Caminhando às margens do lago Paranoá, em Brasília, recebo o vento úmido no rosto e ouço o barulho das pequenas ondas na superfície das águas. Situada no Planalto central brasileiro, a 1000 metros de altitude, Brasília tem muitos meses secos por ano.
O que seria de Brasília sem o lago Paranoá?
O lago tem importante função
paisagística e em torno dele se planejou o plano piloto, os bairros
residenciais e se organizaram várias atividades urbanas. Há algumas décadas ele
foi poluído por esgotos urbanos não tratados; construíram-se, então, estações
de tratamento de esgotos. As faixas de terra em suas margens foram invadidas e
ocupadas por proprietários de terrenos vizinhos e foi politicamente difícil
desprivatizar áreas ocupadas por moradores poderosos. O Lago do Paranoá foi inicialmente construído para o abastecimento
urbano e para a geração de energia elétrica. Tornou-se elemento central da
paisagem de Brasília. O assoreamento em suas extremidades reduziu sua
superfície. Nos 40 anos desde sua
construção, mais de 2 km2 de superfície da água foram perdidos e milhares de
metros cúbicos de água foram reduzidos de seu volume total, devido aos
sedimentos trazidos pelas enxurradas. A lagoa do palácio Jaburu, da
vice-presidência, perdeu sua capacidade de renovação natural e passou a ser
abastecida por meio do bombeamento de água. São rebaixados os lençóis
subterrâneos, sugados de forma descontrolada pelos poços artesianos. As águas
de superfície e as águas subterrâneas, partes de sistemas de vasos comunicantes
integrados.
O lago serve para o turismo e o
lazer, muitos clubes recreativos se localizam em suas margens. Ele tem a função
vital de umidificar o ar, que fica muito seco durante as estiagens. O perímetro de Brasília tombado como patrimônio da humanidade pela
UNESCO chega a sua orla. O Paranoá
cumpre o papel de hidratação da atmosfera.
Figura - Lago Paranoá, Brasília.
Fonte: Wikipédia
O presidente Juscelino Kubitschek gostava de lagos e lagoas.
Quando foi prefeito de Belo Horizonte nos anos de 1940, ele construiu a lagoa
da Pampulha num bairro diferenciado na cidade e que transformou a dinâmica
urbana. Um terço da superfície dessa
lagoa já foi assoreada por sedimentos provenientes de sua bacia de drenagem.
Figura - Lagoa da Pampulha em Belo Horizonte – um terço de sua área foi
assoreada.
Fonte: Wikipédia
A urbanização no entorno das lagoas e os efluentes neles lançados
tornam críticos e vulneráveis esses ambientes urbanos. Entre os lagos e lagoas
associados a concentrações urbanas no Brasil encontram-se o Complexo Estuarino
Lagunar Mundaú-Manguaba em Alagoas.
Figura - Lagoa de Mundaú, Maceió, AL.
Fonte:
Wikipedia
No Rio de
Janeiro, as lagoas de Jacarepaguá e a lagoa
Rodrigo de Freitas. Em Niterói, as Lagoas de Piratininga e Itaipu; na Região
dos Lagos (RJ), as lagoas de Maricá, Guaratiba, Cardiri, Guarapina, Jaconé,
Saquarema e Araruama; a Lagoa Feia e o complexo lagunar da restinga de
Quissamã.
Em Santa
Catarina, o Sistema lagunar Santo
Antônio-Mirim-Imaruí e a conhecida Lagoa da Conceição. No Rio Grande do Sul, o Sistema Lagunar Patos-Mirim-Mangueira. Há,
ainda, reservatórios construídos para o abastecimento urbano, como o de Vargem
das Flores, em Belo Horizonte, os da Billings e Guarapiranga em São Paulo.
Todos esses lagos e lagoas urbanas sofrem com maior ou menor
intensidade os efeitos da ocupação do solo no seu entorno e merecem cuidados
especiais para sua proteção e a manutenção da boa qualidade de suas águas.
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