sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

O FUTURO DA ÁGUA NA TERRA

Mauricio Andrés Ribeiro 

Em termos de quantidade, a água no planeta Terra não terá grandes variações ao longo do tempo. Pequenas quantidades podem vir  se somar caso um cometa ou um corpo celeste gelado se choque com  a Terra e deixe aqui  a água com que viaja pelo universo. No limite, o futuro da água na Terra é o mesmo do futuro do planeta, quando o Sol se transformar numa estrela gigante vermelha daqui a 4,5 bilhões de anos.

 Num futuro mais próximo  de nós, mas ainda na escala dos ciclos longos e de uma visão macro dos problemas, haverá variações significativas nas quantidades  de água em estado sólido, líquido ou gasoso. Caso o planeta se esquente, haverá menos água em estado sólido, com o derretimento das geleiras e das calotas polares. Haverá mais água em estado líquido, especialmente nos oceanos, cujo nível se elevará. Haverá mais água em estado gasoso, proveniente da evaporação; isso causará mais furacões e tempestades, desastres e catástrofes. Estamos no final de um período interglacial de cerca de 12 mil anos, período em que floresceram muitas civilizações humanas. Caso venha uma nova era glacial, com o esfriamento global, essas proporções se inverterão e as consequências para a sobrevivência da espécie serão desafiadoras. Aqui vale a pena mencionar a quarta fase da água, em estudo, uma fase intermediária entre o líquido e o sólido, uma fase coloidal, um líquido mais denso, presente nos seres vivos. (H3O2).

Num futuro mais imediato, as secas e estiagens trazem escassez de água, com consequências para as atividades humanas. Quando falta, ela se torna um fator que limita as possibilidades de sobrevivência e  de atividades econômicas. Hoje ela já falta para muitas pessoas no mundo e há projeções de que cerca da metade da população do planeta sofrerá com a falta de água própria para seu uso e consumo nas próximas décadas.

Tecnicamente é possível fabricar mais água, com a mistura de moléculas de hidrogênio e de oxigênio, por meio de uma reação explosiva com uma descarga elétrica. Mas trata-se de um processo muito caro e o hidrogênio teria que ser retirado do refino do petróleo. Há técnicas mais baratas de obter água doce limpa e pura, como por exemplo  por meio da dessalinização de água do mar. Uma técnica ainda mais econômica é imitar o processo que a natureza usa para  produzir água limpa, por meio das florestas que permitem que ela infiltre no solo e protegem as nascentes.

É possível amenizar os impactos da falta de água por meio de tecnologias que reduzem o seu  desperdício e mau uso. Cultivar no deserto é possível com o uso de tecnologias adequadas.

No futuro, água limpa e pura tende a se tornar mais cara. Ela não se encontra mais em quantidade na natureza, como no tempo em que Pero Vaz de Caminha escreveu sua famosa carta ao rei de Portugal dizendo que águas são muitas, infindas.

 O futuro da água no planeta Terra é estável. Mas é incerto o futuro da água acessível aos terráqueos para proporcionar-lhes vida saudável e bem estar, com baixo custo. Isso dependerá da sabedoria e da hidroconsciência para se relacionar bem com ela, desenvolver a ciência para melhor compreendê-la,
protegê-la, preservar nascentes naturais, evitar desperdícios, desenvolver novas tecnologias para dessalinização e obtenção de água potável e gerenciar integralmente o seu ciclo.

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