quinta-feira, 21 de novembro de 2019

A Índia é uma terra de inspirações

Maurício Andrés Ribeiro
A Índia exerceu a hospitalidade para com a diversidade de povos que se estabelecerem em seu fértil território.


A Índia tem um território, uma mente e alma férteis. O subcontinente indiano faz parte da Ásia,  que tem 1/3 das terras e 3/5 da população mundial, sendo composto por 49 países. Na Ásia há civilizações milenares que sofreram colonização e nas quais se mesclam tradição e modernidade.
Enquanto a civilização egípcia, a grega e outras tiveram sua ascensão, apogeu e declínio, tendo se extinguido, a  Índia tem 4.000 anos de civilização contínua (a única outra tão longeva é a civilização chinesa).
No século 20 a Índia se tornou independente em 1947 depois de um processo de luta admirável  liderado pelo Mahatma Gandhi, em que quase não houve derramamento de sangue.
No início do século XXI a Índia tem 1.350 bilhões de habitantes, ou seja, 17 % da população mundial. Dentro de poucos anos ultrapassará a China e se tornará o país mais populoso do mundo. Sua população dobrou em 40 anos e hoje é 30% urbana. O restante vive em mais de 600 mil aldeias.  A agricultura gera  28 % do PIB e responde por 67 %  do emprego.
Mais de 600 mil aldeias abrigam cerca de 1 bilhão de habitantes.
É a maior democracia do mundo. Há diversidade religiosa, com 80% de hindus, 13% de muçulmanos, 2,5% de cristãos, além de sikhs, budistas, jains, parsis,  e outras tradições.
A diversidade de tradições espirituais é um dos aspectos da diversidade indiana.
 
Há diversidade linguística, com 17 línguas e centenas de dialetos.  Ali se usam 9 das 23 línguas mais faladas no mundo: hindi, marathi, urdu,  telugu, tamil, bengali,  francês, português, inglês. 125 milhões falam inglês. É comum ser poliglota.
Muitas vezes invadida, a Índia nunca foi expansionista nem se ocupou em conquistar outros povos ou territórios. No fértil vale do Ganges e no subcontinente indiano parecia haver espaço para todos.  O poeta de prêmio Nobel Rabindranath Tagore observou que “A missão da Índia foi como a da anfitriã que tem que prover acomodações apropriadas para numerosos hóspedes, cujos hábitos e necessidades são diferentes uns dos outros. Isso causa complexidades infinitas, cuja solução depende não meramente de tato, mas de simpatia e de um verdadeiro entendimento da unidade do homem.”
Com essa história e essa geografia, o subcontinente indiano gerou um povo tolerante, paciente, cuja riqueza  não é apenas material, financeira, econômica, ou o seu patrimônio natural,  mas principalmente seu patrimônio social, espiritual e cultural, intangível e imaterial. Seu conceito de não-violência ou ahimsa se estende ao mundo animal e à natureza e foi aplicado na luta pela independência. Suas lutas políticas recorreram a esse tesouro imaterial de visões sobre o mundo e a independência se faz sem grande violência.
Na sua experimentação na relação com a natureza, produziu uma sociedade frugal, capaz de se sustentar com o mínimo de recursos materiais e com forte inteligência espiritual. A pegada ecológica indiana per capita é muito baixa e isso se deve em parte a tais práticas cotidianas que dispensam o uso de recursos materiais em hábitos tais como sentar-se, alimentar-se, na organização do território em centenas de milhares de pequenas aldeias que se abastecem nas vizinhanças com água, alimentos e energia e materiais, nas práticas comunitárias e cozinhas coletivas nos ashrams.

 

 



 

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