“Se não tratarmos das questões espirituais
mais profundas subjacentes aos inúmeros problemas que enfrentamos, é muito
provável que a civilização se esfacele.”
Peter
Russell
Na
visão de Peter Russel, físico e psicólogo, as crises que a humanidade enfrenta
são sintomas de uma crise psicológica muito mais profunda. Ele visualiza a
oportunidade de desenvolver, como adaptação evolutiva, um novo modo de
consciência: “A crise está nos empurrando para a mudança interior, para uma transformação
em seres humanos verdadeiramente sábios, não mais aguilhoados pelo egoísmo.” (Ver
Acordando em Tempo, 2006). Sri Aurobindo há muitos anos escreveu sobre o
advento da era subjetiva.
A
ecologia se originou na área biológica e tratou do ambiente natural, dos bichos
e plantas e sua relação com o ambiente. Depois, se expandiu para a análise das relações entre os seres humanos e
destes com o mundo natural. Formou-se o campo das ciências socioambientais.
Organizações não governamentais dedicadas ao meio ambiente se tornaram
socioambientais. Esse enfoque constituiu um avanço parcial A
ecologia integral vai além do socioambientalismo. Há um terceiro campo fundamental, o da ecologia
interior.
O
psicólogo Pierre Weil e eu publicamos artigo com a figura abaixo, que visualiza
três grandes campos da ecologia integral. (Revista Thot, no. 53, 1990). Ao
constatar que estamos em relação agressiva e destrutiva com o ambiente, Pierre
Weil propunha desenvolver a paz consigo mesmo, a paz social e a paz na
natureza.
A ecologia interior procura conhecer o que
é o indivíduo, o ser social e a espécie humana que tem causado tantas transformações
no ambiente externo. Varios campos tratam dessa questão: a ecologia profunda, a
ecologia pessoal e transpessoal, a ecologia humana, a ecologia espiritual. Cada
um deles aborda o ser humano por alguma de suas facetas. Alguns enfatizam seu
aspecto físico e material (o corpo físico) outras enfatizam o aspecto emocional,
outras o aspecto mental, outras o aspecto espiritual.
A
Ecologia Espiritual procura um nexo entre a civilização
ecológica em construção e as questões espirituais. Miguel
Grinberg, educador argentino e autor do livro Somos la gente que
estábamos esperando, define a ecologia espiritual
como uma ferramenta para indagar sobre os potenciais latentes de uma pessoa, em
harmonia com sua vocação natural de paz e o papel que pode desempenhar numa
sociedade em que as calamidades não predominem, destrutivamente. Numa sociedade
em que se perceba que o desenvolvimento metafísico é essencial para resolver os
problemas do mundo material. Grinberg considera a experiência humana na Terra
como uma epopeia de evolução consciente e de expansão da consciência
planetária. A ecologia espiritual supõe que
o ser humano é dotado de uma consciência não apenas egocentrada em seus
interesses de riqueza, poder e dominação, mas capaz de compreender sua inserção
planetária e cósmica.
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