quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Ação responsável na pandemia



 
“A responsabilidade de todos é o único caminho para a sobrevivência humana.”  Dalai Lama

Maurício Andrés Ribeiro

 Uma atitude responsável durante a pandemia faz grande diferença na propagação da doença. Ao se manter distanciamento físico,  evitar aglomerações, higienizar as mãos ou usar máscaras, protege-se a própria saúde e a saúde dos outros.

Não se nasce responsável, aprende-se a ser responsável. Há vários estágios de desenvolvimento humano. Uma criança pequena não sabe avaliar com clareza as consequências de seus atos. Não tem a noção do risco que corre. Em situações  de perigo, seus pais ou responsáveis têm deveres de cuidar para que ela não se machuque ao agir de modo imprudente.

Um adolescente impetuoso age temerariamente e se arrisca a sofrer danos. Um delinquente juvenil pratica conscientemente crimes com consequências graves, mas não pode ser legalmente responsabilizado por seus atos. Pessoas adultas são legalmente responsáveis e podem pagar por seus erros.  

Na pandemia de 2020 houve uma aprendizagem relativamente rápida e intensa. O grau de conhecimento sobre a doença aumentou ao longo dos meses, o que trouxe novas responsabilidades. Muita coisa era desconhecida sobre o vírus. Houve insegurança, perplexidade e desorientação. Alguns governos decretaram lockdowns gerais, outros deixaram livres as opções para os cidadãos. Alguns informaram bem a população, outros  negaram os fatos. Descobertas e novos conhecimentos surgiram a cada dia. Consciência e conhecimento trazem responsabilidade. Inconsciência e ignorância se associam a  ações irresponsáveis. Assumir a  responsabilidade  por pensamentos, palavras e ações é sinal de maturidade pessoal e coletiva.

A ciência trabalha com experimentação, num processo de aproximações sucessivas à verdade. Na inexistência de um conhecimento abrangente, a ciência foi negada. Quem tinha insegurança se socorreu nas supostas verdades imutáveis das religiões. A vontade divina foi invocada como a causa da pandemia. Umberto Eco observou que “Justificar tragédias como "vontade divina" tira da gente a responsabilidade por nossas escolhas.”  Umberto Eco tem razão caso Deus seja colocado acima de todos, no alto. Entretanto há outras maneiras de definir onde colocá-lo. Na tradição dos vedas, escrituras sagradas hindus, Deus não está apenas acima, fora dos seres vivos, mas está dentro de cada um. A saudação indiana do “Namasté” significa que “o Deus que habita em mim saúda o Deus que habita em você”. Para além das aparências do corpo, da mente, das emoções e sentimentos, haveria uma alma ou espírito, essência divina nos seres vivos humanos.

No mundo atual, grande parte da espécie humana, movida pela ignorância ou  por desejos do ego, age como um delinquente juvenil, praticando atos danosos sem assumir  as consequências e o sofrimento que causa  a si mesmo, a terceiros e ao ambiente. Isso se aplica às pessoas físicas e especialmente  às  pessoas jurídicas, empresas que  se comportam como sociopatas e não assumem  suas responsabilidades sociais e ambientais.

Ao evoluir, nossa espécie pode  superar a fase da busca pelos interesses vitais e de satisfação dos desejos do ego. Pode entender seus propósitos. Cada um pode descobrir o sentido de sua vida e se mover  por uma relação amadurecida com os demais e com o meio ambiente. Pode assumir a missão de cogerir conscientemente a evolução.  Nossa espécie tem capacidade de restaurar paisagens, de facilitar a regeneração do ambiente e de criar novos ambientes. Restaurar ecossistemas em grande escala é uma meta favorável à saúde ambiental.

Quando evoluir, cada indivíduo e sociedade pode lidar de modo responsável com as doenças existentes e  aprender a se comportar em simbiose com a natureza e com os animais. Desse modo, pode prevenir a ocorrência de outras pandemias e de outros tipos de eventos críticos que se anunciam no horizonte.

 

 

 

 

 

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