Guignard foi o primeiro grande mestre de Maria Helena, marcando a sua trajetória durante mais de 80 anos de arte.
Guignard e as alunas da primeira turma: Amarilis Coelho, Maria Helena Andrés e Edith Bhering, 1944
Na exposição Conversas entre coleções, na Casa Roberto Marinho, no Rio de
Janeiro, uma paisagem com balões de Guignard está colocada ao lado de um quadro
construtivo de balões flutuando no ar, de sua ex-aluna Maria Helena, mostrando
o diálogo entre as coleções de Roberto Marinho e de Márcia e Luiz
Chrysostomo.
Os dois artistas expressam uma visão lírica de
festas e balões presentes na infância, Guignard relembra as festas de São João e
Maria Helena as brincadeiras de crianças.
“Quando eu era menina, gostava de soltar
papagaios na rua. Era um prazer vê-los subir, ganharem os céus, seguirem o
vento, sustentarem-se no ar. Fazíamos nós mesmos os papagaios de papel de seda
e a disputa entre os amigos era de ver quem chegava mais longe, mais perto do
céu.”
Alberto da Veiga
Guignard, Noite de São João, óleo
s/madeira, 1961 e Maria Helena Andrés, Pipas,
óleo s/tela, 1955.
Na exposição A paixão segundo Guignard, realizada no Palácio das Artes em Belo
Horizonte, com curadoria de Paulo Schmidt e Claudia Renault, Maria Helena está
presente com algumas obras de suas diversas fases, destacando-se as obras de
sua coleção e das coleções de seus familiares.
Da fase
figurativa está sendo apresentado um desenho de grafite sobre papel e duas
pinturas em óleo sobre madeira e óleo
sobre cartão.
Maria Helena desenha com a precisão do lápis
duro o seu autorretrato, seguindo os ensinamentos de Guignard que exigia a
observação cuidadosa da figura humana, assim como faziam os artistas
renascentistas.
Autorretrato, grafite s/papel, 1945
Uma das pinturas figurativas é a paisagem
urbana de Belo Horizonte sobre a qual ela escreveu:
“É uma lembrança do meu quarto de solteira. Da
minha janela eu registrei nesse quadro a paisagem que eu via em minha frente, a
cidade de Belo Horizonte. Naquela época não existiam prédios altos em Belo Horizonte.
Vejo no quadro uma parte do Colégio Sagrado Coração de Jesus, telhados e mais
telhados, o Colégio Padre Machado, muitas árvores e o céu de Minas se
estendendo sobre as casas.”
Paisagem de Belo Horizonte, óleo s/madeira, 1944
Ateliê da Escola Guignard, óleo sobre cartão, 1947
Mãe e filho, óleo sobre tela, 1953.
Também está apresentada, nesta exposição, a
pintura O Guardião das Montanhas, de sua fase abstrata, no qual a presença
humana é pequena diante da grandiosidade das montanhas e dos céus. Este quadro foi pintado em 1976, no mesmo ano
em que Carlos Drummond de Andrade escreveu o seu famoso poema Triste Horizonte, em que denunciava a
destruição das montanhas de Minas. O recurso de colocar os seres humanos e as
pequenas cidades minúsculas diante dos grandes espaços naturais foi usado na
pintura chinesa e também por Guignard nas suas paisagens imaginárias pintadas
em Minas Gerais, como aquela que está exposta na Casa Roberto Marinho.
O guardião das montanhas, acríl. s. tela, 1976
O diálogo de Maria Helena Andrés com seu
mestre Alberto da Veiga Guignard, que começou na década de 1940, continua até
hoje presente nas paisagens imaginárias dos dois artistas que são apaixonados
por Minas Gerais.
Marília e Maurício Andrés Ribeiro
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