segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Reúso da água



A  sustentabilidade se colocou como uma meta a partir do final do século XX.   Adotaram-se a partir de então  os 5 Rs: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar. Esses 5Rs se aplicaram no campo  das águas e um deles se traduziu nas tecnologias de reúso das águas.

O reúso é a reutilização de uma água que já serviu para outras finalidades, depois de devidamente tratada. O reuso reduz descarga de poluentes racionaliza  e conserva recursos hídricos para o abastecimento público. O reuso possibilita economizar água e cortar custos para empresas  e companhias de saneamento. Reduz a retirada de água da natureza para os processos industriais.

No Brasil, desde o início do século XXI  desenvolveram-se estudos. Um deles tratava sobre um Programa de reúso agrícola de efluentes tratados no Semiárido Brasileiro”.  Estudou-se a eficiência de uso de Água em Edifício Residencial e em edificações públicas, em municípios de pequeno porte. Este edital e o anterior, em conjunto, foram a iniciativa inicial da ANA com vistas ao desenvolvimento de um Programa de Reúso de Água. No Ceará criou-se um Centro de Treinamento, Demonstração e Desenvolvimento em Reúso Agrícola de Água . Estudou-se no Rio Grande do Sul a criação de  Estação de Tratamento do Lodo do Esgoto Doméstico e reúso de água na produção de mudas para reflorestamento. Em 2018 foi proposta uma Política de Reúso de Efluente Sanitário Tratado no Brasil. No Conselho Nacional de Recursos Hídricos  a resolução 54 de 2005 estabeleceu regras para o reúso direto não potável de água.

Em 11 de setembro de 2022 o programa Cidades&Soluções, do jornalista André Trigueiro, apresentou vários exemplos de reúso de água. Numa escola no Rio Grande do Norte implantaram-se sistemas para o tratamento de água usada e seu aproveitamento em irrigação em quintais. Numa lavanderia  de tapetes em São Paulo separam-se os poluentes e ela é novamente utilizada, proporcionando economia de água tratada.  No AquaPolo, empreendimento dedicado exclusivamente ao reuso, recebem-se as águas de esgoto, que são tratadas e depois fornecidas a industrias com a qualidade adequada para seus processos industriais.  Numa fazenda em São Paulo, o esterco do curral é lavado e reaproveitado nas plantações. Uma fábrica de pneus, grande consumidora de água, passou a usar água de reuso, mais confiável em seu fornecimento do que o uso de água de poços, que pode um dia faltar e  é  mais econômica do que a água fornecida pela concessionária. Naquele programa, ressaltou-se que muitas cidades, sem saber, estão sendo abastecidas com águas de reuso, pois usam como mananciais rios poluídos pelos esgotos de cidades situadas rio acima na mesma bacia hidrográfica  e cujas águas precisam ser tratadas e tornadas águas potáveis.

Em 2022  um grupo de trabalho sobre reuso no CNRH,  se debruça sobre a produção de uma norma nacional que regule o tema. Normas claras podem evitar a contaminação de solos com poluentes, o descarte inadequado do lodo de esgoto ou dos resíduos que decantam depois do tratamento da água. Os órgãos ambientais precisam  definir padrões de qualidade ambiental associados à água de reúso para produção agrícola e cultivo de florestas plantadas, de modo a evitar a contaminação de solos.

A Estratégia Global para a Administração da Qualidade das Águas, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e da Organização Mundial da Saúde propõe o reuso  planejado da água e define que, a não ser que haja grande disponibilidade, nenhuma água de boa qualidade deverá ser utilizada em atividades que tolerem águas de qualidade inferior. Essa diretriz internacional ajuda a impulsionar os programas de reúso da água.

 


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