terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Yoga integral e ecologia integral


Aula de yoga - Escola do Sri Aurobindo Ashram em Delhi


Sri Aurobindo Ashram, Delhi.
Maurício Andrés Ribeiro

A yoga integral de Sri Aurobindo considera a totalidade do ser humano - corpo, mente, emoções, sentimentos, alma e espírito.

A abordagem da Yoga integral é precursora da ecologia integral. Sem usar o termo Ecologia, que tinha sido cunhado no século XIX e ainda não era de uso disseminado, Sri Aurobindo expressava um pensamento ecológico. As ecologias se ramificaram em vários campos, relacionados com a biologia e a vida natural, com a sociedade – as ecologias sociais, política, cultural, humana – e com a ecologia do ser, a ecologia interior, a ecologia pessoal, a ecologia profunda. Esses campos se referem a questões internas, psíquicas, subjetivas. Sri Aurobindo chama a atenção para a importância do autoconhecimento – algo que já se valorizava no oráculo de Delfos na Grécia antiga, e na tradição dos vedas hindus. O texto  O advento da era subjetiva,  que integra o livro  O Ciclo Humano, foi escrito no início do século XX, quando a psicologia ocidental já tinha dado seus primeiros passos com Freud, Jung etc. e num contexto em que a colonização da Ásia, da África  e das Américas pelos europeus impunha um modo de ver o mundo e subjugava os valores e cosmovisões locais. Uma renascença na India se iniciava naquele momento ( ver o vídeo The Genius of India, com texto de Sri Aurobindo) e algumas décadas depois também as cosmovisões andinas do Bem Viver passaram a ser reconhecidas. 

A ecologia interior, a ecologia profunda, a ecologia do ser são campos da ecologia integral que se relacionam com a perspectiva de uma era subjetiva em que há maior autoconhecimento e evolução interna a cada ser. Essa perspectiva foi vislumbrada por Pierre Dansereau, Pierre Weil, Teilhard de Chardin e pela abordagem integral de Ken Wilber, desenvolvidas muito depois.

Sri Aurobindo observou que  o desenvolvimento das emoções é condição primordial para a  evolução interior, espiritual, subjetiva, psíquica,  um imperativo para que o ser humano evolua. Sua visão da consciência humana integral recorre à psicologia yogue, que vai muito além das concepções ocidentais de psicologia e abarca o espectro amplo da consciência, com o sub consciente e o inconsciente e com faixas supra conscientes.

Sri Aurobindo fala da importância da mudança no meio ambiente interno. “Esta raça errante de seres humanos sonha sempre em aperfeiçoar seu meio ambiente por intermédio dos mecanismos do governo e da sociedade, mas é somente pela perfeição da alma interna que o ambiente externo pode ser aperfeiçoado. Aquilo que tu sejas dentro, o que esteja fora de ti desfrutará; nenhum mecanismo pode te salvar da lei do teu ser.” (Sri Aurobindo, vol.17- pg.  117.)

Sri Aurobindo impulsiona à transcendência e superação. Ele considera o ser humano como algo ainda não acabado, um ser em transição, em evolução. Assim,  chama a atenção para o virtual, o ainda não acontecido, aquilo que ainda não existe, mas que se encontra latente como uma semente para o futuro próximo ou distante. Ele estimula a olhar sempre para além, para desenvolver as potencialidades humanas ainda não manifestadas ou reveladas. 

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