domingo, 20 de dezembro de 2020

O amor incondicional chegou à consciência de cientistas

 


O grafiteiro pergunta. 

O designer redesenha a bandeira.


Maurício Andrés Ribeiro

Amorosidade é uma atitude necessária para lidar com a pandemia. Num ambiente de doença e morte, o amor dos pais, filhos, avós, netos, primos conforta e alivia dores e aflições. As vibrações e  energia amorosas emitidas por amigos e conhecidos fortalecem os ânimos e a psique dos pacientes e de seus familiares. Se a presença física não é permitida, a presença psíquica e emocional supera distâncias.

Estamos todos enfrentando a mesma tempestade, como terrícolas ou terráqueos, a nossa identidade original. Estamos  em barcos diferentes e nesse momento não há lugar para invejar quem está num barco melhor ou desprezar os que estão em botes mais vulneráveis. A imunidade de cada um é de interesse de todos.

Diante de tragédias e da morte, o amor se explicita, como observou Patrick Viveret:  “No momento dos ataques a Nova York, as pessoas, ao perceber que iam morrer, não telefonaram para seus banqueiros, a fim de se informar sobre a situação de suas contas, mas para os que lhes eram próximos, para lhes falar de seu amor. Diante da morte, o que verdadeiramente constitui valor é o eixo do amor e do sentido, as únicas paixões capazes de enfrentar o desenlace final.”

O amor em suas várias formas é a energia positiva mais forte para melhorar o mundo. As religiões o valorizam ( Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo). A  Organização Brahma Kumaris publica frases inspiradoras sobre virtudes e valores, entre eles o amor: "O amor é uma das qualidades originais da alma humana. Porém, se misturou tanto com apego, possessividade e dependência, que tais hábitos profundamente arraigados foram sendo aceitos como normais. Como resultado, o ser humano tem dificuldade de perceber a verdadeira forma de amor puro, que é incondicional. A qualidade do amor significa: eu me importo, eu compartilho e, em especial, eu liberto. O verdadeiro amor espiritual nunca gera dependência onde os outros não podem ser eles mesmos."

Poetas o declamam. Luiz de Camões: Eu cantarei de amor tão docemente, Por uns termos em si tão concertados, Que dois mil acidentes namorados Faça sentir ao peito que não sente.”

Os artistas  se manifesam: o grafiteiro pergunta onde ele se encontra e o designer o insere na bandeira.

Filósofos reconhecem sua importância: Bertrand Russell  afirmou que o amor é sábio e o ódio é tolo. Edgar Morin fala da força do amor, de Eros, diante do Tanatos, da morte. Goethe observou que “A inveja e o ódio, mesmo se acompanhados pela inteligência, limitam o indivíduo à superfície daquilo que constitui o objeto da sua atenção. Mas, se a inteligência se irmana com a benevolência e com o amor, consegue penetrar em tudo o que nos homens e no mundo há de profundo.” Sri Aurobindo  escreveu que “É o dharma de todo homem ser livre na alma, levado a servir não por compulsão, mas pelo amor; ser igual em espírito, encontrando seu lugar na sociedade pela sua capacidade para servi-la; ser em relações harmônicas com seus irmãos humanos, ligado a eles por amor e serviço, não por laços de servidão ou relações de explorador e explorado.“ Sri Aurobindo também ressaltou a importância do amor para a comunicação não violenta e o mau uso da liberdade de expressão, um dos males que acontecem na sociedade moderna: "Somente o amor pode evitar o mau uso da liberdade."

 Yuval Harari, autor de Sapiens e de Homo Deus: estende a importância do amor à vida animal para evitar novas pandemias: “Bilhões de animais domesticados, como vacas e galinhas, são tratados pela indústria de carne, laticínios e ovos como máquinas, não como criaturas vivas capazes de sentir dor e angústia. E a ciência demonstra-nos que vacas e galinhas vivenciam um mundo complexo de emoções e sensações. Elas são capazes de sentir dor, medo e ansiedade, além de alegria, tranquilidade e amor. Ainda assim, os humanos ignoram completamente o seu sofrimento. "

Finalmente a importância do amor é reconhecida no âmbito da  ciência. Antonio Nobre ressalta a importância do amor incondicional e da colaboração para a evolução da vida e da renúncia ao egoísmo para evitar o crescimento canceroso de células que trazem a morte aos seres vivos que integram o organismo maior de Gaia, nosso planeta vivo.

Muito já se pensou e falou sobre o amor. Colocá-lo em  prática na vida cotidiana e nos tempos da pandemia é um exercício que alivia dores e sofrimentos.

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