O hábito alimentar é culturalmente
condicionado e reflete o estágio de consciência de cada pessoa. Um cidadão tem
múltiplos modos de pensar e de se comportar diante do consumo de alimentos e,
especialmente, da questão do consumo de carne. Nas escolhas alimentares há
variações de A a Z. Cada um desses modos reflete um estágio de consciência, que
agrupamos em seis situações principais:
- Adoto hábitos alimentares formados desde a infância. Condicionado culturalmente, nunca tomei consciência deles e dos impactos que causam. Por inércia ou automatismo cultural, não os questionei. Não tenho motivação ou predisposição em mudá-los.
- Conheço os impactos ambientais e climáticos, as dores e sofrimentos causados aos animais, além dos danos à saúde causados por minha dieta, mas não estou disposto a mudar hábitos alimentares que me dão prazer sensorial. Os custos pessoais de uma eventual mudança de dieta são mais altos do que os eventuais benefícios difusos e coletivos que a sociedade pode ter. “Reconheço que esses custos ecológicos e esse sofrimento dos animais existem, mas nem por isso vou deixar de comer meu churrasco”. Os estímulos olfativos e ao paladar comandam minhas atitudes. Sou apegado aos prazeres sensoriais e resisto a argumentos racionais. Sou como o fumante que, informado dos males que o cigarro causa à saúde, não deixa de fumar.
- Sou consciente de que a cultura alimentar carnivorista provoca impactos ambientais e estou disposto a minimizá-los. Aceito o consumo de carne, desde que não destrua a floresta, não agrave a mudança climática ou o efeito estufa. Desejo que se limpe processo de produção, que seja identificada a origem da carne na cadeia produtiva, do pasto ao frigorifico e ao supermercado. Informo-me por meio da Certificação de Produção Responsável na Cadeia Bovina da associação de supermercados, que controla a origem da carne consumida e evita que tenha origem em áreas desmatadas. Não compro carne da Amazônia, não certificada e que provoca desmatamentos. Focalizo essencialmente o modo como se produz e a ecoeficiência na produção. Não questiono a demanda e o padrão cultural de consumo que induzem essa produção. Sou ambientalista e sou carnívoro.
- Questiono as dietas alimentares carnívoras, por razões de saúde humana, de devastação florestal, de consumo de recursos naturais ou de compaixão para com os animais. Simpatizo com os movimentos contra a crueldade para com os animais e o seu sofrimento. (Os animais são meus amigos... e eu não como meus amigos - George Bernard Shaw). Concordo com cientistas de ponta que recomendam diminuir o consumo de carne. Admiro artistas como Gilberto Gil e Paul MacCartney, formadores de opinião, que se colocam a serviço dessa causa e procuram aplicar na vida pessoal mudanças de hábitos alimentares que ajudam a transformar o coletivo de forma mais profunda, duradoura e efetiva. Defendo o não o consumo de carne e a redução da população bovina. Renunciei a ingerir a carne vermelha, admitindo carne branca ou peixes em algumas ocasiões sociais. Não sou inflexível; sou o que se chama flexitariano ou reducetariano. aquele que reduz o consumo de carne.
- Pratico o vegetarianismo, não me alimento com qualquer tipo de carne, por razões da ecologia energética e por conhecer as perdas de energia que ocorrem nas cadeias alimentares, alem de ter compaixão para com os animais e preocupar-me com seus efeitos em minha saúde.
- Sou vegano e não me alimento de nenhum produto animal, carne, ovos ou laticínios; sou um militante da causa antiespecista, tomei consciência do especismo e o combato e participo de movimentos que defendem tal mudança.
Qual dessas situações mais se
aproxima de sua vivência pessoal hoje?
Mudanças de estágios de
consciência e de atitudes e comportamentos podem acontecer muito rapidamente,
com avanços e retrocessos. Um indivíduo
que evolua de um para outro estágio de consciência e que adote hábitos no
sentido de reduzir ou abolir seu consumo de carne faz pouca diferença no
computo global. Mas quando tal mudança ocorre em toda uma cultura e sociedade,
com milhões (ou bilhões) de pessoas, o beneficio ecológico e climático pode ser
significativo. Quanto mais pessoas se transportarem de um estágio ecoalienado
para um estágio mais avançado de consciência e adequarem a ele seus hábitos de
consumo incluindo os hábitos alimentares, mais se poderá reduzir os impactos negativos associados
a esse consumo: o sofrimento animal, as doenças humanas e os danos causados pelas mudanças climáticas e ambientais.
Um comentário:
Me preocupam o sofrimento animal e os danos ao meio ambiente,nessa ordem.Sou vegetariana,mas ativista contra o consumo da carne e produtos derivados de animais.
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