segunda-feira, 9 de junho de 2025

PEGADA HÍDRICA

 


 

A pegada hídrica se refere à quantidade de água gasta na produção e consumo de bens e serviços. Wikipedia

 

Para medir a sustentabilidade, criaram-se vários indicadores tais como a pegada ecológica, a pegada de carbono e a pegada hídrica. Esses indicadores ajudam a entender como os recursos naturais são afetados pela produção e pelo consumo humanos e qual a pressão que exercemos tais recursos. A pegada ecológica mede o quanto de área cultivável é necessária para sustentar o estilo de vida de uma pessoa, uma cidade ou um país. A pegada de carbono mede o quanto de carbono está embutido no modo de vida de um cidadão ou de um país. A pegada hídrica  mede o volume de água doce usado na cadeia de produção de um bem de consumo.

Há a pegada hídrica azul (correspondente às águas superficiais e subterrâneas que são usadas), a pegada hídrica verde (que corresponde à água de chuva) e a pegada hídrica cinza (que corresponde à contaminação causada nos rios pelo despejo de efluentes). As pegadas hídricas tornam visíveis os riscos para os negócios que dependem de água e ajudam na conscientização das pessoas sobre o quanto de água se encontra embarcada ou embutida dentro dos produtos que consomem. Se a pegada hídrica de algum produto não for sustentável, aumentam os riscos de ele tornar-se inviável ou muito caro no futuro.

Vários sites na internet disponibilizam testes para calcular a pegada hídrica que pode ser feito respondendo a um questionário sobre hábitos e modo de vida, que informa sobre o consumo direto e o consumo indireto, em litros por dia.  O consumo direto é aquele que se faz ao beber água, ao tomar banho, ao lavar o carro, cozinhar, lavar roupas e louças, escovar os dentes. Já o consumo indireto é aquele invisível, e que está escondido nos produtos consumidos.

A pegada hídrica pode ser calculada para uma pessoa, um produto, uma cidade ou um país. A rede da pegada hídrica elaborou um manual com definições e formas de medi-la. O  cálculo da pegada hídrica individual leva em conta o consumo de alimentos em kg. Avalia o uso doméstico nos banhos, quantos são e qual a sua duração média. Avalia o modelo de chuveiro. Pergunta quais são os hábitos ao escovar os dentes, fazer a barba ou lavar a mão. Indaga sobre quantas são as lavagens de roupa, de louça e quanto tempo ela corre durante cada lavagem.  Também se avaliam os hábitos ao ar livre de lavar um carro, regar o jardim, lavagem de equipamentos ou calçadas, se a casa tem piscina etc.  O resultado da soma dos pontos indica a pegada hídrica individual.

O teste aponta para a necessidade de se promoverem mudanças nas regras econômicas, no design urbano e da habitação e em decisões coletivas, com o objetivo de tornar mais leve a pegada hídrica. Assim, por exemplo, podem-se criar desincentivos que apliquem sanções em quem tem uma pesada pegada hídrica e que estimulem com incentivos aqueles que vivem com mais leveza.

O teste da pegada hídrica suscita questões: Como tornar mais leve a pegada hídrica de uma pessoa ou de um país? Qual a redução de desperdícios que deve ser buscada? Qual a mudança necessária de hábitos, atitudes e comportamentos deve-se adotar?  Para se atender à mesma necessidade humana, existem outros modos que utilizem menos água? Quais as renúncias voluntárias ao excesso de consumo que devem ser induzidas? O que se pode fazer para reduzir as demandas excessivas? Por meio do sistema de preços, encarecendo aquelas que consomem mais? Retirando os subsídios aos usos não essenciais?  Cobrando os preços integrais e contabilizando os custos integrais de cada produto ou serviço?  Como reduzir a demanda indireta, aquela que está embutida nos processos de produção de alimentos e outros produtos? 

Um dos caminhos possíveis para tornar mais leve a pegada hídrica é reduzindo as demandas. Há várias maneiras de fazê-lo. A adoção de tecnologias hidroeficientes e a troca de equipamentos ineficientes por outros mais eficazes no consumo (torneiras, chuveiros, descargas etc.) reduzem a demanda doméstica sem afetar os hábitos de vida.



Na Califórnia há estímulos econômicos para se utilizar instalações, vasos, pias, chuveiros, hidroeficientes, que consomem menos água.

A agricultura é o grande consumidor de água. A produção agrícola pode ser gerenciada em função das quantidades que demanda. No rio Banabuiú no Ceará, houve um experimento, o projeto Águas do Vale. Propunha-se mudar a produção agrícola, de culturas sedentas e que demandam muita água, para produtos agrícolas que poderiam ser produzidos com menor quantidade.

Consumir com responsabilidade hídrica deve ser um imperativo porque o consumo insustentável usurpa o direito à água de milhões de seres humanos. Ao usarmos mais do que a capacidade de suporte local, é como se estivéssemos sacando no cheque especial.  Não se pode sacar indefinidamente mais do que se repõe.

A redução do consumismo é uma boa maneira de reduzir a demanda. Isso implica atuar sobre fatores psicológicos e subjetivos e sobre os desejos; a dimensão psicossocial da questão entra em cena. Mudanças nas dietas alimentares e em outros hábitos de consumo também podem tornar mais leve a pegada hídrica.  

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