Maurício Andrés Ribeiro
Os cinco grandes oceanos são um só,
interligado por correntes marítimas que no passado foram usadas pelos
navegadores ao viajarem pelos mares. 96,5% de toda a água existente na Terra é
salgada e se encontra no oceano. O sal existente nos oceanos resulta de milhões
de anos em que os rios transportaram para
os mares os sais existentes nas rochas.
A água tem a capacidade de reter calor e de
liberá-lo para a atmosfera, e o clima é afetado pelo comportamento dos oceanos.
Os oceanos são crescentemente compreendidos como reguladores térmicos do
planeta.
A água evaporada dos oceanos forma as nuvens que, trazidas pelos
ventos, chovem nos continentes - as monções na Índia, os rios voadores na Amazônia.
Com o aquecimento ela se evapora em maior quantidade e formam-se os
furacões e tempestades. Ao
evaporar, as águas se dessalinizam e o sol é portanto, um grande dessalinizador
natural de água do mar.
Com o degelo nos polos, a quantidade de água liquida aumenta e eleva-se o nível dos mares. Se as correntes marítimas se alteram existe a possibilidade de se cortar a corrente do Golfo, o que poderá levar à Europa uma nova era do gelo.
Como grande parte da população humana se
localiza em zonas costeiras, são expressivos os impactos sociais e econômicos
da elevação do nível dos mares. As cidades costeiras tornam-se vulneráveis e
exigem medidas de adaptação. Aumenta a intrusão da cunha salina, ou seja, águas salgadas e salobras se misturam
nas águas doces, e isso afeta os sistemas de abastecimento em cidades
costeiras.
O fenômeno do El Nino, com a elevação da
temperatura do Pacífico, provoca
alterações climáticas em várias partes do mundo e especialmente na América do Sul.
No Brasil, aumentam chuvas no Sul, reduzem-se chuvas no nordeste, nos anos de El
Nino. Inversamente, o fenômeno La Nina resfria o Pacífico e influencia o clima
na América do Sul e no Brasil, onde aumentam as
chuvas no norte e nordeste e aumentam as secas no sul.
Os mares e oceanos recebem das águas doces superficiais dos rios. Quando
não são devida e previamente saneadas, elas carreiam para os mares resíduos em grandes quantidades gerando ilhas de lixo como aquelas que se
formaram no oceano Pacífico. Os oceanos
tem sido crescentemente poluídos com plásticos e com o derramamento de óleo no mar em
acidentes e desastres, bem como com o despejo de esgoto que afeta a
balneabilidade das praias.
Os oceanos também são atingidos por desastres ecológicos, como o
rompimento de uma barragem em Mariana em
2018, que poluiu todo o rio Doce e chegou ao Oceano Atlântico. A construção de represas ao longo dos rios
retém sedimentos e altera a vida a jusante e nos mares.
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14, das Nações Unidas, trata da vida aquática e propõe conservar e utilizar de forma
sustentável os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento
sustentável.
A Agenda 21, produto da Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro
em 1992 dedica seu capitulo 17 à proteção dos oceanos, de todos os tipos de
mares -- inclusive mares fechados e semifechados -- e das zonas costeiras, e
proteção, uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos.
James Lovelock, autor da Teoria de Gaia, observa que “durante bilhões de anos, os oceanos forneceram (e continuam a fornecer) um meio muito mais estável para o desenvolvimento da vida do que as superfícies terrestres. Os oceanos não estão sujeitos a amplas flutuações de temperatura: os nutrientes tendem a ficar mais uniformemente dispersos (embora as concentrações variem com a mistura física e a atividade dos plânctons); além disso, como é um meio mais denso do que o ar, fornece flutuabilidade e apoio para organismos simples, que carecem de estrutura rígida.” (Gaia - Pág. 104.)
Para restaurar oceanos limpos e saudáveis há uma
pauta prioritária que inclui combater as fontes de degradação marinha, desde
aquelas distantes - como por exemplo barragens de minério nas montanhas - lixo,
esgoto urbano, até o derramamento por navios, do óleo que polui as praias. Filtrar, gradear, coletar os resíduos com redes antes que
cheguem ao mar e de preferência em sua origem são modos de gerenciar a questão
do lixo e de limpar os oceanos. Para proteger as
áreas costeiras e estuarinas dos efeitos das mudanças climáticas são necessárias ações para conter a progradação das praias, e a
intrusão de cunhas salinas nas águas
que abastecem cidades costeiras.
A Conferência dos Oceanos das Nações Unidas,
realizada em Lisboa em 2022 propõe salvar os oceanos e proteger o futuro. Oceanários
como o de Lisboa ou o de Monterrey na California são locais de divulgação de
conhecimentos sobre os oceanos e sobre a necessidade de sua proteção.
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