Mauricio Andrés Ribeiro
Em termos de quantidade, a água no planeta Terra não terá grandes variações ao longo do tempo. Pequenas quantidades podem vir se somar caso um cometa ou um corpo celeste gelado se choque com a Terra e deixe aqui a água com que viaja pelo universo. No limite, o futuro da água na Terra é o mesmo do futuro do planeta, quando o Sol se transformar numa estrela gigante vermelha daqui a 4,5 bilhões de anos. Num futuro
mais próximo de nós, mas ainda na escala
dos ciclos longos e de uma visão macro dos problemas, haverá variações
significativas nas quantidades de água
em estado sólido, líquido ou gasoso. Caso o planeta se esquente, haverá menos
água em estado sólido, com o derretimento das geleiras e das calotas polares.
Haverá mais água em estado líquido, especialmente nos oceanos, cujo nível se
elevará. Haverá mais água em estado gasoso, proveniente da evaporação; isso
causará mais furacões e tempestades, desastres e catástrofes. Estamos no final
de um período interglacial de cerca de 12 mil anos, período em que floresceram
muitas civilizações humanas. Caso venha uma nova era glacial, com o esfriamento
global, essas proporções se inverterão e as consequências para a sobrevivência
da espécie serão desafiadoras. Aqui vale a pena mencionar a quarta fase da água,
em estudo, uma fase intermediária entre o líquido e o sólido, uma fase coloidal, um líquido mais denso, presente nos seres vivos. (H3O2).
Num futuro mais imediato, as secas e estiagens
trazem escassez de água, com consequências para as atividades humanas. Quando
falta, ela se torna um fator que limita as possibilidades de sobrevivência e de atividades econômicas. Hoje ela já falta
para muitas pessoas no mundo e há projeções de que cerca da metade da população
do planeta sofrerá com a falta de água própria para seu uso e consumo nas
próximas décadas.
Tecnicamente é possível fabricar mais água, com a
mistura de moléculas de hidrogênio e de oxigênio, por meio de uma reação
explosiva com uma descarga elétrica. Mas trata-se de um processo muito caro e o
hidrogênio teria que ser retirado do refino do petróleo. Há técnicas mais
baratas de obter água doce limpa e pura, como por exemplo por meio da dessalinização de água do mar.
Uma técnica ainda mais econômica é imitar o processo que a natureza usa
para produzir água limpa, por meio das
florestas que permitem que ela infiltre no solo e protegem as nascentes.
É possível amenizar os impactos da falta de água por
meio de tecnologias que reduzem o seu
desperdício e mau uso. Cultivar no deserto é possível com o uso de
tecnologias adequadas.
No futuro, água limpa e pura tende a se tornar mais
cara. Ela não se encontra mais em quantidade na natureza, como no tempo em que
Pero Vaz de Caminha escreveu sua famosa carta ao rei de Portugal dizendo que
águas são muitas, infindas.
O futuro da
água no planeta Terra é estável. Mas é incerto o futuro da água acessível aos
terráqueos para proporcionar-lhes vida saudável e bem estar, com baixo custo. Isso
dependerá da sabedoria e da hidroconsciência para se relacionar bem com ela, desenvolver a ciência para melhor compreendê-la,
protegê-la, preservar nascentes naturais, evitar desperdícios, desenvolver
novas tecnologias para dessalinização e obtenção de água potável e gerenciar
integralmente o seu ciclo.
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