emocional, econômica e social e o reconhecimento pela competência no
trabalho. Na segunda fase (kama), focalizam-se as formas de prazer sensorial,
intelectual e estético, bem como a satisfação dos desejos sensuais, as relações
afetivas, a constituição de família, a cooperação e a solidariedade. Na
terceira fase (dharma), prevalece a vontade de prestar um serviço à sociedade e
à espécie, valorizando-se a ação desinteressada e o trabalho voluntário. O
sucesso profissional já não é tão importante nesse estágio. Na quarta fase
- Moksa – caminha-se para a iluminação, a liberação ou a realização plena, ao
descobrir que segurança e satisfação podem ser encontradas dentro de cada um.
Dharma é aquilo que deve ser
feito. Ao cumprir a tarefa que lhe cabe, o indivíduo aceita seu destino e
missão e reconhece aquilo para o que foi destinado. O dharma,
ou aquilo que dá sentido à sua vida, se encontra na interseção daquilo que você ama fazer, de que o mundo
precisa, aquilo em que você é muito bom e em que você é recebe o seu sustento
para fazer. Está na sua profissão, sua vocação, sua missão, sua paixão.
Praticar o Karma yoga em todos os
momentos e exercer o próprio dharma são atitudes que ajudam a nortear o rumo do
que fazer durante uma pandemia e a orientar as ações para algo que faça sentido
na vida.
Cada pessoa tem seu próprio dharma,
missão, tarefa. Descobrir qual é em cada situação e praticá-lo pode dar um propósito a sua vida. Num próximo texto
escreverei sobre meu próprio dharma, num
depoimento pessoal.
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