Maurício Andrés Ribeiro
Durante
um ciclo diário uma pessoa saudável experimenta diversos estados de
consciência: o sono profundo, a
sonolência, a vigília, o sono com sonhos. Nesse particular, somos como os
animais, que também dormem, sonham, despertam. Além dos ciclos diários, há ciclos
sazonais de variação de estados de consciência: ursos hibernam no inverno e
assim economizam energia e calor. Os ciclos podem ser semanal, lunar, anual, sazonal.
A
consciência se manifesta em vários estados e em cada um deles a capacidade de
atenção e de apreensão da realidade varia: o de torpor, o semi adormecido, o
cansado, atento, desperto.
Os
estados de consciência incluem uma diversidade de situações. (Ken Wilber nota
que na Vedanta, a sabedoria das escrituras hindus, reconheciam-se cinco estados
de consciência, a saber: a Vigília, o Sonho, o estado de sono profundo sem
sonhos; o estado de observação dos outros estados e a percepção não dual.) No estado
minimamente consciente (EMC/MCS) se sente dor, desconforto, percepção sensorial
esporádica. No sono com movimentos randômicos dos olhos, há baixos níveis de despertar
comportamental junto com consciência vivida.
A vigília, o estado desperto consciente,
é parte do ciclo diário, que num indivíduo saudável, desenvolve-se com 8hs de
sono sendo 1 h de sono com sonho, 16hs desperto. Um bebê e um doente
convalescente precisam de mais horas de sono para conservar energia, para
crescer ou curar-se. É no estado de vigília que se desenvolve a maior parte das
atividades humanas com impactos ambientais. Para John Gray, autor de Cachorros
de Palha, existe uma confusão entre consciência e vigília, que é apenas um dos
estados dela.
O sono profundo é um estado essencial. Se
o sono é mal dormido, há sonolência durante o dia. Um doente precisa dormir
mais horas por dia; alguém que pratique a meditação reduz a necessidade de
horas de sono. Privar do sono é uma das formas de tortura, pois o sono é
reparador, desfragmenta e reorganiza informações.
Uma vez desmaiei e tive hemorragia interna no cérebro. O
médico que me atendeu no hospital depois do desmaio foi explícito: metade dos que sofrem isso entra em coma e depois tem morte cerebral. Da metade que sobra, metade fica com seqüelas para
o resto da vida. Eu fiquei nos 25% que escapou ileso. Agradeço a sorte de estar
vivo e poder escrever sobre isso.
Um
desmaio significa a perda dos
sentidos, mas não é perda da consciência: é a entrada num outro estado de
consciência. O medo da dor pode provocar o desmaio: a pressão arterial baixa, o
corpo fraqueja, o estado de consciência muda.
Coma, estado vegetativo permanente e
morte cerebral são estados da consciência vivenciados em situações
extremas entre a vida e a morte.
Quando fiz um exame médico que exigia sedação, o
anestesista aplicou na veia uma droga química que me fez adormecer em poucos
segundos. A anestesia é um recurso
usual da medicina para promover inconsciência, relaxar e abolir a dor,
possibilitando a realização de intervenções cirúrgicas com maior conforto para
o paciente. Entorpecentes, anestesias,
drogas e boa parte da farmacologia disponível alteram estados de consciência.
Os médicos e profissionais da saúde lidam com essas drogas, manipulando e
alterando os estados de consciência dos pacientes de modo controlado (ou quase
sempre...) e com finalidades práticas.
Quando cessa o efeito da droga, volta-se ao estado de vigília. Uma
anestesia mal dosada ou aplicada pode gerar sequelas permanentes. Ou pode
matar. Regular a dor e o prazer são
função da droga, seja aquela buscada por um viciado, seja aquela aplicada por
um anestesista ou por um médico, pois a droga também é usada na medicina para
controlar a dor num doente de câncer.
Nos ataques epilépticos, no
sonambulismo, no desmaio, perde-se
temporariamente a conexão consciente com o mundo, No coma ocorre a perda de consciência que por vezes leva à perda da
vida, com a morte cerebral, que não necessariamente é a perda da consciência
integral. No estado de coma, a pessoa perde a consciência e a capacidade de
reagir a estímulos externos. No coma há ausência total de consciência;
bem como no estado vegetativo persistente – EVP/PVS.
Situações
de doença alteram o estado de consciência. Em estados de inconsciência, coma,
torpor, transe hipnótico, coletividades e sociedades podem perder a
sensibilidade, anestesiar-se, criarem defesas para não sentirem aquilo que
causa sofrimento ou desprazer, por medo da dor.
A meditação alterar estado de consciência. Matrimandir, Auroville |
Estados alterados de consciência podem ser obtidos de dentro para fora, pela meditação,
a contemplação, pela hiperventilação ou pela respiração holotrópica, técnica
desenvolvida por Stanislav Grof; ou de fora para dentro, por meio de estímulos
químicos.
Entre
as técnicas para se alterarem estados de consciência estão o sonho lúcido, a
privação do sono, tanques de isolamento, privação dos sentidos, sobrecarga
sensorial (som alto, por exemplo), sexo, jejum, sincronização de ondas mentais,
hipnose, projeção astral.
A
droga ou a música alta alteram estados de consciência. A insatisfação com os
estados usuais de consciência e com a dor psíquica ou física a eles associada,
estimulam a busca por estados alterados de consciência. Um viciado busca o prazer
proporcionado pela droga, com efeitos colaterais negativos para o indivíduo e
para a sociedade, tais como a dependência e o vício pelo apego ao que dá prazer
e à percepção de outras dimensões da realidade. Esse método de alterar estados
de consciência alimenta o riquíssimo mercado das drogas.
Estados
incomuns de consciência são alcançados na meditação, na contemplação, nas
práticas espirituais e na introspecção, na hipnose, no êxtase ou no transe.
Coma, estado
vegetativo permanente e morte cerebral
são estados da consciência vivenciados em situações extremas entre a vida e a
morte. O coma por vezes leva à morte
cerebral, que não necessariamente é a perda da consciência integral. A morte
cerebral indica o fim de uma vida; para quem crê no espírito, significa a
passagem de um plano da existência para outro.
No estado de
coma, a pessoa perde a consciência e a capacidade de reagir a estímulos
externos. Para a Vedanta, o coma é a fusão da
consciência individual na consciência universal cósmica (na terminologia dos
vedas, a fusão do atman – o ponto de
consciência presente no indivíduo - no brahman
– o oceano cósmico da consciência universal).
Nos ataques
epilépticos, no sonambulismo, no desmaio, perde-se temporariamente a conexão
consciente com o mundo.
Tanto os indivíduos, como as coletividades e
sociedades podem perder a sensibilidade, drogar-se ou anestesiar-se, criarem
defesas para não sentirem aquilo que causa sofrimento ou desprazer, por medo da
dor.
Um comentário:
Gostaria de saber o autor do texto, para referência.
Muito bom.
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