Aula de yoga - Escola do Sri Aurobindo Ashram em Delhi |
Sri Aurobindo Ashram, Delhi. |
Maurício Andrés Ribeiro
A yoga integral de Sri Aurobindo considera a totalidade do ser humano
- corpo, mente, emoções, sentimentos, alma e espírito.
A abordagem da Yoga
integral é precursora da ecologia
integral. Sem usar o
termo Ecologia, que tinha sido cunhado no século XIX e ainda não era de uso
disseminado, Sri Aurobindo expressava um pensamento ecológico.
As ecologias se ramificaram em vários campos, relacionados com a biologia e a
vida natural, com a sociedade – as ecologias sociais, política, cultural,
humana – e com a ecologia do ser, a ecologia interior, a ecologia pessoal, a
ecologia profunda. Esses campos se referem a questões internas, psíquicas,
subjetivas. Sri Aurobindo chama a atenção para a importância do
autoconhecimento – algo que já se valorizava no oráculo de Delfos na Grécia
antiga, e na tradição dos vedas hindus. O texto
O advento da era subjetiva, que integra o livro O Ciclo Humano, foi escrito no início do
século XX, quando a psicologia ocidental já tinha dado seus primeiros passos
com Freud, Jung etc. e num contexto em que a colonização da Ásia, da
África e das Américas pelos europeus
impunha um modo de ver o mundo e subjugava os valores e cosmovisões locais. Uma
renascença na India se iniciava naquele momento ( ver o vídeo The Genius of
India, com texto de Sri Aurobindo) e algumas décadas depois também as
cosmovisões andinas do Bem Viver passaram a ser reconhecidas.
A ecologia interior, a ecologia
profunda, a ecologia do ser são campos da ecologia integral que se relacionam
com a perspectiva de uma era subjetiva em que há maior autoconhecimento e
evolução interna a cada ser. Essa perspectiva foi vislumbrada por Pierre
Dansereau, Pierre Weil, Teilhard de Chardin e pela abordagem integral de Ken Wilber,
desenvolvidas muito depois.
Sri Aurobindo observou que o
desenvolvimento das emoções é condição primordial para a evolução interior, espiritual, subjetiva,
psíquica, um imperativo para que o ser
humano evolua. Sua visão da consciência
humana integral recorre à psicologia yogue, que vai muito além das
concepções ocidentais de psicologia e abarca o espectro amplo da consciência,
com o sub consciente e o inconsciente e com faixas supra conscientes.
Sri Aurobindo fala da
importância da mudança no meio ambiente interno. “Esta raça errante de seres
humanos sonha sempre em aperfeiçoar seu meio ambiente por intermédio dos
mecanismos do governo e da sociedade, mas é somente pela perfeição da alma
interna que o ambiente externo pode ser aperfeiçoado. Aquilo que tu sejas
dentro, o que esteja fora de ti desfrutará; nenhum mecanismo pode te salvar da
lei do teu ser.” (Sri Aurobindo, vol.17- pg.
117.)
Sri Aurobindo impulsiona
à transcendência e superação. Ele
considera o ser humano como algo ainda não acabado, um ser em transição, em
evolução. Assim, chama a atenção para o
virtual, o ainda não acontecido, aquilo que ainda não existe, mas que se
encontra latente como uma semente para o futuro próximo ou distante. Ele
estimula a olhar sempre para além,
para desenvolver as potencialidades humanas ainda não manifestadas ou
reveladas.
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