A pegada hídrica se refere à quantidade
de água gasta na produção e consumo de bens e serviços. Wikipedia
Para medir a sustentabilidade, criaram-se vários indicadores
tais como a pegada ecológica, a pegada de carbono e a pegada hídrica. Esses
indicadores ajudam a entender como os recursos naturais são afetados pela
produção e pelo consumo humanos e qual a pressão que exercemos tais recursos. A
pegada ecológica mede o quanto de área cultivável é necessária para sustentar o
estilo de vida de uma pessoa, uma cidade ou um país. A pegada de carbono mede o
quanto de carbono está embutido no modo de vida de um cidadão ou de um país. A pegada
hídrica mede o volume de água doce usado na cadeia de
produção de um bem de consumo.
Há a pegada hídrica azul (correspondente às águas
superficiais e subterrâneas que são usadas), a pegada hídrica verde (que
corresponde à água de chuva) e a pegada hídrica cinza (que corresponde à
contaminação causada nos rios pelo despejo de efluentes). As pegadas hídricas
tornam visíveis os riscos para os negócios que dependem de água e ajudam na
conscientização das pessoas sobre o quanto de água se encontra embarcada ou
embutida dentro dos produtos que consomem. Se a pegada hídrica de algum produto
não for sustentável, aumentam os riscos de ele tornar-se inviável ou muito caro
no futuro.
Vários sites na internet disponibilizam testes para calcular a pegada hídrica que pode ser feito respondendo a um questionário sobre
hábitos e modo de vida, que informa sobre o consumo direto e o consumo
indireto, em litros por dia. O consumo
direto é aquele que se faz ao beber água, ao tomar banho, ao lavar o carro, cozinhar, lavar
roupas e louças, escovar os dentes. Já o
consumo indireto é aquele invisível, e que está escondido nos produtos
consumidos.
A pegada hídrica pode ser calculada para uma
pessoa, um produto, uma cidade ou um país. A rede da pegada hídrica elaborou um manual
com definições e formas de medi-la. O
cálculo da pegada hídrica individual leva
em conta o consumo de alimentos em kg. Avalia o uso doméstico nos banhos,
quantos são e qual a sua duração média. Avalia o modelo de chuveiro. Pergunta
quais são os hábitos ao escovar os dentes, fazer a barba ou lavar a mão. Indaga
sobre quantas são as lavagens de roupa, de louça e quanto tempo ela corre
durante cada lavagem. Também se avaliam
os hábitos ao ar livre de lavar um carro, regar o jardim, lavagem de equipamentos
ou calçadas, se a casa tem piscina etc.
O resultado da soma dos pontos indica a pegada hídrica individual.
O teste aponta para a necessidade de se promoverem mudanças
nas regras econômicas, no design urbano e da habitação e em decisões coletivas,
com o objetivo de tornar mais leve a pegada hídrica. Assim, por exemplo,
podem-se criar desincentivos que apliquem sanções em quem tem uma pesada pegada
hídrica e que estimulem com incentivos aqueles que vivem com mais leveza.
O teste da pegada hídrica suscita questões: Como tornar mais
leve a pegada hídrica de uma pessoa ou de um país? Qual a redução de
desperdícios que deve ser buscada? Qual a mudança necessária de hábitos,
atitudes e comportamentos deve-se adotar? Para se atender à mesma necessidade humana,
existem outros modos que utilizem menos água? Quais as renúncias
voluntárias ao excesso de consumo que devem ser induzidas? O que se pode fazer
para reduzir as demandas excessivas? Por meio do sistema de preços, encarecendo
aquelas que consomem mais? Retirando os subsídios aos usos não essenciais? Cobrando os preços integrais e contabilizando
os custos integrais de cada produto ou serviço?
Como reduzir a demanda indireta, aquela que está embutida nos
processos de produção de alimentos e outros produtos?
Um dos caminhos possíveis para tornar mais leve a pegada hídrica é
reduzindo as demandas. Há várias maneiras de fazê-lo. A adoção de
tecnologias hidroeficientes e a troca de equipamentos ineficientes por outros
mais eficazes no consumo (torneiras, chuveiros, descargas etc.) reduzem a
demanda doméstica sem afetar os hábitos de vida.
Na Califórnia há estímulos econômicos para se utilizar instalações,
vasos, pias, chuveiros, hidroeficientes, que consomem menos água.
A agricultura é o grande consumidor de água. A produção
agrícola pode ser gerenciada em função das quantidades que demanda. No rio
Banabuiú no Ceará, houve um experimento, o projeto Águas do Vale. Propunha-se
mudar a produção agrícola, de culturas sedentas e que demandam muita água, para
produtos agrícolas que poderiam ser produzidos com menor quantidade.
Consumir com responsabilidade hídrica deve ser um imperativo
porque o consumo insustentável usurpa o direito à água de milhões de seres
humanos. Ao usarmos mais do que a capacidade de suporte local, é como se
estivéssemos sacando no cheque especial.
Não se pode sacar indefinidamente mais do que se repõe.
A redução do consumismo é uma boa maneira de reduzir a
demanda. Isso implica atuar sobre fatores psicológicos e subjetivos e sobre os
desejos; a dimensão psicossocial da questão entra em cena. Mudanças nas dietas
alimentares e em outros hábitos de consumo também podem tornar mais leve a
pegada hídrica.
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