quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Ecologia integral e espiritualidade



 “Se não tratarmos das questões espirituais mais profundas subjacentes aos inúmeros problemas que enfrentamos, é muito provável que a civilização se esfacele.”
Peter Russell
Na visão de Peter Russel, físico e psicólogo, as crises que a humanidade enfrenta são sintomas de uma crise psicológica muito mais profunda. Ele visualiza a oportunidade de desenvolver, como adaptação evolutiva, um novo modo de consciência: “A crise está nos empurrando para a mudança interior, para uma transformação em seres humanos verdadeiramente sábios, não mais aguilhoados pelo egoísmo.” (Ver Acordando em Tempo, 2006). Sri Aurobindo há muitos anos escreveu sobre o advento da era subjetiva.
A ecologia se originou na área biológica e tratou do ambiente natural, dos bichos e plantas e sua relação com o ambiente. Depois, se expandiu para a análise das relações entre os seres humanos e destes com o mundo natural.  Formou-se o campo das ciências socioambientais. Organizações não governamentais dedicadas ao meio ambiente se tornaram socioambientais. Esse enfoque constituiu um avanço parcial   A ecologia integral vai além do socioambientalismo. Há um terceiro campo fundamental, o da ecologia interior.  
O psicólogo Pierre Weil e eu publicamos artigo com a figura abaixo, que visualiza três grandes campos da ecologia integral. (Revista Thot, no. 53, 1990). Ao constatar que estamos em relação agressiva e destrutiva com o ambiente, Pierre Weil propunha desenvolver a paz consigo mesmo, a paz social e a paz na natureza.
 
A ecologia interior procura conhecer o que é o indivíduo, o ser social e a espécie humana que tem causado tantas transformações no ambiente externo. Varios campos tratam dessa questão: a ecologia profunda, a ecologia pessoal e transpessoal, a ecologia humana, a ecologia espiritual. Cada um deles aborda o ser humano por alguma de suas facetas. Alguns enfatizam seu aspecto físico e material (o corpo físico) outras enfatizam o aspecto emocional, outras o aspecto mental, outras o aspecto espiritual.
A Ecologia Espiritual procura um nexo entre a civilização ecológica em construção e as questões espirituais. Miguel Grinberg, educador argentino e autor do livro Somos la gente que estábamos esperando, define a ecologia espiritual como uma ferramenta para indagar sobre os potenciais latentes de uma pessoa, em harmonia com sua vocação natural de paz e o papel que pode desempenhar numa sociedade em que as calamidades não predominem, destrutivamente. Numa sociedade em que se perceba que o desenvolvimento metafísico é essencial para resolver os problemas do mundo material. Grinberg considera a experiência humana na Terra como uma epopeia de evolução consciente e de expansão da consciência planetária. A ecologia espiritual supõe que o ser humano é dotado de uma consciência não apenas egocentrada em seus interesses de riqueza, poder e dominação, mas capaz de compreender sua inserção planetária e cósmica.

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